Produto da Lei Aldir Blanc, trabalho de pesquisa conversou com moradores antigos para mapear os deslocamentos da comunidade negra entre os anos de 1980 e 2000
Nesta quinta-feira (09.11), como parte das comemorações da Kizomba – Festa da Raça, o Coletivo Diadenega (@kilombodiadenega) apresentou sua Cartografia Adé Ona.
Trata-se de pesquisa dos territórios de Diadema que abrigam de forma material e imaterial as expressões culturais e artísticas afrodescendentes.
A pesquisa, financiada por um prêmio da Lei Aldir Blanc em 2021, buscou moradores que tem história com diversos bairros e comunidades para mapear os deslocamentos da população negra principalmente entre os anos 1980 e 2000. Adé, significa coroa, em Iorubá, assim como a palavra diadema. E Ona, caminho.
“Cada detalhe que pode estruturar essa nossa identificação enquanto pessoas pretas é muito importante,” explicou Ifé Rosa OAQD, uma das quatro mulheres pretas que compõem o coletivo. “Existe um apagamento das histórias da diáspora negra, assim como de histórias de pessoas que vieram de outros locais marginalizados, como os indígenas, ciganos etc. Ao contrário de outras imigrações que são celebradas, lembradas, comemoradas, são nome de rua, nome de praças, como a italiana, a alemã, a japonesa. Escolhemos contar a história da população negra na cidade porque, além de ser a nossa história e a de nossas famílias, se a gente não se narrar, a gente é narrado. Essa cartografia é nossa narrativa.”
Três bairros
Por limitações de tempo e recursos, o coletivo se organizou privilegiou três bairros de Diadema: Campanário, Canhema e Eldorado.
E dentro de um recorte de 20 anos, entre 1980 e 2000.
Referências de nomes negros foram buscados, moradores antigos foram entrevistados, comunidades foram lembradas e registradas.
O resulto está no site do projeto: https://cartografiaadeona.wixsite.com/my-site-3.
“Montamos o site em uma plataforma gratuita e de forma bastante didática, pensando que este material pode vir ser utilizado por escolas, por exemplo,” contou Ifé.
A expectativa do grupo é poder expandir a pesquisa para outros bairros de Diadema.
Além disso, futuramente registrar os depoimentos em vídeo, também para ficarem disponíveis no site.
“É muito importante marcar a história de artistas, trabalhadores e trabalhadoras da cultura, que são pessoas negras, de uma maneira positiva, potente. É uma forma de fortalecer e não esquecer dessas pessoas que fazem arte e resistência.”
“Pra mim, é uma honra abrir a Kizomba contando um pouco da história negra de Diadema,” concluiu.
Confira, em conclusão, a programação da 22a. Kizomba – Festa da Raça: https://portal.diadema.sp.gov.br/ja-e-mes-de-kizomba-a-festa-da-raca/