Anita Malfatti é nome de Emeb que ganha parque em Diadema

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Foto: Dino Santos/PMD

Equipamento vai atender a estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental; administração municipal investiu R$ 5,3 milhões na aquisição dos equipamentos para toda rede

A Secretaria de Educação de Diadema entregou na manhã desta terça-feira (07.03) o parque da Emeb Anita Catarina Malfatti, no Centro.

O equipamento vai atender, em primeiro lugar, estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

“Aqui era uma área ociosa e a gente resolveu fazer um parque. A escola também tem uma nova horta, uma quadra linda, uma biblioteca e muita gente trabalhou por isso”, destacou, em resumo, a secretária de Educação do município, Ana Lucia Sanches, que inaugurou o espaço.

Muito emocionada, a professora Leia de Paiva, que até o ano passado era vice-diretora da escola, lembrou que havia bastante tempo que a comunidade escolar aguardava por essa melhoria.

“Foi muito trabalho para chegarmos nesse dia. É a realização do sonho de uma comunidade escolar inteira”, afirmou, por exemplo, sem conter as lágrimas.

Ana Lucia destacou que além de brincar muito no espaço, é dever das crianças, da mesma forma, também cuidar dele.

“Até alguns anos as escolas da cidade não tinham parques para os estudantes do fundamental. Mas a gente tem disponibilizado para toda nossa rede, desde os bebês até as crianças maiores, garantindo o direito ao brincar”, completou, em suma, a secretária.

A diretora da Emeb Anita Catarina Malfatti, eleita para uma gestão que vai de 2023 até início de 2026, Suzana Diniz Baldin, classificou o momento da entrega como de grande alegria.

“Poder entregar esse espaço para os estudantes é uma grande felicidade”, afirmou. “Através da brincadeira eles também aprendem, aqui podem estar ao ar livre, interagir uns com os outros, só existem benefícios”, comemorou, em conclusão.

Direito de brincar

Desde o ano passado, a Secretaria de Educação tem renovado os parques das escolas da rede municipal.

Das 60 escolas da rede, apenas quatro creches ainda aguardam pela montagem dos equipamentos.

Para as creches, estão sendo entregues brinquedos para áreas internas e externas.

Na área interna, os parques são de acordo com a metodologia Pikler, especialmente desenvolvidos para bebês de 0 a 3 anos.

No total, a administração municipal investiu mais de R$ 5,3 milhões na aquisição dos equipamentos.

Grande Anita Malfatti

Importante saber um pouco sobre a patronesse  da Emeb, ou seja, a mulher que dá nome à escola.

Pioneira da Arte Moderna no Brasil, era filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e da pintora norte-americana poliglota, de origem alemã, Eleonora Elizabeth “Betty” Krug.

Anita Malfatti nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de dezembro de 1889, sendo a segunda filha do casal. Nasceu com deficiência congênita no braço direito e, por esse motivo, aos três anos de idade, foi submetida a uma cirurgia na cidade de Lucca (Itália), na esperança de corrigir a atrofia.

Mas, não houve recuperação total dos movimentos.

Voltando ao Brasil, teve o apoio da alemã Miss Browne, amiga da família, no desenvolvimento da escrita e aprendizado do desenho com sua mão esquerda.

Iniciou os estudos em 1897 no Externato São José de freiras católicas, onde foi alfabetizada.

Logo depois, passou a estudar em escolas protestantes: na Escola Americana, em 1903, e pouco depois no Mackenzie College, onde, em 1906, recebe o diploma de normalista.

Aos 13 anos, Anita Malfatti, numa experiência de adolescente, deitou-se nos trilhos ferroviários das redondezas da estação da Barra Funda, bairro de São Paulo em que morava.

Nasce a pintora

Em 1902, com a morte prematura do pai de Anita, sua mãe, Betty, começa atividade profissional como professora de línguas e pintura.

Anita iniciou-se na técnica de pintura com sua mãe. Seu gosto pela arte também foi influenciado por seu tio e padrinho, o engenheiro Jorge Krug.

Nutria o sonho de estudar em Paris, mas embarcou para Berlim, em 1910, com o financiamento de seu padrinho.

Na Alemanha

Anita chegou a Berlim junto a amigas, as irmãs Shalders, no ano de 1910 — época marcante na história da Arte Moderna alemã.

Berlim era, então, o grande centro musical da Europa.

Acompanhando as amigas às aulas no centro musical, conheceu o artista Fritz Burger, um retratista que dominava a técnica expressionista.

Anita foi orientada por Burger por seis meses e, em seguida, ingressou na Academia de Belas Artes de Berlim.

Depois de um ano de estudos percebe que a arte acadêmica não a interessa e abandona os estudos.

Durante as férias de verão, Anita visitou a 4ª Sonderbund, uma exposição em Colônia, na Alemanha, sendo apresentada aos trabalhos de pintores modernos e famosos, como Van Gogh.

Teve aulas também com Lovis Corinth, pintor renomado que tinha uma escola de pintura para mulheres.

Alguns anos antes, Corinth havia sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral) que deixara como sequela uma dificuldade motora, de forma semelhante àquela de Anita.

