O Museu de Arte Popular (MAP) de Diadema recebe, até 28 de agosto, em primeiro lugar, a exposição “Universo Onírico e Sensual: Homenagem a Jofersant”.
A mostra celebra, por exemplo, a obra diversificada e detalhada do artista plástico, em memória de seu legado.
João Ferreira dos Santos, ou Jofersant, foi, acima de tudo, um artista plástico talentoso, portador de um universo onírico e imaginativo intenso e múltiplo.
Seu trabalho transitava, em resumo, entre a arte popular e acadêmica, produzindo uma obra diferenciada onde se destaca a sua capacidade e imaginação no detalhamento de cada uma de suas telas.
Sempre atuante e incentivador da Feira de Arte que o MAP realizava mensalmente, sua interação e convívio comunitário eram aspectos marcantes de sua personalidade.
Oficinas
Por essa razão, mesmo sendo independente em seu aprendizado, o artista frequentava as oficinas de pintura do MAP e do Centro Cultural Diadema.
Sempre, da mesma forma, para trocar ideias, alimentar sua imaginação e socializar projetos com as pessoas.
Dentre sua produção artística, dois temas se sobressaem: a exuberância da natureza e a sensualidade do feminino.
Suas paisagens cenográficas são expressas sempre com o manejo de traço ao mesmo tempo fino e rústico, original, o que se reflete em composições de imagens intensas.
Mulher retratada
Já os quadros que têm a mulher como elemento principal são caracterizados pela sensualidade e pela delicadeza de cores e formas femininas.
Entre suas criações de paisagens da natureza, destacam-se dois quadros feitos durante a época em que ele esteve mais próximo das atividades do MAP: “O Velho Chico Enfermo” e “Jardim do Éden II”.
O primeiro foi premiado na Mostra de Arte de Diadema, em 2013, e o segundo foi selecionado para compor a exposição de Arte Naïf do Sesc Piracicaba, em 2017.
Tendo como tema a preocupação ambiental, “O Velho Chico Enfermo” mostra uma vista ampliada da cidade em que o artista nasceu, às margens do Rio São Francisco, e aponta seu processo de degradação. A cidade é representada em seus mínimos detalhes, com elementos que refletem as memórias que o artista tinha da região e detalhes de suas referências recentes. Seu objetivo era entregá-la pessoalmente à sua cidade natal, mas infelizmente, ele não pôde.
Doação
Sua família, além disso, a doou à prefeitura de Ibotirama, Bahia, para que pudesse ser apreciada por seus contemporâneos e por outras gerações.
O quadro “Jardim do Éden II”, por sua vez, é uma bela composição colorida, muito rica em elementos detalhados. Isso vale tanto para a diversidade de animais que compõem o primeiro plano, como também para a paisagem que se faz perder de vista como pano de fundo para esta criação. Este detalhamento foi a maneira que o artista encontrou para apresentar toda a riqueza da flora e fauna brasileiras.
No segundo tema, da sensualidade e delicadeza de cores e formas femininas, o contexto buscado é o de um ambiente onírico.
As as personagens (e também quem aprecia a obra) podem dialogar com a exuberância de um cenário de natureza virgem.
Um exemplo é “A Moça e o Cântaro do Rio Azul”, que apresenta uma mulher agachada às margens do rio, onde é possível observar suas delicadas pernas em uma pose ao mesmo tempo inocente e sensual.
Jofersant desenha a mulher, por exemplo, com traços firmes e com leveza a água corrente da nascente, que permeia e realça a presença feminina.
A exposição “Universo Onírico e Sensual: Homenagem a Jofersant” é, em conclusão, ótima oportunidade para relembrarmos a história artística de Jofersant.
Artista que deixou saudades, não apenas por sua obra, mas também pela simplicidade e companheirismo que o caracterizavam.
Seu legado é, em suma, uma obra diversificada e detalhada que transita entre a arte popular e acadêmica.
Retrata o onírico, a beleza e exuberância da natureza, e a sensualidade da mulher.
Serviço:
Exposição Universo Onírico e Sensual: Homenagem a Jofersant
Museu de Arte Popular
Rua Graciosa, 300, Centro
Até 28 de agosto
Horário de funcionamento:
Segunda a sexta das 10h às 19h
Sábados das 10h às 15h
Texto base: José Aparecido Krichinak
Foto: Reprodução
Edição da imagem: Mauro Pedroso