Quem visitar o Edifício Milton Andrade, sede da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, poderá apreciar, em primeiro lugar, a pintura mural “TerrArte”.
Ela tem representações da presença da mulher nas Artes Visuais, na Dança, na Música e no Teatro, as quatro linguagens artísticas contempladas nos cursos oferecidos no local.
A obra pode, portanto, ser vista no saguão da instituição, uma das mais antigas do País no ensino das artes, na Rua Visconde de Inhaúma, 730, bairro Oswaldo Cruz.
Autor da pintura mural de 2,70 m x 8 m, o artista plástico Elton Hipólito utilizou uma tinta ecológica produzida à base de terra extraída de diferentes solos em São Paulo e Minas Gerais, que proporcionam várias tonalidades.
“É uma pesquisa na qual venho trabalhando desde 2015. A terra tem um significado simbólico de pertencimento e é uma alternativa à tinta comum, em relação ao custo, além de ser um processo mais consciente e ecológico de extração”, explica, em suma, o artista, que foi aluno do Curso Livre de Artes Visuais na Fundação.
“Fazer esse mural na Fundação das Artes é uma satisfação, estou bem feliz pelo convite. A instituição é a base de onde estou hoje profissionalmente. Aqui foi uma segunda casa para mim: eu passava as tardes auxiliando os professores como monitor no Ateliê de Artes Visuais e, à noite, participava das aulas”, conta, da mesma forma, o artista, que atualmente tem trabalhos expostos no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), e no Museu da Carris, em Lisboa, Portugal.
Garimpo da tinta
Para extrair a tinta utilizada no mural, ele retira toda a matéria orgânica, como pedras e folhas, e peneira a terra por várias vezes, até obter um material bem fino, o que garante a qualidade do produto final.
Com as diferentes tonalidades obtidas, Hipólito retratou na pintura mural os movimentos de uma musicista, três bailarinas, uma atriz e uma pintora, inspiradas em fotos de alunas da Fundação.
A integração entre as linguagens artísticas, retratada no mural, é exatamente o que Hipólito vivenciou na instituição enquanto aluno: “Eu acompanhava os ensaios e apresentações no Teatro Timochenco Wehbi e acabei tendo uma aproximação muito legal não só com os alunos de Artes Visuais, mas também das outras áreas”, relata.
Para a diretora-geral da Fundação das Artes, Ana Paula Demambro, a pintura mural destaca o movimento presente nos corredores da instituição.
“A obra traz todo o dinamismo e a vivacidade das linguagens artísticas na Fundação, retratadas através da sensibilidade do Elton, que foi aluno e hoje é reconhecido artista em sua área de atuação. Com certeza, trará mais vida aos corredores de uma das mais antigas instituições de ensino das artes do Brasil”, afirma, em conclusão.