Tarcísio admite comida de bola com supertaxação e muda de novo ICMS sobre alimentação

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Joaquim Alessi

Ainda com o retrogosto da Ceia de Natal e almoço do dia 25, o governador engoliu seco, mas acatou a reivindicação do empresariado

O governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) considerou os argumentos do setor de Alimentação Fora do Lar.

Por isso, vai reeditar o decreto que concede redução na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS).

O benefício é válido, em primeiro lugar, apenas até 31.12.

Sem a renovação, o apetite voraz da Fazenda paulista elevava a tributação dos atuais 3,2% para 12% – aumento de 300%, a partir de janeiro de 2025.

O Estado, até então disposto a acabar com o auxílio, anunciou, portanto, alíquota de 4%.

Isso aconteceu em audiência com a Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes (Fhoresp), nesta quinta-feira (26.12), no Palácio dos Bandeirantes. 

Durante as negociações com a gestão Tarcísio, iniciadas há algumas semanas, a Federação protocolou um documento.

Solicitava a revisão do decreto em vigor desde 1993, ao passo em que sugeriu alíquota de 3,69 para o lucro presumido e de 4% para o lucro real.

Duas reuniões também foram realizadas entre membros da Fhoresp e os secretários de Estado de Governo, Gilberto Kassab (PSD), e da Fazenda e Planejamento, Samuel Kinoshita.

Ganho para o setor

Para o diretor-executivo da Federação, Edson Pinto, o percentual definido pelo governador, hoje, durante audiência, na sede do Executivo paulista, representa ganho para o setor, uma vez que está bem próximo do solicitado.

“Chegamos a um bom patamar, o de 4%. Tarcísio (Gomes de Freitas) demostrou bom senso e sensibilidade à nossa causa, mantendo o regime especial de tributação da nossa categoria, que está em vigor há 31 anos. Presente de maneira legítima nos 645 municípios paulistas, a Fhoresp reconhece a importância e a força deste gesto do governador”.

Caso o decreto não fosse reeditado, alimentos sofreriam aumento imediato e o preço seria repassado ao consumidor, conforme alerta Edson Pinto.

Demissões e fechamentos

“Seria ruim para toda cadeia produtiva do ecossistema, do empresário ao consumidor final, passando pelo produtor, indústria e o trabalhador, que faz, pelo menos, uma refeição fora de casa. Sem contar que muitas empresas, mesmo aumentando o preço do cardápio, não iriam aguentar a carga tributária. Haveria demissões e o fechamento de estabelecimentos”.

O regime especial de tributação existe desde o governo de Mário Covas e vinha sendo renovado, desde então.

A concessão do benefício expira em cinco dias, e a gestão Tarcísio havia fechado as portas para as entidades de Alimentação Fora do Lar para negociação.

A medida gerou, por exemplo, um prato feito para a grande revolta no setor. 

As portas para diálogo só foram abertas há poucos dias.

Além de Kassab, a senadora por São Paulo Mara Gabrilli (PSD) intermediou conversas com o Estado.

O pedido foi para que a Fhoresp fosse ouvida e participasse das tratativas quanto ao ICMS. 

A Alimentação Fora de Casa reúne bares, restaurantes, padarias, refeições coletivas e demais estabelecimentos gastronômicos.

Todos juntos representam um universo de mais de 500 mil empresas em pleno funcionamento em todo o Estado. 

O segmento gera 1,4 milhão de ocupações, entre formais e informais.

Segundo a Fhoresp, estas empresas representam, em suma, 5,7% dos empregos da economia paulista. 

Audiência

Além do diretor-executivo da Federação, participaram da audiência com o governador o secretário-geral da Confederação Nacional do Turismo (CNTUR) e vice-presidente do Sindicato de Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo (Sindresbar), Nei Feniar; o diretor jurídico do Sindresbar, Luiz Coelho Pamplona; o diretor de Relações Institucionais da Fhoresp, Sylvio Lazzarini; o secretário de Estado da Fazenda e Planejamento, Samuel Kinoshita; o vereador de São Paulo Rodrigo Goulart (PSD); o presidente do Conselho Diretor da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Cristiano Melles; e, em conclusão, o CEO do Habibs, Alberto Saraiva.

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