Sou insuspeito para falar de Waldir Cartola. Ao logo de mais de 30 anos de convivência na política, a cobertura diária dos fatos regionais muitas vezes nos colocou em trincheiras opostas. Ele, com suas missões na máquina pública, na presidência da antiga ProSBC (Progresso de São Bernardo), governo Aron Galante/Walter Demarchi (1983-1988), “homem-forte” do deputado estadual Walter Demarchi (1991-1992), “prefeito de fato” na administração Walter Demarchi (1993-1996), deputado estadual (1995-1999), grande parceiro de Felipe Cheidde (isso bem antes, nos tempos de futebol, como atleta ou Cartola, literalmente). Eu, com a missão de editor de política, muita vezes publicando o que não interessava a ele. Mas era notícias, e o jornalista não deve jamsi brigar com a notícia.Mas briga com as personagens relatadas.
Tivemos brigas, mas com um detalhe: sem jamais perder a compostura, a elegância, o respeito pela missão, um do outro.
Era recíproco. Waldir Cartola é desses políticos que nos fazem falta hoje. Não falta de chutar a canela, mas falta porque esses homens são imprescindíveis na Política com letra maiúscula.
Ele nos deixa aos 80 anos de forma precoce. Estava em pleno vigor. Atropelado por um moto na terça-feira (18/2), como bem revelou o grande repórter Leandro Amaral, sofreu ferimento grave na cabeça, e na manhã desta sexta (21/2), nos deixa órfãos de um grande líder político.
Quase não consegui falar agora cedo, por telefone, com seu filho, meu amigo e vereador Pery Cartola. Mas foi o suficiente para saber que o velório começa às12 desta sexta na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo.