P. Penedo
Vivendo o tempo
Os físicos teorizam que no momento da criação do Universo a mesma quantidade de matéria e antimatéria foi gerada. Porém o encontro entre esses dois elementos, pela lógica, provocaria o aniquilamento de ambos já que a colisão entre uma partícula e sua antipartícula resulta na conversão delas em radiação. Ocorreu no entanto que o encontro não resultou na aniquilação de ambos os lados, e eis-nos aqui vivendo no nosso Universo concreto, material, sem noção do que houve com as antipartículas do (ainda) teórico outro lado. Levando-se em conta as leis da simetria, muitos físicos acreditam que há um anti-Universo, espécie de espelho do nosso, formado por antimatérias, com a diferença, lógico, de ser formado por partículas com cargas opostas. E, como o nosso universo encontra-se em expansão seria coerente afirmar que o anti-Universo, contrário do nosso, também se expande, levando inclusive o tempo para trás. Essa hipótese ajudaria a entender a razão pela qual o tempo aqui se move no sentido oposto, ou seja, no rumo do futuro. Acho bom deixar o problema com os teóricos. Ou melhor, com os cérebros dos que são capazes de imaginar o que nem de longe meu pobre cérebro comum é capaz de calcular. Eles que decidam o que esses mundos fazem com o Tempo e a razão que o faz mover-se em velocidades diferentes (tem mais essa), de modo que em certos pontos do Universo enquanto ele percorre apenas algumas horas aqui na Terra pode ter decorrido muitos anos. Então, a questão é: onde está ou que é o passado? O futuro? O presente? De concreto mesmo o que sei é que há não só uma, mas várias fichas na fila de cair.
Matando o tempo
Enquanto cientistas navegam no espaço-tempo uma nave monstruosa de 19 andares, o maior navio cruzeiro do mundo, cruza os oceanos. Só de tripulação, 2.300 funcionários para atender 5.600 passageiros. Piscinas, cachoeiras artificiais, tobogãs, teatros e, como não poderia deixar de ter, 40 bares/restaurantes.
Navega desde o início do ano pelos caribes da vida ajudando turistas bem-aventurados a, ao contrário dos cientistas, matar, e nunca explicar, o tempo.
Espinhos da vida
“Em um dia gelado de inverno, diversos ouriços se amontoaram muito próximos para evitar que congelassem, graças ao calor mútuo. Eles logo sentiram a dor causada pelos espinhos dos demais, o que fez com que eles se separassem novamente. Mas a necessidade de calor voltou a uni-los e o recuo dos ouriços se repetiu, de forma que eles ficaram presos entre dois males, até descobrirem a distância adequada na qual eles poderiam se tolerar melhor, uns aos outros.” Foi assim, com essa parábola, que o filósofo Schopenhauer, conhecido por sua crueza em analisar a humanidade, resumiu a natureza complexa das relações humanas. Mostra como somos reféns de dois dilemas: o isolamento e o risco de nos ferirmos mutuamente. “A necessidade de se socializar que surge do vazio e da monotonia da vida dos homens os une; mas suas numerosas características desagradáveis e repulsivas, além dos seus inaceitáveis inconvenientes, separam-nos mais uma vez”. “A distância média que eles finalmente descobrem e lhes permite suportar ficar juntos são a cortesia e os bons modos. Em virtude disso, o fato é que a necessidade de calor mútuo só será satisfeita de forma imperfeita, mas, por outro lado, eles não sentirão a picada dos espinhos.” Arthur Schopenhauer, fevereiro 1788 / setembro 1860.
Conjecturas
Se a viagem no tempo é possível, onde estão os turistas do futuro?
Stephen Hawking.
A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.
Albert Einstein.
Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.
Clarice Lispector.
A saudade é o que faz as coisas pararem no Tempo.
Mário Quintana.
Agosto
Leandro, da dupla Leandro e Leonardo, faria 61 anos nesse 15 de agosto. Ele encomendou a uma outra dupla de autores/compositores que criasse uma música para ser interpretada por ele e o irmão. A composição, infelizmente, jamais foi gravada por eles, mas a dupla de autores acabou registrando-a em CD.https://www.youtube.com/watch?v=zY9er90V_Cw
