Por meio de convênio com a Prefeitura, instituição atua, acima de tudo, na aprendizagem profissionalizante especial
As histórias de vida de Valmir Peixoto da Fonseca, 55 anos, e Levi Silva de Macedo, 65, se confundem, em primeiro lugar, com a do Centro Ocupacional e Profissionalizante Adélia Redivo, o Copar.
Fundada em 1983, a instituição é, por exemplo, a primeira escola de ensino profissionalizante básico reconhecida no Brasil.
Foi autorizada pela Secretaria Estadual de Educação, em 1988, a prestar atendimentos educacionais a adolescentes com deficiência e distúrbios de aprendizagem, visando ao desenvolvimento de suas potencialidades e o pleno exercício de sua cidadania.
Tanto Valmir quanto Levi ingressaram ainda crianças – com idades bem parecidas, aproximadamente 12 anos.
Aos 14 anos, Valmir sentiu-se preparado para buscar uma oportunidade no mercado de trabalho.
“E consegui. Fiz muita coisa fora daqui: manutenção em ar-condicionado, trabalhei como pedreiro, tapeceiro e outras coisas”, conta, portanto.
Do outro lado
Agora, depois de ter constituído família – Valmir tem duas filhas e duas netas – Valmir está novamente no Copar.
Mas, do outro lado do atendimento: contratado como ajudante-geral (manutenção) e sendo caseiro do Copar.
E é ao lado de Valmir que Levi, que trabalhou mais de 18 anos na APRAESPI (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência de Ribeirão Pires), onde se aposentou, atua nos dias de hoje.
“Depois de ter passado por algumas empresas fora daqui – Constanta e a antiga fábrica de bolacha – voltei pra ‘casa'”, comentou sorridente. Levi também é casado e tem uma filha.
Segundo Leonice Moura, diretora técnica da APRAESPI, a proposta do Copar, no convênio com a Prefeitura de Ribeirão Pires, por meio da Secretaria de Assistência, Participação e Inclusão Social, é formar e encaminhar essas pessoas para o mercado de trabalho.
Para tanto, são ofertados os cursos de: Treinamentos em Habilidades (Pré-Oficinas – para quem chega na unidade); Auxiliar de Marcenaria; Artesão e Mosaico; Horticultura e Jardinagem; Auxiliar de Alimentação; Artesanato; e Artes em Madeira.
Supervisão e atenção
“Há casos em que a vulnerabilidade é maior e, sendo assim, eles não conseguem competir com os demais no mercado de trabalho. Eles precisam de supervisão. Precisam de uma atenção que a maioria das empresas não está disposta a ter. Eles são funcionais, mas não têm a autonomia que o mercado pede”, explica Leonice.
Como, por exemplo, o caso de Admilson de Oliveira, 51 anos, morador do Centro Alto, aluno da APRAESPI desde 1983 e do Copar desde 1987.
Durante o curso de Horticultura e Jardinagem, Admilson comentou sobre suas paixões.
“Amo o Urucum. Vivo trazendo sementes para cá. Olha como cresceram [apontando para algumas mudas]. Também fiz muitas amizades. Alexandre é muito meu amigo. Se não fosse eles aqui eu estaria ‘dentro’ em casa o dia todo”, comentou.
Cantinho favorito
Em meio às hortas, o aluno José Roberto Amaral, 46 anos, morador da Estância das Rosas, também fez questão, em suma, de mostrar seu cantinho favorito.
“Gosto demais daqui. Faço tudo na horta e no jardim, todos os dias. As plantas me fazem companhia”, diz, da mesma forma.
Auricelia dos Santos, diretora de proteção social especial de alta e média complexidade da Prefeitura, salienta que o convênio com o Copar prevê, além disso, que os ‘indivíduos e suas famílias sejam atendidos no conjunto de suas vulnerabilidades, identificadas a partir do processo de integração ao mundo do trabalho’.
“A habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência e a inclusão à vida em comunidade envolve um conjunto de políticas de enfrentamento de barreiras implicadas pela deficiência e, também, pelo meio. Por isso, a assistência social busca alternativas para gerar a possibilidade de fortalecer os vínculos familiares, assim como a autonomia, independência e participação plena na sociedade”, afirma, em conclusão.