Texto inédito de Fernanda Young, “Pós F, para além do masculino e do feminino”, sua primeira obra de não ficção, ganha direção de Mika Lins com Maria Ribeiro em cena. Um grande encontro entre essas três mulheres contemporâneas e representativas no cenário artístico nacional.
A estreia on-line retomou as atividades culturais do Teatro Porto Seguro e é transmitida, via streaming direto do palco do teatro, com temporada de 12 de setembro a 04 de outubro, sábados e domingos às 20h.
O livro Pós-F, para além do masculino e do feminino, foi vencedor do Prêmio Jabuti em 2019, três meses depois da morte inesperada de Fernanda Young que deixou um legado de escrita questionadora, divertida, instigadora e ao mesmo tempo apaixonada. O livro reúne textos autobiográficos e ilustrações da própria Fernanda que fomentam o debate sobre o que significa ser um homem e uma mulher nos dias de hoje.
Para a diretora Mika Lins, este espetáculo não ficcional procura ao máximo levar ao palco as experiências pessoais da autora. “Buscamos transformar o que é expresso na teoria em ação, na experiência pessoal dela. É quase como se a Fernanda estivesse em cena exposta como pessoa e contasse suas memórias e vivências. Para além das ideias avançadas propostas no livro pela Fernanda, a peça é muito baseada na visão pessoal que eu e a Maria Ribeiro tivemos depois que ela passou pelas nossas vidas. E eliminamos qualquer didatismo, pois é um espetáculo sobre uma artista, sobre uma criadora, sobre uma ficcionista”, explica.
Ainda segundo a diretora, a necessidade de se apresentar via streaming estimulou a equipe a criar uma nova forma interessante. “E esse formato meio que mistura Maria com Fernanda. Essa Fernanda, personagem teatral, fala das suas experiências e memórias e do que ela é constituída. O que ela viveu faz o tipo de artista, o tipo de escritora que ela se tornou. Além disso, ela era muito ligada às novas tecnologias, muito ativa no Instagram e fortemente ligada com fotografia e com arte”, acrescenta.
Maria Ribeiro, corroborando com o pensamento da diretora, diz que “assim como Leila Diniz, Fernanda era daquelas mulheres que, apenas cumprindo sua psique, nos libertava de tudo o que não era natural, e sim, convenção”
Vivências da Fernanda
No livro, a partir de experiências pessoais, a Fernanda Young se revela como uma das tantas personagens femininas criadas por ela, sempre livre para fazer o que quiser, amar quem quiser e viver à sua maneira, porém cercada por um sentimento intrínseco de inadequação. Esse constante deslocamento faz com que Fernanda seja capaz de observar tanto o feminino como o masculino em todas as suas potencialidades.
É esse modo de ser que motivou Young a propor a ideia de um pós-feminismo e pós-Fernanda, um relato sincero sobre uma vida livre de estigmas, calcada na sobrevivência definitiva do amor, no respeito inquestionável ao outro e na sustentação do próprio desejo. E esse olhar profundo para o outro possibilitaria acabar com quaisquer formas de rótulos e papeis impostos tanto para a mulher como para o homem, que também sofre com as enormes pressões da sociedade patriarcal e precisa ser um aliado na luta contra o machismo. Assim, Fernanda oferece sua visão de mundo na tentativa de superar polarizações e construir algo maior, em que caibam todos os gêneros.
“O que é bonito nessa coisa do Pós-F, é que, para nós, depois do falecimento da Fernanda essa obra virou uma espécie de legado que essa mulher deixou. E uma coisa muito bela nesse relato é que ela inclui e põe como muito importante presença do homem nas transformações pela qual ela sofre – ainda mais depois que ela se tornou mãe de um menino”, comenta Lins.
Bate-papos após as sessões
Após as sessões, Maria Ribeiro comanda bate-papos com pessoas que conviveram com Fernanda Young em vários aspectos de sua vida. As conversas duram até 60 minutos, acontecem aos sábados e domingos às e serão gratuitas.
Entre os convidados estão a diretora Mika Lins, Alexandre Machado (parceiro e marido de Fernanda), Malu Mader (Atriz), Bob Wolfenson (fotógrafo), Eugenia Ribas Vieira (agente literária da Agência Riff), Fernanda Nobre (atriz) e José Roberto Jardim (diretor), Marisa Orth, entre outros.
