Sepultado o tetraprefeito de São Bernardo, Maurício Soares

In Canto do Joca On
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Maurício Soares

Ganhou quatro eleições, mas só assumiu três mandatos porque em 1982 havia o absurdo da sublegenda

Aos 81 anos, o tetraprefeito Maurício Soares, atualmente filiado ao Podemos, morreu neste domingo, 28 de março de 2021.

A causa da morte não foi divulgada. O velório aconteceu das 15h30 às 17h30, e o corpo já foi sepultado.

Por que tetra?

Chamo Maurício Soares de tetraprefeito porque ele foi o mais votado na disputa pela Prefeitura de São Bernardo em 1982.

Naquele pleito, por uma dessas bobagens que se cria na legislação eleitoral a cada pleito, inventou-se a tal da sublegenda.

Isso significa, portanto, que cada partido podia ter até três candidatos, um em cada sublegenda.

O PMDB, do então prefeito Tito Costa, teve três chapas: uma com Aron Galante, outra com Mario Ladeia, vice de Tito, e uma, se não me engano, com Fernando Leça, ou João Américo de Andrade Martins. A memória falha.

A memória falha, mas os amigos não. Dr. Marcio Robers me lembra: foi o Dr. Martins mesmo o terceiro candidato. Obrigado.

O PT tinha duas sublegendas, uma com Maurício e outra com um candidato que não consigo lembrar.

Mas, o grande amigo e jornalista Caio Bruno lembra: Carlos Beltran Batisttini, e teve 11 mil votos. Perfeito.

Maurício, em primeiro lugar, foi o mais votado de todos, disparadamente.

Mas, a soma dos votos dos três candidatos do PMDB superou a de Maurício somada à do outro postulante.

Portanto, como definia a lei, o diplomado foi Aron Galante, que teve cerca de 36 mil votos.

Mesmo para 1982 era muito pouco voto, mas, lei foi feita para ser cumprida.

Sempre vencedor

Em 1976, advogado do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, apoiou Tito Costa (MDB) a prefeito.

Em 1978, foi suplente de senador na chapa encabeçada por Fernando Henrique Cardoso (MDB).

Naquele ano elegia-se só um senador por Estado.O eleito por São Paulo foi Franco Montoro (MDB).

De 1988 até hoje, pode-se dizer que Maurício Soares só não esteve do lado vencedor nas eleições em um pleito.

Foi em 1992, quando a vitória coube a Walter Demarchi (PTB), com a coordenação de Waldir Cartola

Além disso, Maurício voltou a ser eleito prefeito em 1996 (pelo PSDB) e reeleito em 2000 (PPS, atual Cidadania).

Episódio engraçado

Em 2001 ou 2002 (não lembro o ano direito), filiou-se ao PSDB, mas queria esconder o fato até que fizesse uma grande festa.

Editor de Política do Diário do Grande ABC à época (na segunda passagem pelo jornal), tive acesso a uma cópia da ficha de filiação.

Telefonei, portanto, a Maurício, e perguntei: “Prefeito, o senhor foi para o PSDB?”. Ele respondeu: “Não”. E desligou.

Publiquei a manchete de página: “Maurício é do PSDB e não sabe”. Como ilustração, a ficha de filiação assinada.

No seguinte, jornal nas bancas, nas mãos dele, me ligam do Gabinete. Ele pega o aparelho e pergunta: “Juca (sempre chamou assim), você está me chamando de gagá?”

Polidamente respondi: “Jamais faria isso, Mestre” (ele também adorava chamar a todos de Mestre. “Só publiquei o fato”.

Ele ficou muito bravo, e explicou: “É que eu queria segurar a informação para ter mais impacto na ‘festa de assinatura’, com a presença do governador (Geraldo Alckmin)…”

Mais mudanças

Em janeiro de 2003 renunciou, alegando problemas de saúde, e assumiu seu vice, o médio William Dib (PSB).

Dib reelegeu-se em 2004, mas Maurício rompeu com ele em 2008, voltou ao PT e apoiou Luiz Marinho, que ganhou.

Em 2008, prosseguiu ao lado de Marinho.

Mas, em 2016 rompeu novamente com o PT, filiou-se ao PHS e apoiou Orlando Morando (PSDB), que se elegeu.

Manteve-se com Orlando em sua reeleição, em 2020. Seu atual partido era o Podemos.

De Lula a Morando

Para o mineiro de Abaeté, nascido a 29 de julho de 1939, a arte da política era nata.

Tanto que neste Domingo de Ramos, com sua morte colocou lado a lado na lista de elogios políticos inconciliáveis, como o ex-presidente Lula e o prefeito Orlando Morando, para resumir.

Começou a carreira como advogado do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, quando Lula nem era presidente da entidade ainda.

Tito Costa

Conversei no início da noite deste domingo, por telefone, com o brilhante jurista e ex-prefeito de São Bernardo, Tito Costa.

Aos 98 anos de idade, ele mora na sua querida cidade natal de Torrinha, da qual sempre orgulhou-se.

Tito lembrou: “Maurício, como diretor do Sindicato, me ajudou na eleição (1976) para prefeito; ele e o Lula”.

Além disso, afirmou: “Quis ir até o velório, mas me disseram que seria muito restrito e rápido, não daria tempo”.

Da mesma forma, reafirmou: “Mauricio teve um papel muito importante na minha candidatura”.

E prosseguiu: “Depois, ele foi prefeito, caminhou por um lado, eu por outro, mas sempre nos respeitamos”.

Em outras palavras, Tito Costa disse, em resumo: “Fomos adversários, jamais inimigos”.

Tito Costa

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