“Olha esta. Surpreendido hoje por um amigo dos anos 60s, cantando uma composição minha dos 17. Fiz essa música em razão de minha casa, no sertão, ficar na rota do cemitério, e os enterros passavam em frente. É a descrição, meio que pra teatro, de um daqueles cortejos.”
Assim, o compositor, cantor, poeta e escritor Guttemberg Nery Guarabyra Filho, o Guarabyra (Sá&Guarabyra) revela certamente uma de suas primeiras obras de arte, concebida ainda na juventude, com o olhar atento do artista observador, a ver passar os funerais rumo ao Cemitério de Santa Luzia, em Bom Jesus da Lapa, no Sertão da Bahia.
Cortejo cantado
Alumiado pela Santa protetora dos olhos, canal de luz, o Poeta nos faz enxergar com a criação cada passo desse cortejo cantado, intitulado “Funeral”, brilhantemente interpretado nessa nova versão, típica da quarentena, por seu velho amigo Marco Aurélio, o Boca, que dá show na edição.
“Morte e Vida Severina”, clássico do grande poeta também nordestino (de Pernambuco) João Cabral de Melo Neto, tem músicas belas, adaptadas para o teatro por Chico Buarque de Holanda. Mas, com certeza, nenhuma delas tem a leveza, a sutileza e a paz de espírito que transmite “Funeral”.
Obra de arte a ser reverenciada, e muito mais conhecida.