Manifestantes reclamam, em primeiro lugar, de intervenções e falta de investimentos da Fundação do ABC no campus
Alunos, professores e funcionários do Centro Universitário FMABC se mobilizaram nesta quinta-feira (21.03) em manifestação pela autonomia da instituição de ensino em relação àa sua mantenedora, a Fundação do ABC.
O protesto reuniu cerca de 500 pessoas e foi motivado, acima de tudo, por uma portaria publicada pela Fundação em 15 de março.
A portaria exige, em resumo, centenas de documentos para serem entregues em um prazo de 10 dias, algo considerado inviável.
A portaria veio, além disso, na sequência de um ofício enviado pelo Ministério Público de São Paulo em janeiro a respeito de desligamento de profissionais, contratação de pessoal e regulamento interno de gestão no Centro Universitário FMABC, com prazo de 60 dias.
A instituição de ensino não se recusou a responder as questões, mas solicitou prazo maior e assessoria jurídica para tratar do caso, algo refutado pela Fundação.
Vestindo camisas pretas, os manifestantes destacaram a falta de flexibilidade da mantenedora, o que indicaria uma tentativa da Fundação de intervir nas operações do Ambulatório e do Laboratório do Centro Universitário FMABC, campos de estágio e atividades práticas fundamentais para os estudantes e também para o público da região atendido nos locais.
Falta de apoio
O protesto também foi marcado por reclamações relacionadas à falta de apoio da Fundação no financiamento de obras para a estrutura do campus.
Foi ressaltado que todas as obras recentes na FMABC foram conquistadas graças a recursos próprios do Centro Universitário e de doações por benfeitores da região.
“Queremos provar para o Ministério Público que não temos funcionários em condição irregular, mas a Fundação não permitiu. E também temos que lembrar a todos que o ambulatório e o laboratório são campos de ensino, não campos de negócio” explica, por exemplo, David Feder, professor titular de Clínica Geral na Medicina ABC.
O reitor do Centro Universitário FMABC, David Uip, também aderiu à manifestação e destacou que mesmo com as reivindicações ainda há respeito pelas instituições.
Sem guerra
“Não se trata de uma guerra, o que queremos é uma conversa. Uma conversa pela autonomia, contra o autoritarismo. Nós amamos nossa comunidade e amamos o que fazemos. E a comunidade é que nos avalia como um dos melhores centros universitários do país. Queremos autonomia e respeito”, afirmou, em conclusão.
A manifestação ocorreu de maneira pacífica e com o apoio da bateria formada pelos alunos do Centro Universitário, percorrendo diversos pontos do campus.
O andamento das atividades do ambulatório e do laboratório não foi prejudicado pelo protesto, que contou inclusive com apoio de pacientes.
Foi o caso de Luiz Fernando Vieira, 68 anos, que estava no local para uma consulta no ambulatório de dermatologia e aderiu aos protestos. “Eu acho que o pessoal está certo no que está pedindo, também apoio a autonomia da FMABC. Faço tratamento no Instituto de Pele e estou muito satisfeito com o serviço”, comenta.