Um verdadeiro livro-reportagem, “Cobaias da radiação”, escrito pela jornalista Tania Malheiros, e com prefácios dos seus colegas André Trigueiro e Cristina Serra, revela com fotos e documentos inéditos a história da primeira instalação industrial nuclear brasileira, nas décadas de 40 e 50, em São Paulo.
O lançamento do livro, seguido de debate, será nesta segunda-feira (2404), às 18 horas, na Câmara Municipal de São Paulo.
Em seu livro “Cobaias da Radiação – a história não contada da marcha nuclear brasileira e de quem ela deixou para trás”, Tania Malheiros imprime a história da indústria nuclear Orquima, no Brooklin, São Paulo, sucedida pela Usina de Santo Amaro (USAM) da Nuclemon e Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que deixou um rastro de mortos, desaparecidos e doentes com a exploração da mão-de-obra operária, cujas vítimas, ignoradas pelo Estado, são as “cobaias da radiação”.
Tania Malheiros é jornalista e escreve sobre energia nuclear desde 1986. Seus primeiros furos nessa área foram na Folha de São Paulo.
Depois, passou pelo jornal O Estado de São Paulo, O Globo e no Jornal do Brasil, sempre cobrindo o mesmo tema.
Ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Científica, Tecnológica e Ecológica. Atualmente escreve para o seu blog, principalmente para a área nuclear.
Para Tania é uma honra ter seu livro prefaciado pelos jornalistas Cristina Serra e André Trigueiro. “Honra que levarei por toda a vida”, comenta a autora.
Cobaias da Radiação
Tania conta como a indústria da morte foi criada, como se estabeleceu e fechou, após denúncia que fez em 1990, publicada nos Jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, que resultou em processo movido pela fiscal do Trabalho, Fernanda Giannasi, e o Sindicato dos Químicos.
Depoimentos emocionantes de algumas das vítimas e familiares dos operários mortos dão a dimensão do sofrimento e de quanto eles foram enganados pelos empregadores, durante décadas. Foram quatro anos de pesquisas e entrevistas, até a finalização da obra.
“O livro se propõe a jogar luz sobre um dos maiores crimes de exploração de mão-de-obra operária ocorrido no Brasil”. Espero que possa contribuir para que se faça justiça com as vítimas e representantes dos mortos”, comenta Tania Malheiros
Em São Paulo, o lançamento tem o apoio do presidente do Sindicato dos Químicos, vereador Hélio Rodrigues, e contará com a participação de fundadores e integrantes da Associação Nacional dos Trabalhadores na Produção Nuclear (ANTPEN), protagonistas do livro.
Das 19h30 até às 21h30, haverá debate sobre a questão nuclear brasileira.
Em São Paulo, a aquisição da obra está sendo feita de forma antecipada, pelo PIX: 21 996015849. Não haverá venda no local.
André Trigueiro
“Uma história que permaneceria desconhecida, fossilizada na linha do tempo, não fosse o interesse da autora em procurar pessoalmente as cobaias da radiação para ouvir os seus relatos, testemunhar suas dores e as terríveis sequelas e mutilações que sofreram. Tania compartilha documentos originais, mapas e fotos que explicitam o absurdo. Os fatos apurados pela jornalista denunciam a irresponsabilidade de sucessivas administrações que negligenciaram a necessária remediação dos danos causados à saúde humana e ao meio ambiente. É inacreditável que esse passivo socioambiental permaneça impune. É inacreditável que qualquer projeto, sob qualquer pretexto, enseje tamanha desumanidade”, escreveu André Trigueiro em seu prefácio.
Cristina Serra
“Era uma história obscura, de tenebrosas transações, e que poucos ganharam muito dinheiro enquanto centenas de operários adoeceram e/ou morreram. Pessoas de suas famílias também foram contaminadas, já que as roupas dos trabalhadores eram lavadas em casa. Ainda hoje, os trabalhadores lutam na Justiça para ter direito a um plano de saúde que lhes garanta uma assistência minimamente decente. (…) a Orquima deixou um enorme passivo ambiental em estoques de material radioativo sujeitos à ação do tempo e do descaso. O relato sobre a indústria da morte é um capítulo vergonhoso e revoltante da história da energia nuclear no Brasil. Tania Malheiros reconstitui com obstinação e rigor, um crime de lesa-humanidade. E crimes de lesa-humanidade não prescrevem. Seu livro é um pungente libelo por Justiça”, escreveu a jornalista Cristina Serra em seu prefácio.
Serviço
Lançamento do livro: “Cobaias da Radiação – a história não contada da marcha nuclear brasileira e de quem ela deixou para trás”
Data: 24 de abril de 2023
Horário: às 18 horas
Local: Câmara Municipal de São Paulo
Endereço: Viaduto Jacareí, 100 – Bela Vista – SP, Sala Oscar Pedroso Horta – 1º subsolo