O Centro tenta um caminho para 2022

In Artigo On
- Updated
Caio Bruno

Caio Bruno*

Uma das mostras de que o Brasil é um país que precisa acertar as contas com o passado é que em todo dia 31 de março, aniversário do golpe civil-militar de 1964, cria-se um clima de certa apreensão entre a classe política e setores da sociedade sobre qual vai ser o comportamento das Forças Armadas perante a data. Se vão celebrar, rememorar, silenciar ou fazer um mea culpa.

Esse sentimento se tornou maior e com mais destaque a partir de 2019 com Jair Bolsonaro, ex-capitão do Exército e defensor do Regime Militar alocado na cadeira de presidente da República. De lá para cá, foram três anos de celebração por parte de integrantes do governo.

Neste pandêmico ano de 2021 a temperatura subiu ainda mais devido às trocas efetuadas por Bolsonaro no Ministério da Defesa e no comando das Forças Armadas em plenas vésperas do 31 de março. Fato inédito desde a redemocratização e que gerou a velha ansiedade e temor por algum caminho fora da Constituição. Aproveitando-se do momento, os governadores tucanos João Dória (SP), Eduardo Leite (RS), o ex-ministro de Bolsonaro Luiz Henrique Mandetta (DEM), os ex-presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), João Amoedo (Novo) e o apresentador de TV Luciano Huck (sem partido) divulgaram manifesto a favor da democracia. O texto, entre outras coisas, prega o “respeito à Constituição, as liberdades individuais, ao estado democrático” e pede união contra o “autoritarismo” e pela “consciência democrática”       .

A iniciativa deve ser vista além do que uma louvável defesa da normalidade e do respeito às leis. É uma tentativa legítima dos signatários, pré-candidatos a presidente, de se colocarem no xadrez eleitoral para 2022 quando Bolsonaro tentará a reeleição. A já famosa articulação de uma candidatura de centro.

Pule de dez, que metade dos autores do manifesto não estarão com seu nome na urna ano que vem para o cargo máximo da nação. Mandetta, na verdade, aproveita a exposição positiva para se cacifar ao governo do Mato Grosso do Sul, Leite não tem maioria no PSDB para vencer Dória em prévias e provavelmente tentará a reeleição ao Piratini e Luciano Huck caminha mais para ser o sucessor de Fausto Silva nos domingos da Rede Globo do que para o Planalto.

A missão, na realidade, é buscar ser um contraponto a polarização entre o atual presidente e uma eventual candidatura do ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É possível? Sim. Mas é tarefa que exigirá de todos os atores citados e dos demais que se enquadram no projeto, grande esforço de pacto, negociação e união já no primeiro turno. A conferir.

  • Caio Bruno é jornalista e especialista em Marketing Político. Contato: caio.cbruno@gmail.com

You may also read!

26ª Mostra de Teatro de Ribeirão Pires chega ao fim neste fim de semana

Programação final inclui, acima de tudo, reapresentações e peça infantil de encerramento A 26ª Mostra de Teatro de Ribeirão Pires

Read More...

Sabesp tem degustadores profissionais de água para garantir qualidade

Profissionais exercem importante papel no controle do padrão de qualidade, ajudando a identificar mudanças do odor e paladar e,

Read More...

Do campo de terra do menino Gilvan ao gramado sintético do prefeito, Gilvan: o Thon de Santo André!

Joaquim Alessi Impossível segurar as lágrimas para quem bateu bola no chão de terra batida na infância e, hoje,

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu