Covid-19 amplia riscos de automedicação

In Sem categoria On
- Updated
Dr. Elie Fiss, titular de Pneumologia da Med ABC. Foto: Freepik

Professor de Pneumologia do Centro Universitário FMABC alerta sobre perigos do uso de medicamentos sem comprovação científica durante pandemia

Enquanto a vacinação contra a Covid-19 não chega ao Brasil, uma preocupação é recorrente na Organização Mundial da Saúde (OMS) e comunidade científica em geral: os riscos à saúde da população com a prática da automedicação em meio à pandemia.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula, por exemplo, que 18% das mortes por envenenamento no Brasil podem ser atribuídas à automedicação. 

Forma precoce e errônea

Vários fármacos entram na lista de medicamentos especulados de forma precoce e errônea como supostamente eficazes para tratar ou prevenir a Covid-19. Entre eles estão antibióticos, anti-inflamatórios, antiparasitários, anticoagulantes, entre outros. Todos, sem exceção, podem causar danos irreversíveis à saúde, como reações alérgicas, convulsões, sedações, dependência ou até a morte.

Professor titular da disciplina de Pneumologia do Centro Universitário Saúde ABC / Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), em Santo André, Dr. Elie Fiss faz, portanto, importante alerta sobre o perigo que envolve a ingestão descontrolada de medicamentos sem recomendação médica.

“Essa corrida para as farmácias em busca de medicamentos que supostamente seriam ‘salvadores da Pátria’ é um tremendo erro. Há um grande perigo de haver efeitos colaterais. A hidroxicloroquina, por exemplo, não tem efeito comprovado. A corrida para encontrar este remédio está fazendo com que muita gente que precisa desta medicação não encontre. Tenho visto isso de perto, pessoas tomando hidroxicloroquina continuamente e sem qualquer controle”, ressalta o docente.

No Brasil, a hidroxicloroquina e a cloroquina são medicamentos registrados pela Anvisa para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária.

Ivermectina

Outra droga que tem sido muito procurada precipitadamente e que, inclusive, foi alvo de muitas notícias falsas na internet, é o antiparasitário ivermectina, normalmente utilizado em dose única.

A ciência ainda não conhece todos os efeitos a longo prazo provocados pelo uso contínuo, pois o medicamento não foi pesquisado e autorizado para ser administrada dessa forma.

“Além disso, a dose que teria efeito viral in vitro, se fosse aplicada proporcionalmente para o ser humano, teria de ser muito maior, sem nenhum estudo que nos mostre eficácia e, principalmente, segurança contra os efeitos colaterais”.

Entre os anticoagulantes, a heparina é outro fármaco que deve ser administrado com prescrição médica e controle contínuo. Seu uso é indicado para tratamento da Covid-19 apenas no caso de pacientes que apresentem alterações nos exames de coagulação. Porém, não deve ser usado para combater infecções virais, tema que ainda carece de estudos. A utilização indiscriminada pode causar sérios danos à saúde.

Corticoides

Na classe dos corticoides, em conclusão, ganha destaque a dexametasona, de uso frequente e bastante conhecido pelos especialistas.

Trata-se de outro remédio que necessita de indicação médica para ser administrado.

“Não adianta tomar corticoide preventivamente, pois não tem essa função. É indicado quando existem um processo inflamatório. Da mesma forma, a azitromicina é um antibiótico e tem efeito imunomodulador, ajudando a controlar a infecção. Se não existir infecção, vai favorecer as bactérias para que se tornem resistentes a esse fármaco. Se um dia o paciente realmente precisar tomar, são grandes as chances de não produzir o efeito esperado. Por isso, recomendamos fortemente que as pessoas não façam uso de automedicação. Todos esses medicamentos têm efeitos colaterais e devem ser usados com indicação médica, e não indicados por pessoas leigas nas redes sociais sem qualquer parâmetro científico”, finaliza o professor.

You may also read!

Prefeito Orlando Morando entrega novo viário no Jardim das Orquídeas com acesso à Imigrantes e ao Rodoanel

Com investimento de R$ 20 milhões, binário denominado Eduardo Saigh incentiva o desenvolvimento da região, além de colaborar para

Read More...

 Zoo São Paulo e Jardim Botânico prorrogam promoção da Black Friday até o dia 8 de dezembro

Os valores são exclusivos para compra antecipada no site do Zoo SP e se estendem  às atrações Mundo Dino

Read More...

Planejamento para os próximos 10 anos de Mauá é publicado em forma de revista

Lançamento foi realizado nesta quarta-feira (04.12) e encerra 17 meses de debates com a sociedade civilApós 17 meses e

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu