Conheci Arizão em 1976, na Faculdade de Jornalismo. Grande cara, literalmente, em todos os sentidos.
Tínhamos de 17 pra 18 anos. Muitos sonhos, projetos, queríamos mudar o País, ainda sob a ditadura militar.
Lembro de um texto brilhante dele sobre o Chile de Allende deposto, que tinha o formato do mapa daquele país, terminado em lágrimas.
Alguns anos depois, quando lhe disse que brincava de montar Saltimbancos, ele fez pouco caso de Chico: “Quem não sabe, faz versão, adaptação…”
Ari sempre foi muito inteligente, rápido, decisivo.
Em 1978 me chamou: “Quim-Quim (era assim que me chamava), tem uma vaga de repórter-estagiário no POP (Popular da Tarde)”.
Lá fui eu, contratado por Walter Lacerda e Sergio Carvalho graças ao Arizão.
No dia seguinte estava lá. Cobria o Juventus. Ele, a Portuguesa.
Em 1980, casei em 2 de fevereiro. Arizão foi padrinho, com a Guta.
Vestiu terno branco, gravata vermelha e colocou um cravo vermelho na lapela.
Encantou a todos na Capela de Santo Ivo, no Ibirapuera. Ou melhor, a todas… quase desfez alguns casamentos ao participar do nosso, meu e da Rosana.
Brincadeiras à parte, Ari sempre foi galã, galanteador, sedutor.
Por essas coisas da profissão, caminhei por umas páginas, ele por outras.
Fomos juntos, porém, à inauguração do Famiglia Mancini (com o Tupac, hoje Sandro TwoPac, pequenininho), um dia à tarde, antes mesmo da abertura oficial.
Acompanhei de longe a trajetória dele, sempre brilhante.
Fez muito sucesso em Placar, Folha de S.Paulo, e na tevê (Cultura, ESPN, Record, RedeTV e Band).
Fiquei sabendo de sua morte pelo grande narrador Nivaldo Prieto, e até agora não me conformo.
Menino, 63 anos (eu estou com 62), tinha muito ainda a nos ensinar.
E vai continuar ensinando, porque suas lições estão aí, para quem quiser aprender.
Troquei duas mensagens rápidas com Utama Rhodes, sua linda filha. E lembrei do dia em que ele me contou com um lindo sorriso que ela estava na Austrália.
Preferi não falar de doença. Sei que teve câncer de estômago, e há 20 dias tinha contraído a covid-19.
Nos deixou neste sábado (12/9), e foi enterrado no domingo, em Vila Pauliceia, São Bernardo.
Queria dizer muito mais, lembrar que sempre tivemos o mesmo amor pelo Tricolor do Morumbi.
Mas, Ari merece mais que palavras.
Merece um minuto de silêncio, como se faz no futebol, sua paixão.
E merece uma eternidade para ser lembrado.