Sobre Fernanda Young
Embora não tenha concluído os cursos de letras, jornalismo e rádio e tv, Fernanda Young teve uma marcante carreira como atriz, escritora, apresentadora e roteirista. Entre alguns de seus livros estão, Posso Pedir Perdão, Só Não Posso Deixar De Pecar, Estragos, A Mão Esquerda de Vênus, A Louca Debaixo do Branco, O Pau, Tudo Que Você Não Soube, Vergonha dos Pés, Dores do Amor Romântico.
Na televisão, foi roteirista de vários seriados e programas de sucesso, como Os Normais (2001-2003), A Comédia da Vida Privada (1995), Os Aspones (2004), Surtadas na Yoga (2013-2014), Vade Retro (2017), Como Aproveitar o Fim do Mundo (2012), Minha Vida Nada Mole (2006-2007) e Shippados (2019).
Além disso, apresentou os programas Saia Justa (2002-2004), Irritando Fernanda Young (2006-2010), Confissões do Apocalipse (2012) e Odeio Segundas (2015). E, no cinema, participou dos roteiros dos filmes Os Normais (2003) e Os Normais 2 (2009) e Muito Gelo e Dois Dedos D’Água (2006).
Fernanda faleceu no dia 25 de agosto de 2019, aos 49 anos, devido a uma parada respiratória provocada por uma crise de asma. Ela deixou o marido Alexandre Machado e quatro filhos, Cecília Maddona, Estela May, Catarina Lakshimi e John Gopala.
Sobre Maria Ribeiro
Maria Ribeiro é atriz, escritora e diretora de cinema. Cursou jornalismo na PUC, mas já conciliava a faculdade com a carreira de atriz. No Teatro participou das peças “Confissões de adolescente”, “O inimigo do povo”, “Feliz ano velho” e “Separações”. No cinema contabiliza inúmeros filmes com destaque para “Como nossos pais (2017) de Lais Bodansky, pelo qual conquistou o prêmio de melhor atriz no Festival de Gramado, além de filmes como “Entre nós”, Histórias de amor duram apenas 90 minutos”, “Tropa de Elite”, entre outros.
Integrou a banca do programa de debates da GNT “Saia Justa” e várias participações em novelas como “Império” e estreia esse ano a série “Desalma” na Rede Globo.
Atualmente tem um programa de variedades na plataforma Hysteria, escreve uma coluna no jornal O Globo e viaja em turnê com o projeto Você é o que lê, com Xico Sá e Gregório Duvivier.
Sobre Mika Lins
Mika Lins tem uma longa e profícua carreira como atriz e desde 2009 tem se dedicado exclusivamente a direção teatral. Entre suas direções estão: “Dueto para Um”, de Tom Kempinski, vencedor do prêmio APCA de melhor atriz para Bel Kowarick, “Festa no Covil” de Juan Pablo Villalobos, “A Tartaruga de Darwin” de Juan Mayorga, “Tutankáton” de Otavio Frias Filho.
Na televisão dirigiu “Terradois” para a Tv Cultura, com apresentação de Jorge Forbes e Maria Fernanda Candido. É diretora da Cia Instável.
Ficha Técnica
Texto: Fernanda Young
Adaptação: Caetano Vilela, Maria Ribeiro e Mika Lins
Com: Maria Ribeiro
Direção e cenografia: Mika Lins
Iluminação: Caetano Vilela
Figurino: Maria Ribeiro e Mika Lins
Trilha Sonora: Estela May
Produtor da Live, Vídeo e Sonoplastia: Rodrigo Gava
Ilustração: Fernanda Young e Estela May
Cenotecnia e Objetos: Alejandro Huerta
Designer: Luciano Angelotti
Assessoria de comunicação: Morente Forte
Assessoria mídias digitais: Agencia Brain
Assistência, programação e operação de luz: Nicolas Caratori
Diretor de Palco: Alexander Peixoto
Assistente de produção: Camila Scheffer
Direção de produção: Dani Angelotti
Realização: Cubo Produções e Cia Instável
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Serviço
TEATRO PORTO SEGURO
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.
Telefone (11) 3226.7300.
Vendas: https://www.tudus.com.br/
Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).
Sábados e Domingos às 20h
Ingressos: A partir de R$20.
Classificação: 16 anos. Duração: 50 minutos.
Temporada de 12 de setembro a 04 de outubro