Estudantes surdos do Centro Paula Souza desafiam a ‘barreira do som”

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Beatriz com o intérprete Silvério e os colegas Bruno e Leandro (de boné) em reunião sobre o TCC

Em homenagem ao Dia do Surdo, comemorado no próximo dia 26, CPS apresenta histórias de alunos e ex-alunos que venceram desafios

O número de surdos nas Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) mais que dobrou nos últimos quatro anos. Atualmente, as unidades do Centro Paula Souza (CPS) têm 48 alunoscom esta limitação matriculados. Em 2017, eram 20. “O aumento do interesse pelos cursos técnicos e superiores tecnológicos é resultado do apoio pedagógico e da estrutura de atendimento que oferecemos”, avalia a coordenadora da assessoria de inclusão, Ana Lúcia Calaça.

No próximo, domingo 26, comemora-se o Dia Nacional do Surdo, instituído com o objetivo de desenvolver a reflexão sobre os direitos e as lutas da comunidade surda pela inclusão na sociedade. Para marcar data, o CPS apresenta as histórias de alunos que, com apoio de professores e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras), estudam nas Etecs e Fatecs, se desafiam todos os dias para evoluir em suas vidas profissionais. Eles também promovem a conscientização dos colegas sobre a importância da inclusão e contribuem para tornar o ambiente mais acessível aos surdos.

Gol de placa

A estudante Beatriz Vitoria Ribas tem surdez bilateral e se formou no Ensino Técnico de Informática Integrado ao Médio (Etim), na Etec de Hortolândia, no final de 2020. Em 2021, ingressou novamente na unidade para cursar o modular de Desenvolvimento de Software.

Com o apoio do intérprete de Libras Carlos Silvério, Beatriz e seu grupo desenvolveram uma tecnologia de acessibilidade esportiva para surdos como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).A aluna joga futebol e tinha dificuldade de entender os comandos da arbitragem.

Para solucionar o problema, a equipe formada por Bruno Gomes e Leandro Souza, além de Beatriz, criou o dispositivo Deaf Band, que transmite o apito do juiz por radiofrequência. O sinal é captado por um receptor, colocado no braço da jogadora, que vibra chamando a atenção dosatletas. Outra contribuição de Beatriz foi ensinar o básico da linguagem de Libras aos colegas. Com apoio de Silvério e da Associação dos Metroviários Excepcionais (Ame), ela ofereceu um curso básico de 100 horas para 40 alunos da Etec de Hortolândia. “A iniciativa melhorou a comunicação dela com a turma e colaborou para tornar o ambiente mais inclusivo”, afirma o intérprete. 

Café com inclusão

A área de tecnologia foi a escolha também do estudante Davi Ribeiro da Silva, que está no terceiro semestre do curso superior de tecnologia de Jogos Digitais, da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) São Caetano do Sul. Ele tem assessoria do intérprete Joanderson Floriano, que utiliza um sinalário (glossário de sinais) específico para tecnologia desenvolvido por dois professores surdos de Engenharia da Computação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da PUC-RS.

“O sinalário é uma ferramenta capaz de multiplicar um padrão de comunicação, mesmo em áreas mais específicas”, explica Floriano. E para garantir a descontração na hora do cafezinho, a dupla ensinou aos colegas alguns sinais básicos para que possam interagir com Davi.

Tecnologia abre portas

O estudante Leandro Marcello Gregorio, já tem duas graduações. Depois de se formar em Administração de Empresas, na Faculdade de Jaboticabal (Fajab), ele concluiu o curso superior tecnológico de Sistemas para Internet, em julho, na Fatec Taquaritinga. Essa foi a segunda graduação de Leandro, que também fez pós-graduação em Psicopedagogia e Neuropedagogia. Com as competências adquiridas no curso de Sistemas para a Internet, ele planeja desenvolver uma ferramenta para os surdos se comunicarem melhor. “A melhora na comunicação impulsiona a autonomia e socialização do surdo”, explica o ex-aluno.

Entusiasmado, Leandro afirma que a sua experiência pode incentivar outros deficientes a continuarem os estudos e chegar à faculdade. “É preciso quebrar barreiras porque todos temos capacidade, só é preciso desenvolvê-las.”

Para Esli Leila Domingues, intérprete de Libras da Fatec Taquaritinga, que trabalhou com Leandro Marcelo, o trabalho de inclusão dos professores da faculdade é essencial para o aprendizado. “Recebi todo apoio da equipe pedagógica da Fatec que contribuiu com materiais ilustrativos, vídeos legendados e atenção aos gestos e contato visual”, explica Esli.

Educação de sinais

A educação de surdos nas unidades do CPS conta com a parceria de consultorias que contratam profissionais com especialização na área de acessibilidade. Cada aluno assiste às aulas acompanhado de um intérprete de Libras, que faz a tradução simultânea do conteúdo apresentado pelo professor para a linguagem de sinais.

Para atender às necessidades dos cursos técnicos e tecnológicos das mais diferentes áreas, os intérpretes são orientados pelos professores, que “traduzem” os termos mais específicos e adiantam o material da aula para que eles possam se familiarizar com o conteúdo com antecedência.

O CPS publicou um Guia de Comunicação Inclusiva com dicas e orientações para professores, servidores e alunos seguirem os princípios de inclusão social, racial e de gênero. A publicação mostra como evitar estereótipos e estigmas e estimula a comunicação inclusiva. A iniciativa recebeu o prêmio internacional Sabra Awards, na categoria Educação Pública.  

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