Máscara Negra: uma nova marcha

In Artigo On

Marli Gonçalves*

A marcha entoada agora é fúnebre. E mesmo ela só pode ser silenciosa, já que não há tempo, esse senhor que nos mastiga, sempre empurrando, sempre sem volta. Os dias passam em um ritmo inexplicável. Cada um de nós os terá marcados na vida de uma forma, e sem que se possa saber o que será; mas certamente o que será, será.

“…Quanta tristeza! Quanta agonia!
Mais de vinte mil mortos pelo chão
Todos estão chorando
No meio da multidão.
Quanta tristeza, oh, quanta agonia!
Mais de vinte mil mortos no salão
Joãos, Marias e Josés chorando
No meio da multidão
Que bom será te ver outra vez
Tá fazendo meses
O carnaval que passou, o mundo parou
Eu sou quem te abraçou e te beijou, meu amor
Na mesma máscara branca, negra, colorida
Que esconde o teu rosto
Eu vou querer matar a saudade
Vou beijar-te, mas não agora
Não me leve a mal
Hoje é quarentena total
Vou beijar-te, mas não agora
Não me leve a mal
Hoje é isolamento social…”
Temos de sobreviver. Essa é a nova missão imposta pela natureza nessa época em que não há mais datas previsíveis, todas deslocadas, como os feriados antecipados, os planos adiados, as propostas em compassos de ritmos bagunçados. O Carnaval já não foi o mesmo, pensa bem, os 40 dias da quaresma já foram uma quarentena real que agora se estende trazendo para muito perto datas outrora distantes. Tenta-se, assim, esticar prazos, propor o futuro, mas ninguém tem certeza é de mais nada.
O melhor e o pior de nós surge, inclemente. Não há protocolo, decreto, determinação, conselho, entre as palavras que mais andamos ouvindo ultimamente, que façam mudar a terrível natureza humana – e estamos vivendo para ver e comprovar tristemente isso.
É um pesadelo tenebroso. E há ainda quem não tenha se dado conta que esse acordar não se dará em um estalo. Há ainda também quem consiga que tudo se torne ainda pior, acelerando suas sombras e avançando para o que temos de mais valioso para agir, a liberdade, o pensamento.
Não sei se dormem esse mesmo sono intranquilo; ou se apenas foram moldados como destruidores, conviviam entre nós e não os percebemos a tempo. Para eles, amizades não valem. Honra é coisa que não sabem. E amor é próprio, o próprio. A opinião contrária, massacrada, mesmo que todos os fatos criticados sejam límpidos – há quem jure que esses seres que nos importunam têm corações peludos, almas negras ocultas por suas roupas, ternos, fardas, camisas de futebol, e que agora andam por aí usurpando símbolos nacionais, bandeiras, cores, considerando que estão protegidos dentro de seus carros que usam como tanques de guerra. Por onde passam a terra fica arrasada, inclusive dizimando até alguns deles, mas isso não lhes importa – querem avançar sobre tudo. Afinal, como disse, são sombras.
Querem encobrir a luz, mas haveremos de desmascará-los. Vivemos uma tragédia. Nacional.
… “Quanta tristeza! Quanta agonia!
Mais de vinte mil mortos pelo chão
Todos estão chorando
No meio da multidão”…
MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.
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