Desejo de Paz

In ABCD On
- Updated
Dom Pedro Carlos Cipollini

Dom Pedro Carlos Cipollini – Bispo de Santo André

Penso que no estágio que atingiu a globalização dificilmente teremos um mundo mais humano, a não ser que haja uma orientação geral, em vista de se obter a paz. Mas será que a paz é o objetivo maior das lideranças que governam o mundo neste momento? Sabemos que o desejo de paz está no coração humano, mas a guerra é desejada e promovida por muitos interesses escondidos.

Mesmo diante da máxima cunhada por um dos impérios mais violentos da história, o Império Romano (Si vis pacem para belum – se queres a paz prepare a guerra), a humanidade deseja a paz, e reconhece o esforço de pessoas que trabalham na sua construção. Atingimos um progresso fantástico com inúmeros avanços, porém, não há um rumo comum para direcionar o futuro. Qual seria esse rumo comum? A paz! É sempre a justiça, busca do bem comum, da dignidade da pessoa humana. Sem isto não há paz.

Durante décadas pareceu que o mundo tinha aprendido com tantas guerras e fracassos. Lentamente ia caminhando para a integração e união. Mas a história dá sinais de regressão. Reacendem-se conflitos, ressentimentos e agressividades. Hoje, a paz está ameaçada. Precisamos mais que nunca promover a cultura do encontro e dizer não à cultura do confronto.

O Papa Francisco afirma que os conflitos locais e o desinteresse pelo bem comum são instrumentalizados pela economia global, para impor um modelo cultural único. “Encontramo-nos mais sozinhos do que nunca neste mundo massificado, que privilegia os interesses individuais e debilita a dimensão comunitária da existência” (FT 12).

Neste contexto, a mensagem do Evangelho brilha com novo esplendor em nossos dias. Jesus proclama felizes os construtores da paz “porque serão chamados filhos de Deus”(Mt 5,9). Assim, Jesus nos garante que a causa da paz é uma causa de Deus. O apóstolo São Paulo ensina que o verdadeiro Deus é Deus da paz (1 Cor 14,33) e ainda escreve: “Cristo é a nossa paz”(Ef 2,14). São Tiago na sua carta afirma que a sociedade regida com a sabedoria de Deus é pacífica: “De fato, para os que trabalham pela paz, um fruto de justiça é semeado pacificamente”(Tg 3, 18).

A maneira de preservar e promover a paz é sempre o diálogo, a cooperação mútua entre as pessoas e os povos, o esforço em aparar as arestas que podem gerar conflitos insolúveis. John Kennedy disse: “A humanidade deve por fim à guerra, ou a guerra porá fim à humanidade”. E isto mais que nunca é verdade, dado ao poder letal das armas sofisticadas, com alto poder de destruição existentes hoje.

Permitam-me terminar esta reflexão citando parte do célebre discurso do papa São Paulo VI proferido na Organização das Nações Unidas (ONU) em 04/10/1965: “Nunca mais a guerra! A paz, a paz deve guiar o destino dos povos e da humanidade toda! Se quereis ser irmãos, deixai cair as armas de vossas mãos. Não se pode amar com armas ofensivas em punho

“A paz terrena, nascida do amor do próximo, é imagem e efeito da paz de Cristo, vinda do Pai”, é o que afirma o Vaticano II (cf. GS 78). Só quem tem Deus no coração, portanto, pode promover a paz. A guerra é instrumento deste mundo material que passa. A  paz é atributo do mundo futuro, a eternidade, que não terá fim.

Trabalhemos pela paz, vencendo o mal fazendo o bem.

You may also read!

Sinfônica de Santo André apresenta concerto Ressurreição com Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo

Apresentações serão, em primeiro lugar, no Teatro Municipal Maestro Flavio Florence em 30 de novembro e 1º de dezembro Em

Read More...

Santo André será única sede do ABCD na Copa São Paulo de Futebol Júnior 2025

Estádio Bruno José Daniel terá dois campeões na primeira fase: Ramalhão e Corinthians, além de Rio Branco-AC e Gazin-RO Santo

Read More...

Rubão Fernandes assume interinamente Prefeitura de Ribeirão Pires

Ato de transmissão do cargo com o prefeito Guto Volpi aconteceu, em primeiro lugar, nesta manhã, no Gabinete; Rubão

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu