A impactante apresentação do 1º episódio da série “Resistência Negra” na 25ª edição do Festival do Rio

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Fotos: Rozangela Silva/Divulgação 

Nem a noite chuvosa de sexta (13) foi barreira, portanto, para lotar o Cine Odeon, no Centro (RJ) na avant première de “Resistência Negra”.

Sessão especial, em primeiro lugar, para convidados, do 1º episódio da série Resistência Negra, no Festival do Rio, série que o Globoplay prepara para estrear em novembro.

Com cinco episódios, apresentados por Djonga e Larissa Luz, a obra trata, acima de tudo, do movimento negro.

O objetivo da série é, em resumo, narrar a história dos movimentos negros no País.

Com direção geral de Mayara Aguiar, o projeto foi idealizado e levado à plataforma de streaming da Globo, por exemplo por Ivanir dos Santos, Babalawô, Prof, Pós-Doutor do Programa de pós-graduação em História Comparada da UFRJ e fundador do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).

Ivanir atua, acima de tudo, há mais de 40 anos em prol das liberdades, dos direitos humanos, das pluralidades contra o racismo e a intolerância religiosa

Data de nascimento do TEN

Carregada de simbolismos, coincidência ou não, a exibição deu-se, da mesma forma, na data alusiva ao nascimento do Teatro Experimental do Negro.

O TEN nasceu em 13 de outubro de 1944, no Rio de Janeiro, como um projeto idealizado, em suma, por Abdias Nascimento (1914-2011).

Com a proposta de abrir novos caminhos para pessoas negras nas artes cênicas e na sociedade brasileira.

Buscando assim reabilitar e valorizar a identidade, a cultura e a diversidade da população afro-brasileiro.

Além de ser um movimento artístico, o TEN também foi um movimento político e social que buscou centralizar as questões negras como foco principal.

Mostrando, portanto, que é possível fazer da arte um ato de reivindicações e lutas por igualdade e equidade.

Uma das janelas

A produção documental, lançada quase oito décadas depois, poderá ser uma das janelas para que outras versões da história das resistências cotidianas.

“Esse momento é um passo importante para a nossa comunidade, afinal, você tira o negro da subalternidade e marginalidade como é notoriamente visto e traça a história da luta negra no Brasil, porém, com foco na resistência política, onde conta as históricas que criaram o “aquilombamento”. A série apresenta a base para os outros quatro episódios, fazendo um paralelo de cultura, trabalho, política, religião e educação do ponto de vista negro, enquanto entendemos a história dos movimentos negros no país”, defendeu Ivanir dos Santos.

Para Larissa, grande representante da música negra contemporânea da Bahia e umas das vozes que conduzem a história da série – “Temos que entender sobre a nossa ancestralidade, quais os personagens que fizeram a história, que abriram e construíram espaço para estarmos aqui e agora”.

Reverência

Todos os envolvidos foram reverenciados no palco antes da exibição: arte, edição, diretores, figurinos, entre outros.

Das muitas falas emocionadas, Larissa Luz deu uma quebrada ao soltar a voz com o refrão: “…Sou Zezé, sou Leci, Mercedes Baptista, Ednanci, Aída, Ciata, Quelé, Mãe Beata e Aracy. Pele preta nessa terra. É bandeira de guerra porque eu vi. Se é Conceição ou Dandara. Pra matar preconceito, eu renasci…”.

Com a música “Pra Matar Preconceito” (de Raul Di Caprio e Manu da Cuíca), nessa hora, um único coro tomou conta do teatro.

Ivanir abordou que “Resistência Negra” é uma mistura e traçou um comparativo.

“Basta lembrar do filme ‘Faça a Coisa Certa’, do Spike Lee, a frase do Djonga ‘Fogo nos Racistas” e com Buena Vista Social Club”.

Um elo interessante sobre a obra-prima de Spike Lee, que consegue levantar questões complexas sem maniqueísmos, entre a contemporaneidade no célebre trecho da música ‘Olho de Tigre’, de autoria do rapper mineiro com os veteranos músicos, formado nos anos 90 em Cuba.

“Que honra ser uma trabalhadora operária desse momento tão importante no audiovisual e sociedade brasileira”, declarou Samantha Almeida, diretora de Diversidade e Inovação em Conteúdo.

Abdias Nascimento

Recheado de emoção, ao fim da exibição, uma surpresa para o grande público: um minidocumentário em homenagem à Abdias Nascimento.

Ele abre com uma declamação de “Padê de Exu Libertador”, poema de Abdias, tendo em seguida os bastidores do processo de suas expressões artísticas do militante negro.

Mergulhando na obra do baluarte e Emerson Rocha, em uma mostra do conceito de sankofa, uma conexão entre o futuro com o passado.

As telas de Abdias estão na abertura da série, transbordando de cores, muitas referências ancestrais e espirituais.

Dos muitos convidados, Claudia Vitalino, atuante do Movimento Negro e Mulheres Negras, Joel da Educafro, Patrícia Rodrigues – coordenadora do projeto “Casa da Mulher Sambista”, Pollyne Avelino, do expressivo movimento Wakanda in Madureira, Erick Bretas (TV Globo), Tânia Amorim – umas das idealizadoras do documentário sobre Bangbala “Que eu Receba Riqueza”, Paulo Lins, escritor e roteirista, Deputada Martha Rocha, Luiz Fernando Nery (Petrobrás), Ele Semog (CEAP), Natanael Firmino – PCdoB RJ, Lua Miranda, Elisa Larkin Nascimento (viúva de Abdias Nascimento), entre outras diversas referências negras.

Fruto de muito trabalho

Dom Filó, jornalista, produtor e documentarista, alega, em suma: “Esse trabalho, resistência é memória, faz com que nossa história seja contada e feita por nós, isso é fundamental”.

“Essa série é fruto de muito trabalho, de muita pesquisa e estudo. De um desejo muito grande de contar essa história, que as pessoas conheçam essa história”, declarou, da mesma forma, a roteirista Mariana Jaspe.

Devidamente corroborado por Rafael Dragaud (TV Globo): “Eu acho que a gente não tem a menor ideia de onde essa mensagem pode chegar, principalmente porque ela está chegando agora, finalmente, para o público que foi destinada”.

Uma palinha do “Resistência Negra” foi apresentada. Outros episódios serão exibidos no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, no Globoplay.

Vale conferir, certo de que será, acima de tudo, de grande validade histórica.

“Hoje, as narrativas negras têm ressoado, mas nossos passos vêm de longe, há uma história que não foi contada sobre nós mesmos. São construções ricas e conscientes”, defendeu, em conclusão, o Prof. Ivanir dos Santos, também interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).

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