Abordagens sobre os bens históricos, turísticos, ambientais e imateriais destacam, em primeiro lugar, o compromisso dos moradores no desenvolvimento da cidade
Segue até esta quarta-feira (20.08) o 1º Encontro do Patrimônio Histórico de Mauá, no Teatro Municipal, à Rua Gabriel Marques, 353, Vila Noêmia.
No primeiro dia, nesta segunda-feira (18.08), participaram, por exemplo, o maestro Carlos Binder, a professora Daniela Maia e a representante das religiões de matriz africana, Mãe Solange.
“Mauá é pulsante e viva. É preciso buscar a memória para que seja revisitada e, com isso, se construam pontes para o futuro”, afirmou, em resumo, o secretário de Cultura, Deivid Couto.
O público acompanhou, além disso, o relato do maestro Carlos Binder sobre a criação do Hino de Mauá, em 2007.
Ele lembrou, em suma, a trajetória da Banda Lyra, que conquistou reconhecimento internacional.
Em 1995, por exemplo, o grupo, formado por 120 crianças, participou de um festival no Chile.
Inicialmente programado para cinco apresentações, o número chegou, portanto, a 21.
A organização solicitou que a banda executasse os hinos Nacional, do Chile e de Mauá.
Mas, a cidade ainda não possuía um hino oficial.
Diante disso, Binder convidou o maestro Américo Del Corto — falecido em 2011, aos 96 anos — para compor a obra.
A música exalta a força do povo mauaense, a importância das indústrias de porcelana para o desenvolvimento do país e presta homenagem à nobreza do Barão de Mauá.
O hino foi oficializado em 5 de dezembro de 2007.
“Estou extremamente honrado por este dia”, declarou, emocionado, Binder, diante da homenagem e da oportunidade de relembrar sua trajetória na cidade onde nasceu.
História das professoras
A segunda apresentação foi da professora Daniela Alves, que compartilhou sua dissertação de mestrado defendida na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): “A Escola Primária em Mauá: da escola ambulante à criação do primeiro grupo escolar (1896-1935)”.
O trabalho investiga a história das professoras, dos alunos e da estrutura de ensino no município, motivado pela curiosidade pessoal da autora sobre a evolução da educação em sua cidade natal.
Daniela destacou o compromisso das docentes da época, que muitas vezes precisavam arcar com todas as condições necessárias para o funcionamento das aulas. Em certas ocasiões, as atividades eram canceladas pela ausência de alunos. Entre as educadoras lembradas estão Erothildes, Ana Nóbrega, Judith e Adelaide. “No período abordado, era comum que as crianças trabalhassem, e a prioridade não era a escola, mesmo para as muito pequenas. As professoras vinham diariamente de trem da Capital, mas nem sempre o transporte funcionava”, relatou a pesquisadora.
Rdelevância dos terreiros
Em seguida, Mãe Solange abordou a relevância dos terreiros da cidade e da Roça Itaussu Cultural.
Eles promovem a valorização da cultura e da educação dos povos de matriz africana.
Ela citou como exemplo a implantação da Estação Guapituba, fruto da mobilização dessas e de outras comunidades em busca de benefícios para Mauá.
“Mauá também foi construída por mãos indígenas, depois por mãos negras e, mais tarde, por mãos de imigrantes. É preciso proteger toda essa história”, ressaltou a educadora, que também é diretora de escola da rede estadual.
O primeiro dia do encontro foi encerrado com a apresentação de jovens atores da Cia Teatral Quantum Crescente, que encenaram um conto nordestino dentro do projeto “Cortinas Abertas!”.
Nesta quarta-feira (20.08), o evento será concluído com uma atividade externa: o passeio comemorativo pelos 15 anos do Projeto Guaruzinho.
O mesmo promove a preservação dos mananciais da cidade, incluindo as nascentes do rio Tamanduateí.
A saída será às 9h, do Teatro Municipal, em direção ao Parque Ecológico da Gruta de Santa Luzia, com retorno previsto para as 12h.
