“A bondade dele era maior que São Caetano”

In Canto do Joca On
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Demambro e Dal'Anese, nos tempos da Prefeitura. Fotos gentilmente cedidas por Ana Paula Demambro pela jornalista Maria Angela Figueiredo, que assessorou Dall'Anese na Câmara e na Prefeitura

A declaração, emocionada, de Cláudio Demambro, ex-vereador, ex-presidente da Câmara Municipal, líder político, resume à perfeição a figura do ex-prefeito Antônio José Dall’Anese, que nos deixou nesta quarta, 9 de setembro, aos 86 anos de idade.

Dadá, apelido carinhoso com o qual era chamado pelos amigos, era em suma exatamente isso.

Empresário bem-sucedido, posteriormente enveredou pela política para cuidar da cidade, e, acima de tudo, dos cidadãos.

Diferente de Braido, Tortorello e Auricchio, que tiveram até hoje três mandatos cada (Auricchio pode bater o recorde e chegar ao quarto), Dall’Anese teve só um mandato (ainda não existia a reeleição), mas que valeu por muitos, com certeza.

“Maior obra da história”

Demambro foi, enquanto isso, seu principal aliado na gestão 1993-1994.

Braço direito, esquerdo, em resumo entrou de corpo na empreitada. E afirma sem vacilar: “ A Kennedy foi a maior obra da história de São Caetano”.

Inauguração da Kennedy

Justifica: “Não só para embelezar, colocar flores, pista de caminhada, paisagismo, mas por unir a cidade”.

Explica: “O que faz na cidade a linha de trem? Separa a cidade, atravanca. O córrego do Moinho, do mesmo modo, separava os bairros Santa Paula, Olímpico e Vila Gerty do Barcelona, Santa Maria. Precisava unir tudo isso. E o maior problema eram as enchentes. Quando chovia, virava um mar a céu aberto.”

O amor de Dadá pela cidade, acima de tudo, era tamanho, que Demambro lembra: “Quantas madrugadas, 1 hora da manhã, 2, 4 horas, ele parava o carro na portão de casa e me chamava para ir ver o que estava acontecendo, anotar a altura que a água chegava nos muros, nas paredes, para depois passar aos engenheiros e dizer o que precisava ser feito para acabar com aquele drama”.

Cláudio Demambro, da mesma forma, não fala por excesso de modéstia, mas a ideia foi dele. Apenas confirma: “Eu tinha falado isso para o Tortorello em 1989, quando ele assumiu, mas ele tinha um plano de governo que precisava cumprir, e não contemplava essa obra. Canalizamos o córrego, fizemos a separação da água, colocamos tubos de dimensões gigantescas, e esse tipo de obra que político não gosta, pois depois fica enterrado e ninguém lembra mais, e a cidade virou uma só”.

Dadá observa a tubulação usada na obra

Demambro, depois disso, também cita a construção do muro na avenida Guido Aliberti.

Antes disso, o Jardim São Caetano era uma tragédia a cada chuva. Foi Dadá quem construiu.

“Melhores anos da minha vida”

Sobre a parceria com Dall’Anese, Demambro, que elegeu-se vereador pela primeira vez em 1982, junto com Dadá, é enfático: “Foram os melhores anos da minha”. Principalmente de 1993 a 1996, na Prefeitura.

E, na mesma linha, prossegue: “Ele me permitiu disputar o maior cargo da cidade” (foi candidato a prefeito em 1996).

Origem

Demambro recorda: “Conheci o Dadá na década de 1970. Eu trabalhava na Casa Monte e fornecia para a Metalúrgica Dall’Anese, dele e dos irmãos. Depois nos encontramos na Câmara”.

Nesse ponto ele destaca: “A bondade dele era maior que são Caetano. Nunca vi gente igual. Baita ser humano.”

Ciúmes

Mas, se tem política, tem ciúmes também, e, de homem, o que “é pior”, como falava sempre Maluf.

Demambro, para esclarecer, explica com humor: “O PSDB tinha muita dificuldade para entrar no ABC. Ele (Dadá, que tinha sido eleito pelo PTB) entrou no PSDB e abriu as portas para Fernando Henrique, Covas, Serra por aqui. Apresentei o Covas a ele, já governador, e ele perguntou ao Dadá: ‘O que você quer?’. E o Dadá respondeu: ‘Que você cuide da população da minha cidade.’”

Dadá cuidava dos cidadãos e cidadãs

E Demambro confessa: “Ele ficou tão amigo do Covas e o Covas dele, que eu fiquei com ciúmes”. E ri. Ciúmes do bem.

Festa Italiana

Em uma viagem para a Itália surgiu a ideia de criar a Festa Italiana.

Lançada em 1993, quando teve sua primeira edição, virou portanto tradição.

Só neste 2020, por causa da pandemia, não foi realizada, mas São Caetano não vive mais sem ela.

III Festa Italiana

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