Tal fato, especula-se, o levou a ser mais paciente com Anita do que com suas outras alunas.

Nesse período, Anita se interessava pela pintura expressionista, desejando aprender seu conceito e sua técnica.

Em 1913, inicia aulas com o professor Ernst Bischoff-Kulm.

Com a instabilidade política e social causada por uma guerra que se mostrava iminente, Anita Malfatti resolve deixar Berlim e, passando rapidamente por Paris, retorna ao Brasil.

Primeira exposição individual (1914)

Em 1914, aos 24 anos, Anita ainda tinha o desejo de se aprimorar em Paris.

Sem condições financeiras, tentou pleitear uma bolsa junto ao Pensionato Artístico do Estado de SãoPaulo.

Por essa razão, montou em 23 de maio de 1914, uma exposição com obras de sua autoria, demonstrando influência do estilo expressionista.

O senador José de Freitas Valle foi visitar a exposição. Dependia dele a concessão da bolsa.

Mas, o influente político não gostou das obras de Anita, chegando a criticá-las publicamente.

O crítico de arte Nestor Rangel Pestana reconheceu o talento de Anita, mas, por conta da guerra, as bolsas de estudos foram suspensas.

Mais uma vez, financiada pelo tio, Jorge Krug, Anita embarca para Nova Iorque.

A Estudante (1915-1916), de Anita Malfatti. Acervo do MASP (Museu de Arte de São Paulo).

Nos Estados Unidos

No início de 1915, Anita Malfatti matriculou-se na Art Student’s League, passando a estudar gravura e pintura.

Posteriormente, matriculou-se na Independent School of Art, onde conheceu o pintor e filósofo Homer Boss.

Este era conhecido por respeitar a expressão e ritmo de cada aluno. Ele orientou Anita a engajar-se ainda mais no Expressionismo.

Em meados de 1916, voltou ao Brasil, trazendo consigo um estilo de arte considerado muito chocante e que não cumpre as expectativas de seus familiares.

Assim, perde apoio financeiro de seu padrinho.

Primeira volta ao Brasil

Em 1917, de volta ao Brasil, Anita promoveu uma segunda exposição em 13 de dezembro de 1917, na esperança que sua arte seja compreendida pelo público mais amplo.

Suas pinturas causam tanto polêmica quanto admiração. Sua obra A Boba é duramente criticada pela ala conservadora da elite cultural de São Paulo.

A mais dura crítica veio do escritor e crítico Monteiro Lobato, que, em 20 de dezembro de 1917, dedicou um artigo ao assunto no jornal O Estado de S.Paulo, intitulado “A propósito da exposição Malfatti”.

Lobato considerou as obras da artista, acima de tudo, distorções de mau gosto.

Muitas de suas obras foram devolvidas, outras quase destruídas.

Anita mergulhou em profunda tristeza e isolou-se de todos. Suprimiu sua inquietação artística, retomando, em 1919 os estudos acadêmicos.

As críticas severas e reações conservadoras, todavia, provocaram reação de jovens literatos e artistas visuais, como Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Emiliano Di Cavalcanti em defesa de Malfatti.

Este momento é, por exemplo, emblemático por ter possibilitado o reconhecimento e aproximação daqueles que viriam a se chamar modernistas.

Esse é o Grupo dos Cinco: Anita, Mário de Andrade, Del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila.

Anita inicia estudos com o pintor acadêmico Pedro Alexandrino Borges em 1919.

Frequentando o ateliê do pintor alemão George Fischer Elpons, em São Paulo, conheceu Tarsila do Amaral.

Neste período, a aproximação de Malfatti a Tarsila, bem como a Del Picchia, Mário e Oswald de Andrade, fez com que passassem pouco a pouco a atuar como grupo, conhecido como o Grupo dos Cinco.

Em decorrência disso, foi organizada a Semana de Arte Moderna de 22.

A Semana de Arte Moderna de 1922

A Semana de Arte Moderna movimentou a vida artística São Paulo. Anita participou com 22 trabalhos.

A Europa da década de 1920

Anita embarcava em viagem para Paris para cumprir cinco anos de estudos pela bolsa do Pensionato.

Este seria o último e mais longo período fora do Brasil. Em agosto de 1922, ela tinha 33 anos e embarcava no vapor Mosella rumo à França.

Apesar das muitas dúvidas que ainda tinha em relação a que caminho seguir na sua arte, não deixou de produzir.

Anita Malfatti, em 1930.

Segunda volta ao Brasil

No final de setembro de 1928, Anita voltou ao Brasil.

O ambiente artístico já era diferente daquele que ela deixara anos antes, com novos adeptos e novos movimentos.

O número de artistas plásticos também havia crescido.

Em 1929, abriu em São Paulo sua quarta exposição individual. Depois disso, a partir de 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar.

Retomou suas aulas na Escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College.

Em 1933, instala seu ateliê no bairro paulista de Higienópolis, no qual permanece até 1952.

Em 1936, Anita ilustrou o livro Cafundó da Infância, de Carlos Lébeis.

Anita Malfatti faleceu em 6 de novembro de 1964. Foi sepultada no Cemitério dos Protestantes.

Fonte de pesquisa: Wikipédia

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