Sindicatos internacionais declaram solidariedade aos trabalhadores brasileiros em defesa da democracia

In ABCD, Canto do Joca, Sindical On
Fotos: Divulgação

Ato ocorreu, em primeiro lugar, durante seminário da IndustriALL-Brasil que apresentou o diagnóstico sobre política industrial nacional

A IndustriALL-Brasil apresentou, nesta terça-feira (20.09), os resultados e diagnósticos dos seminários que percorreram o Brasil para debater o tema: “Futuro da Indústria: Desafios da Política Industrial” através das perspectivas regionais, visando à construção de propostas e soluções para o setor.

O evento também foi marcado pela assinatura da declaração final de solidariedade internacional com os trabalhadores, as eleições e a defesa da democracia no Brasil.

Com a presença de dirigentes sindicais, líderes políticos e delegados internacionais, o debate, na Liberdade, Capital, foi iniciado com uma discussão sobre a participação dos trabalhadores e sindicatos na construção de políticas industriais nos países, seguido pela apresentação sobre a perspectiva de desenvolvimento nacional no setor.

Necessidades das políticas

A primeira mesa foi composta, portanto, pelos delegados internacionais.

Eles apresentaram suas contribuições sobre o papel e as necessidades das políticas.

“Para o sindicalismo internacional, as atividades dos trabalhadores e de política industrial são um elemento central da construção de estratégias práticas para a base de uma solidificação da solidariedade, da interação e da geração de bases para o desenvolvimento. A política industrial faz parte de um elemento com características concretas do desenvolvimento econômico, não apenas da melhora das condições de trabalho, mas de vida.”, comentou, em resumo, Juan Blanco, representando as Comissiones Obreras da Espanha.

Bélgica, México e Argentina

A mesa também foi composta por companheiros da Bélgica, México e Argentina.

A diretora da agência InovaUFABC, Profa. Dra. Cristina Fróes de Borja Reis, detalhou sobre a necessidade de um pacto pelo desenvolvimento produtivo inclusivo e sustentável.

“A gente quer solucionar os grandes desafios nacionais, e isso está na agenda dos trabalhadores. A agenda nacional é contra a fome, miséria, desemprego, por condições melhores de trabalho e salários. Então um pacto pelo desenvolvimento tem que ter esse olhar, principalmente nas questões regionais, olhando cada realidade”, comentou Cristina.

Educação e qualificação

Aroaldo da Silva, presidente da IndustriALL-Brasil, foi responsável pelo fechamento e diagnóstico realizado a partir dos seminários estaduais.

Entre os temas e propostas discutidas, está a necessidade da articulação pela educação básica, formação e qualificação profissionais.

Na mesma linha, está a necessidade da construção de centros de pesquisa e desenvolvimento, bem como a inserção de trabalhadores no debate da reindustrialização.

O debate da transição justa, da reforma tributária solidária e progressiva e estímulo ao comércio exterior em boas práticas também foram  muito presentes.

Soma de esforços

“Cada um aqui vem discutindo, dialogando, e será só através da união, da soma de esforços que vamos conseguir dar um salto de qualidade para melhorar a vida do povo brasileiro, construindo um projeto de fato de desenvolvimento para o país, América Latina e mundo, diminuindo as desigualdades, a pobreza e a fome e melhorar as condições da classe trabalhadora”, comenta, em resumo, o presidente.

Sobre a visão estratégica e ações para a construção das políticas para o setor, Cida Trajano, presidente da CNTRV CUT e Coordenadora do macrossetor da indústria da CUT, explicou o Plano Indústria 10+.

“Esse plano de reindustrialização leva em conta as missões, por uma indústria voltada à educação, saúde, saneamento básico, moradia e transporte. Caso não ocorra uma reindustrialização pensada nisso, com certeza não será uma ação voltada para a população”, comentou Cida.

Secretário geral da FEQUIMFAR, Edson Bicalho, abordou a a necessidade de uma estabilidade política e econômica para que o País possa se desenvolver.

“Precisamos de uma política industrial que seja competitiva com o mundo, e que tenhamos condições de discutir a curto, médio e longo prazo. Ninguém vai investir no Brasil sem uma perspectiva de continuidade, com previsibilidade. No setor químico, por exemplo, temos problemas com água, energia elétrica, infraestrutura, então o nosso desafio acaba sendo um dos maiores do mundo, e isso começa pelas necessidades básicas”, disse Bicalho.

