Diego Amaral*
O Brasil, ainda, é um país dividido entre extremos e a direita reacionária se movimenta com pautas pseudo ideológicas que escondem ,como pano de fundo ,objetivos mesquinhos e políticos, que transformam a vida de meninas, moças e mulheres em mero escambo de sua dignidade.
O PL do aborto, que compara o Brasil a país como Afeganistão, é injustificável, pois significa condenar de forma antecipada as vítimas, inclusive já condenadas pela vergonha e o medo da rejeição e preconceito da sociedade. Sujeitá-las à possibilidade de condená-las e prendê-las, inclusive com penas maiores que a dos estupradores é um escárnio. Seria cômico se a situação não fosse trágica.
Sou cristão-evangélico e a favor da Vida sempre!
Mas, existem atenuantes que necessitam ser analisadas à luz da ciência e não da banalização da justiça, com leis infundadas moral e cientificamente.
O estupro é hediondo, mas obrigar a mulher a levar adiante a gravidez, além de tudo o que se pretende, é impor também a pena de tortura psicológica. O ato do estupro jamais será esquecido e conviver com o fruto dessa conjunção carnal forçada é manter o crime do qual foi vítima ,presente todos os dias de sua vida restan
Outro caso é o dos fetos anencéfalos (sem cérebro), e forçar a manutenção da gravidez é condenar a mulher, pai, e familiares a um luto prematuro e uma tortura psicológica de consequências inimagináveis.
O engavetamento do projeto pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, se deve mais ao reflexo negativo que pode causar sobre as eleições municipais deste ano do que sensibilidade e ,por responsabilidade, novamente é preciso que se traga à tona mais um pano de fundo: a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Federal ,em fevereiro de 2025. Na tentativa de manter sua influência e eleger seu escolhido, Lyra se comprometeu a votar pautas ideológicas da bancada evangélica, de quem depende para seguir seus intentos políticos pessoais. Aí está novamente o escambo em evidência.
O aborto precisa e deve ser tratado sob a ótica da saúde pública e não sob a ótica de ideologias religiosas que desejam levar as vítimas aos tribunais.
Criança não é mãe. Bebê não é boneco e a vida não é uma enfeitada e maravilhosa casa de bonecas.
Lógico que há clara necessidade de se analisar todos os casos, sua veracidade e à luz da ciência, mas para isso a justiça precisa ser célere.
Negar a ciência ,sobrepondo crenças e objetivos difusos, traz consequências terríveis, e já vivemos isso em passado recente com mais de 700 mil mortes no país.
Ser cristão é uma busca incansável para tentar se aproximar do caráter de Cristo, jamais do caráter de Judas e de seus algozes.
Diego Amaral – empresário, cristão, pré-candidato a vereador PSOL SBC