IMPERDÍVEL – Genial Maestro João Carlos Martins em espetáculo gratuito na Estância neste domingo (23.04)

In Canto do Joca On
João Carlos Martins tem apresentação gratuita em Ribeirão Pires. Foto: Divulgação

Joaquim Alessi

Apresentação com a Camerata Bachiana será dedicada, acima de tudo, à obra de Heitor Villa-Lobos

O Paço de Ribeirão Pires, na rua Miguel Prisco, 288, será, em primeiro lugar, palco de apresentação histórica neste domingo (23,04), a partir das 18h.

Simplesmente imperdível!

Nada mais nada menos que o renomado maestro João Carlos Martins e a orquestra Camerata Bachiana apresentam o concerto ”Na Roda com o Maestro – Uma homenagem a Heitor Villa-Lobos”.

No repertório, além de apresentar detalhes de sua rica trajetória profissional, o maestro também fará comentários sobre a vida, obra e a importância de Heitor Villa-Lobos para a música clássica brasileira.

O projeto é realizado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Tem apoio da Prefeitura de Ribeirão Pires, patrocínio da empresa Atacadão e produção cultural da Fundação Bachiana e D’color Produções Culturais.

Serviço

Data: 23 de abril – Evento gratuito
Horário: 18h
Endereço: Rua Miguel Prisco, 288 – Centro
Classificação Livre

Um pouco de sua história

Filho de um português, José, nascido em 1898 em Braga, falecido em 2000, aos 102 anos, que com 10 anos já trabalhava numa gráfica mas era fascinado pelo piano.

No trabalho, uma prensa decepou-lhe o polegar e o sonho perdeu-se. Transferiu o sonho para os filhos, já rico e emigrado em São Paulo.

Teve três filhos, Ives Gandra Martins advogado, professor, escritor e jurista, e José Eduardo Martins, também pianista.

João Carlos começou seus estudos ainda menino, no dia em que seu pai comprou um piano, com a professora Aida de Vuono.

Aos oito anos, seu pai o inscreveu em um concurso para executar obras de Bach, vencendo-o.

Começou a estudar no Liceu Pasteur e, com 11 anos, já estudava piano por seis horas diárias.

Reconhecido mundialmente

Teve, no Liceu, aula com o maior professor de piano da época—um russo radicado no Brasil, chamado José Kliass, e venceu então o concurso da Sociedade Brito de São Petersburgo.

Seus primeiros concertos trouxeram a atenção de toda a crítica musical mundial.

Foi escolhido no Festival Casals, dentre inúmeros candidatos das três Américas para dar o Recital Prêmio em Washington.

Aos 20 anos estreou no Carnegie Hall, patrocinado por Eleanor Roosevelt. Tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra completa de Bach para piano.

Foi ele, por exemplo, quem inaugurou o Glenn Gould Memorial, em Toronto.

Acidente no futebol

Mas, João Carlos Martins viu-se por diversas vezes privado de seu contato com o piano.

Em 1965, por exemplo, o primeiro drama.

Em jogo treino da Portuguesa de Desportos (seu time do coração) no Central Park, Nova Iorque, foi convidado para integrar o time.

Mas teve uma queda, que perfurou seu braço direito na altura do cotovelo, atingindo o nervo ulnar, provocando atrofia em três dedos, obrigando-o a parar de tocar por um ano, tocou com dificuldade até os 30 anos.

Voltou ao Brasil e tornou-se empresário de música e boxe por 7 anos, empresariando Eder Jofre, bicampeão mundial de boxe, fonte inspiradora de sua volta triunfal ao piano.

Tive o prazer de ouvir seus ensaios em 1979

Voltou aos palcos, com muita dificuldade, e depois de longos períodos de fisioterapia, retornando a receber criticas positivas, e aclamado pelo público.

Mas, desenvolveu distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort), que o fez sair do palco mais de uma vez, e acabou se afastando novamente e começou sua fase de empresário ligado à política.

Não desistindo da carreira musical, fez várias adaptações para continuar tocando.

De 1979 a 1985, gravou 10 primeiras gravações da obra de Bach, de vinte e uma, mesmo com todas as sequelas.

Conseguiu recuperar o público, e gravar praticamente toda a obra de Bach.

Exatamente em 1979 eu cursava o quarto ano de Jornalismo na Fiam (Faculdades Integradas Alcântara Machado), no Morumbi.

Nas aulas pela manhã (estudava também à noite), certo dia ouvi um piano maravilhoso, com o som vindo de uma das aulas.

Curioso, me dirigi até lá e tive a honra de ver, ao vivo, lado a lado, João Carlos Martins ensaiando, lutando para recuperar o movimento dos dedos.