Demandas e agenda política dos sindicatos no contexto das eleições no Brasil

Os sindicatos dos trabalhadores da indústria internacional presentes no seminário saudaram a elaboração de propostas da classe trabalhadora brasileira e expressaram, em um documento assinado pelas mesmas, sua solidariedade com o processo eleitoral e com as eleições nacionais a serem realizadas em 2 de outubro de 2022.

“Desde o golpe de 2016, os trabalhadores e as trabalhadoras brasileiros resistem à intenção do governo de destruir a indústria nacional, aos ataques à sua soberania, à precarização do emprego e à violação dos direitos humanos. Como irmãos e irmãs, continuamos apoiando processos de cooperação e intercâmbio internacional para fortalecer estruturas e organizações sindicais, bem como a construção de políticas industriais baseadas no interesse da classe trabalhadora no Brasil”, relata a nota.

Apoio a Lula

No plano internacional, os sindicatos internacionais esperam que “os trabalhadores brasileiros consigam eleger um novo projeto nacional que fortaleça a indústria brasileira, o sindicalismo e a democracia.”

Nesse sentido, destacaram: “Por isso, apoiamos a candidatura do camarada Luiz Inácio Lula da Silva e seu projeto político, e esperamos que tanto o voto popular quanto os resultados das eleições sejam respeitados”.

“Como observadores internacionais, estaremos atentos para denunciar qualquer irregularidade ou atentado à democracia que busquem mais uma vez atacar a vontade soberana da classe trabalhadora brasileira”, conclui o documento que foi assinado pelos sindicatos internacionais, juntamente com a IndustriALL Global Union: Unión Obrera Metalúrgica – UOM – Argentina; ABVV Metaal – Bélgica; Comisiones obreras – CCOO Industria – España; Sindicato independiente de trabajadores de AUDI e Sindicato de los trabajadores Mineros de México.

Garantia dos direitos

Para o secretário geral adjunto da IndustriALL Global Union, Kemal Özkan, a reconstrução do Brasil se dará através da garantia dos direitos.

“Precisamos de um contrato social para construir novamente a sociedade. Enquanto Brasil, precisamos reconstruir a democracia, através da garantia dos direitos fundamentais, de opinião, expressão, religião, enfim, tudo isso através de um conjunto de políticas que funcione para o povo”, comentou.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, reforçou o papel dos trabalhadores neste processo eleitoral.

“Com todos os problemas que nós tivemos, posteriormente com a pandemia, o movimento sindical mostrou que é essencial. Temos a convicção que vamos virar essa página e o Brasil voltará a sorrir de novo. Entretanto, a luta não pode parar, pois será somente através dessa luta e união que o povo brasileiro voltará a vencer”, comentou.

Apoio da CUT

Lido nesta quarta-feira (21) durante seminário internacional da IndustriALL-Brasil e IndustriALL Global Union que convidou candidatos ao pleito eleitoral para discutir projetos políticos para as eleições gerais, o documento foi apoiado pelo presidente da CUT, Sérgio Nobre.

Na ocasião, o Nobre falou sobre a defesa das pautas do movimento.

“Nós do movimento trabalhista temos muitas pautas para reivindicar, como reforma sindical e trabalhista, direitos básicos que temos de recuperar, e não será um debate fácil, por isso devemos estar unidos”, comentou o presidente da CUT.

Projeto Sask

O seminário é realizado, portanto, pela IndustriALL-Brasil em parceria com a Sask – Centro de Solidariedade Sindical da Finlândia e IndustriALL Global Union.

Entre os Estados que receberam o debate estão Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.

Nos próximos anos, a perspectiva é, acima de tudo, que os debates sigam ocorrendo no País.

O objetivo é que o tema siga sendo discutido pelas entidades sindicais, uma vez que os desafios englobados pela política industrial seguem, da mesma forma, no dia a dia da população.

Além disso, os acúmulos gerados pelos seminários seguirão contribuindo para a construção do Plano Indústria 10+.

Também, em conclusão, darão subsídios às agendas políticas e de debates no Brasil.

 

 

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