Joaquim Alessi
Mais que uma mera reforma – a exemplo de várias levadas a cabo – o emblemático Teatro Municipal de Santo André está perto de sua verdadeira restauração.
Afinal, além de palco para significativas apresentações artísticas, o Municipal é, acima de tudo, uma verdadeira obra de arte.
Vítima de agressões injustificadas, por políticas “culturais” anteriores tresloucadas que descaractrizaram criminosamente o espaço histórico, ele agora é recuperado.
Trata-se, sem sombra de dúvida, do maior símbolo cultural da cidade, sem igual em todo o ABCD e com poucos melhores em todo o País.
Com o nome alterado, de maneira mas justa possível, para Teatro Municipal Maestro Flavio Florence, ele entrou em fase final do restauroe será entregue em abril.
Nesta sexta-feira (26.01) visitamos as obras, a convite do prefeito Paulo Serra, e pudemos confirmar a grandiosidade do trabalho em andamento.
Ao lado de Serra estavam a secretária de Cultura, Simone Zárate, a secretária-adjunta de Cultura, Azê Diniz, e o diretor do Departamento de Manutenção e Obras da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos, Félix Beserra.
Maior desde a fundação
“Essa é a maior reforma desde a fundação do Teatro Municipal. A gente tem feito não só modernização, mas reforma estrutural: hidráulica, questão do telhado, acessibilidade. Então é grande reforma somada à modernização que queremos entregar no mês de abril”, declarou, em resumo, o prefeito Paulo Serra.
“Entramos na fase final, de acabamento. Acontece tudo ao mesmo tempo: camarins, palco, forro, acessibilidade, iluminação. Tudo vai ser mexido nestes próximos três meses até a entrega”, prosseguiu, da mesma forma, o chefe do Executivo.
Projetado na gestão do prefeito Fioravante Zampol (21.05.64 a 31.01.69), foi inaugurado no primeiro governo do triprefeito Newton Brandão (1º.02.69 a 30.01.73).
O projeto é do aclamado arquiteto Rino Levi Arquitetos e do paisagista Roberto Burle Marx, e foi aprovado em 22 de maio de 1965. ]
A construção durou quatro anos, mas a inauguração, duas vezes adiada, só aconteceu em 1971, quando os equipamentos, importados, já estavam devidamente instalados.
Foi inaugurado, por exemplo, em 13 de abril de 1971, com a estreia da peça “Guerra do Cansa Cavalo”, texto de Osman Lins com produção do Grupo Teatro da Cidade (GTC).
O evento teve ainda a apresentação da Orquestra Sinfônica de São Paulo, do Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo, do Coral Paulistano e da Orquestra Jovem de São Paulo.
Desde então, o Teatro Municipal é palco de grandes espetáculos e uma referência no País pela excelente acústica.
O que está sendo feito
Já foram reformados os banheiros (com acessibilidade), trocados os pisos do saguão, da sala de exposição, da bilheteria e da plateia.
Da mesma forma, todas as intervenções hidráulicas nas áreas contempladas foram providenciadas, assim como a modernização e upgrade no sistema de ar-condicionado.
“Finalmente vão acabar as reclamações sobre o ar-condicionado”, comemorou Azê Diniz.
Estão em fase de finalização a execução da rampa de acesso dos bastidores (atores e atrizes mais idosos poderão se apresentar), a pintura e o forro.
Além disso, a impermeabilização dos camarins, instalação do piso do palco, da parte elétrica e a impermeabilização da cúpula do teatro.
Teatro com afeto
No total, são, portanto, aproximadamente 4 mil metros quadrados de área modernizada.
“O andreense tem relação afetiva com os símbolos da cidade, e o teatro, em especial, por ter uma das melhores acústicas do Brasil, pelo passado com agenda na cena cultural nacional, tem essa ligação. Então, além da questão estrutural para que funcione melhor, a gente consegue modernizar resgatando o projeto original, nas características, com respeito ao patrimônio histórico”, exaltou, da mesma forma, o prefeito Paulo Serra.
Pela história, tradição e por se tratar de patrimônio tombado, há, finalmente, toda preocupação com a manutenção da originalidade do local.
Agora, ele terá 464 lugares (eram 468 originais), mas a mudança deu-se para instalação de quatro poltronas para obesos e quatro espaços para cadeirantes.
“Alguns elementos ainda são os mesmos, como as colunas (do palco), o maquinário dos palcos laterais, a manutenção e o funcionamento do fosso da orquestra, então é uma maneira de respeitar toda essa arquitetura pensada lá em 1964 e que foi entregue em 1971”, enalteceu Azê Diniz.
Espetáculo de reestreia
Ainda segundo a secretária-adjunta de Cultura, a Pasta já trabalha para o espetáculo da reinauguração deste tão importante e simbólico equipamento.
“Estamos recebendo muitos convites, fazendo propostas. Entendemos que tem que ser o melhor para a cidade”, diz, enigmática.
Mas, o prefeito Paulo Serra garante que o Municipal voltará a ser palco de grandes espetáculos com repercussão nacional, além de abrigar produções locais.
Antes chamado de Antônio Houaiss, recebeu o nome de Teatro Municipal Maestro Flavio Florence em 2019, em homenagem ao regente que esteve à frente da Orquestra Sinfônica de Santo André (Ossa) por 20 anos – de 1988 até seu falecimento, em 2008.
Recentemente mais um valor veio adicionar-se a história do Teatro e do Centro Cívico de Santo André.
O conjunto foi tombado como patrimônio cultural do Estado – através do Condephaat – e do município, através do Comdephaapasa, o que reforça ainda mais a importância desse espaço como local da expressão da produção cultural e de lazer para a comunidade.
Justa homenagem a Flavio Florence
Em 2019 o nome do Teatro Municipal de Santo André mudou para homenagear um dos mais importantes artistas da cidade.
A alteração do nome do teatro foi uma iniciativa dos músicos e do atual maestro regente da Orquestra Sinfônica de Santo André (OSSA), Abel Rocha.
Trata-se de uma justa homenagem ao maestro Flavio Florence, que esteve à frente da OSSA por 20 anos, de 1988 até seu falecimento, ocorrido em 2008.
A alteração do nome foi debatida com representantes do setor cultural da cidade. Posteriormente, realizou-se um abaixo-assinado virtual.
A proposta foi discutida com os vereadores na Câmara Municipal. O projeto de alteração, elaborado pelo Executivo, foi aprovado por unanimidade pelo Legislativo.
Flavio Florence era paulista e iniciou seus estudos musicais na Fundação das Artes de São Caetano. Flautista e regente, Flavio Florence integrou entre outras as Orquestras Sinfônicas de Campinas e Jovem Municipal de São Paulo, além da OSSA.
Comprometido com a formação das novas gerações de músicos, Florence foi professor de regência orquestral na FAAM e na Universidade Federal de Minas Gerais.
Foi membro da Comissão Estadual de Música e coordenador dos Encontros de Orquestras Jovens do Estado de São Paulo.
Alem de assistente do maestro Eleazar de Carvalho no Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Sua produção intelectual inclui dezenas de artigos em publicações como as revistas Bravo! e Concerto.
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