Ele era muito amigo do dono da FIAM e da FMU, Edevaldo Alves da Silva, que cedia o espaço para esses exercícios.

A partir daí, por vários dias tive esse privilégio raríssimo de estudar ao som de João Carlos Martins

Mais tragédia

Era 20 de maio de 1995, quando, em um assalto, em Sófia, Bulgária, foi golpeado na cabeça com uma barra de ferro, provocando uma sequela neurológica que comprometeu o membro superior direito.

Teve de submeter-se a trabalhos de reprogramação cerebral para conseguir movimentar a mão direita, voltou a tocar com as duas mãos, mas voltou a apresentar problemas no braço direito, e agora também na fala, teve que ser submetido a um novo procedimento cirúrgico.

Com isso ele grava seu último álbum com as duas mãos.

Em 2001, ele grava o álbum Só para Mão Esquerda, escrito por Maurice Ravel para Paul Wittgenstein, que perdera o membro direito na Primeira Guerra Mundial.

A intenção era de gravar 8 álbuns apenas para a mão esquerda.

Mãos de Martins tocando em evento, em São Bernardo do Campo, em 2013

Entretanto, com o correr dos anos desenvolveu no membro superior saudável, o esquerdo, uma doença chamada contratura de Dupuytren.

Ela provocava, além da própria contratura, o espessamento da fáscia palmar.

Foi submetido de novo a um procedimento cirúrgico, que não impediu que perdesse os movimentos da mão esquerda, inviabilizando tocar piano.

Novamente teve, portanto, que parar de tocar, e dessa vez acreditou seria para sempre.

“Eu estava sem rumo, em 2003, já sabendo que não poderia mais tocar nem com a mão esquerda. Sonhei então, que estava tocando piano, com o Eleazar de Carvalho, que me dizia: — vem para cá, que eu vou te ensinar a reger”, revela.

Um dos condutores da tocha olímpica em 2016.

Uma vez que, devido à dificuldade de coordenação dos movimentos de seus dedos, João Carlos é incapaz de segurar a batuta ou virar as páginas das partituras dos concertos (ao menos na velocidade que seria necessária para não causar interrupções na execução da música), o maestro faz um trabalho minucioso de memorizar nota por nota.

Todas as músicas que rege precisam ser decoradas. Isso o faz memorizar uma média de 5 mil páginas de música por ano.

Entretanto, começou a desenvolver distonia no membro superior esquerdo, que produzia movimentos involuntários, e o impediu momentaneamente de reger.

Em maio de 2004, esteve em Londres regendo a English Chamber Orchestra, uma das maiores orquestras de câmara do mundo, numa gravação dos seis Concertos Branndenburguenses de Johann Sebastian Bach, e, já em dezembro, gravou as Quatro Suítes Orquestrais de Bach com a Bachiana Chamber Orchestra.

Os dois primeiros CDs já foram lançados (lançamento internacional).

Salvador Dalí

Em fevereiro de 2004, o crítico inglês descreve na International Piano Magazine um episódio pitoresco que aconteceu na vida de João Carlos Martins, quando após um recital no Carnegie Hall, no final dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador Dalí: “Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita”.

O crítico termina dizendo que João Carlos Martins não teve que esperar tanto tempo.

Em 2007, ele, torcedor fanático da Portuguesa, a charmosa Lusinha, toca o hino nacional brasileiro, no último jogo da temporada no estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte lotado, quando a Portuguesa voltava para a série A do Campeonato Brasileiro.

Foi homenageado pela Vai-Vai com o enredo “A Música Venceu”, tendo o maestro como destaque no último carro e em alguns momentos do desfile “regendo” a bateria da agremiação. A escola se tornaria campeã do carnaval de 2011.

Em 2012, submeteu-se a uma cirurgia no cérebro para a implantação de dois eletrodos do cérebro, com um estimulador eletrônico no peito, para recuperar os movimentos da mão esquerda, atrofiada, já que estava com a distonia bem avançada, atingindo todo o braço e não abria a mão havia 10 anos.

João Carlos realiza também, na Faculdade de Música na Faculdade da Amazônia (FAAM), um programa de introdução à música com jovens carentes.

Em agosto de 2017 foi lançado o filme “João, o Maestro”, produzido pela LC Barreto e dirigido por Mauro Lima.

Interpretam João Carlos Martins os atores Davi Campolongo, na infância, Rodrigo Pandolfo, na juventude, e Alexandre Nero, na idade adulta.

Em 2020, voltou a tocar com as duas mãos, mas dessa vez com a ajuda de uma luva biônica, graças a um projeto desenvolvido pelo designer industrial Ubiratan Bizarro Costa, em Sumaré.

A exibição ocorreu, em conclusão, durante a comemoração dos 466 anos da cidade de São Paulo.

 

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