Policiais aceitaram proposta do governo de recomposição linear de 24%, em assembleia na manhã desta quinta-feira (28.12), no Sindicato da categoria em São Paulo; instituição, porém, não descarta retomar a pauta da reestruturação da carreira no próximo ano
Policiais federais do Estado de São Paulo aprovaram nesta quinta-feira (28.12) a última proposta apresentada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de reajuste linear de até 24,20% para a instituição.
O porcentual valerá para agentes, escrivães e papiloscopistas e será dividido nos próximos três anos, a partir de 2024.
Mas, a categoria pretende retomar, já no próximo ano, as negociações.
O objetivo é garantir, acima de tudo, a reivindicação histórica de reestruturação da carreira da corporação.
A aprovação aconteceu em assembleia na sede do Sindicato dos Policiais Federais em São Paulo (SINPF/SP), na Lapa, bairro da Capital.
De pronto, a decisão foi encaminhada para a Federação Nacional dos Policiais Federais (FENAPEF).
Há pouco, a entidade assinou acordo com o Ministério de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
Críticas
Mesmo com o aceite por parte da PF paulista dos porcentuais oferecidos, a instituição não economiza críticas à proposta apresentada na terça-feira (26.12) pelo governo.
A presidente do SINPF/SP, Susanna Do Val Moore, explica que o reajuste linear não contempla a reestruturação da carreira, debatida ao longo de 2023 entre as duas partes:
“A proposta não corrige as divergências salariais que a reestruturação prometida pela União faria. Faltando cinco dias para terminar o ano, no apagar das luzes, o governo federal mudou tudo e apresentou uma recomposição linear, apenas. Isso deixou a categoria inconformada”, observa, em resumo, Susanna.
A proposta também desagradou a categoria por excluir os servidores administrativos do plano especial de cargos da Polícia Federal e que estavam no projeto inicial:
“Essa decisão só aumentou ainda mais a insatisfação geral. Não se pode, afinal, ignorar as especificidades do cargo previstas na legislação”, comenta, da mesma forma, Susanna.
A sugestão apresentada nesta semana pela União e aprovada em assembleia no SINPF/SP estabelece reajuste de 24,20% para os policiais federais da classe especial.
No caso de primeira e segunda classes, o percentual chega a 17,88%; e, para a terceira classe, a 7,77%.
A aplicação dessa recomposição será, ainda, fracionada, nos anos de 2024, de 2025 e de 2026.
Esforço para garantir a recomposição
Na prática, a aprovação por parte do SINPF/SP da proposta de reajuste linear é um esforço para evitar que a Polícia Federal fique sem correção, em meio às negociações, que incluíram protestos e paralisações no decorrer de 2023.
Mesmo diante da decisão tomada em pleno fim do ano, a presidente do sindicato destaca que a categoria continuará na luta pela reestruturação, aguardada há mais de 20 anos:
“Não vamos desistir desta pauta, porque a reestruturação é a única forma de reduzir o abismo salarial existente, hoje, dentro da própria Policia Federal, entre delegados, peritos e demais funções. Trata-se, também, de um reconhecimento à exigência de ensino superior aos policiais, que acontece desde 1996”, defende Susanna.
A proposta debatida até então era a de que a reestruturação da carreira na Polícia Federal alcançasse até 70% dos vencimentos de um delegado da classe especial.
Esses parâmetros já tinham sido acordados em consenso entre a categoria e o governo federal, por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A Diretoria-Geral da Polícia Federal foi quem, em conclusão, propôs o projeto em 2023.