Uma das imagens mais lembradas pelos fãs do filme “De volta para o futuro” é quando os personagens Dr. Brown e Martin McFly se preparam para viajar e para abastecer o carro, o cientista coloca o lixo no tanque e diz que este item será o combustível do veículo no futuro.
Na vida real, mais de 35 anos após a produção do filme, pode-se dizer de certa maneira, em primeiro lugar, que o filme previu o que viria a acontecer.
Se naquela época parecia estranho abastecer um carro com itens descartados diariamente, hoje é possível, acima de tudo, perceber o quanto o filme estava correto.
Esses elementos já podem ser revertidos em uma série de benefícios para a sociedade, inclusive combustível, revela a pesquisadora de tecnologias Angela Oliveira.
Descarte correto e benefícios
Em um mundo que produz cada vez mais lixo, o seu descarte correto e aproveitamento pode trazer uma série de benefícios para a sociedade transformando ônus em bônus.
Representante e divulgadora da tecnologia Termoquímica Catalítica, entre outras, Angela Oliveira afirma: “Baseado no sistema de economia circular e logística reversa, atualmente conseguimos transformar o lixo em óleo diesel e Gasolina”.
Os resíduos são tratados não por uma, mas por várias tecnologias diferentes, que são capazes de transformar inservíveis em óleo de alto poder calorífico;
Refinado, ele tem tudo, portanto, para tornar-se diesel e gasolina. Enfim, quase mais nada é enviado para o aterro.
Ela explica que existem tecnologias, que combinadas adequadamente, tratam o lixo sem poluir o meio ambiente e produzir gases tóxicos.
“Além de combustível, é possível produzir fertilizante de alta qualidade para produtores rurais, óleos para motores, gás de síntese, negro de fumo, além de evaporadores de chorume, que vão ajudar a limpar o solo com equipamentos que dedicam-se ao tratamento desse líquido utilizando o próprio lixo causador como remédio para o problema. Temos como tratar até mesmo o lixo eletrônico, com aproveitamento de metais preciosos, acrescenta, para cada resíduo, uma tecnologia especifica”, diz.
Razões para se preocupar
Ainda assim, razões para se preocupar não faltam, destaca Angela: “De acordo com o programa da ONU para a questão ambiental, as cidades do planeta geram em torno de 1,3 bilhão de toneladas de resíduo sólido urbano, que é esse lixo produzido em casa ao ano. E a tendência é que este número cresça para 2,5 bilhões até 2025. A pergunta que fica é: Onde enfiar todo este lixo? O que fazer com tudo isso?”, questiona.
Para a pesquisadora, o futuro é, acima de tudo, agora, e transformar o lixo em energia e combustível já é uma realidade.
É importante também pontuar a necessidade de mudar a mentalidade da sociedade.
“As pessoas precisam pensar duas vezes quando forem descartar o lixo de suas casas. Podem ver que aquilo, de certa maneira, é algo valioso e pode trazer uma vantagem para todos”, detalha.
Angela aconselha: “Antes de colocar tudo no mesmo saco e mandar para a lixeira, separe o que você puder, isso será essencial para o meio ambiente e você colherá os benefícios dessa medida.”
E finaliza: “Abra sua mente para um mundo mais eficiente. Entenda que seu resíduo pode ser uma grande solução e você terá os melhores resultados para o seu bolso e para o seu bem-estar, porque avaliar novas possibilidades, nos torna seres dinâmicos e alinhados com nosso verdadeiro ser, que se encontra sempre além de nós mesmos, nas nossas possibilidades futuras, nas novas maneiras de ver e interpretar as coisas trazendo sentido a nossa existência”.
O filósofo alemão Matin Heidegger dizia, em conclusão, que existir é o mesmo que temporalizar-se. Então, bem-vindo ao futuro, ou seria “de volta para o futuro”?