São Paulo vai travar de vez. Não vai demorar.

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Por Marli Gonçalves*

Aliás, já está parando toda hora, e é por tanta coisa malfeita, malcuidada, mal administrada; quem mora aqui sente. É quase distópico o ambiente onde construções absurdas derrubam memórias, empresas deixam sem luz, água e comunicação, a locomoção quase impossível. Não há planejamento e cada vez mais o clima trará surpresas, embora há ainda quem não acredite no volume de todas as emergências.

Sempre que pensava em “São Paulo vai parar!” era por coisas tipo protestos, vide 2013, Carnaval de rua, e mesmo em volta de enterros e homenagens a pessoas marcantes, ídolos, celebridades cultuadas, como foi com Tancredo Neves e Ayrton Senna.  São Paulo agora trava até sem motivo climático, alguns dias piores que outros. Tudo é muito, e a Lei da Física que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo se demonstra diariamente.

A cidade não está preparada para nada que saia um pouco da rotina. Pouca assistência do poder público. Os ventos dessa semana, acima do normal, causaram mortes, acabaram por derrubar centenas de árvores, já maltratadas com lixo a seus pés, conforme reclamo tanto. Por aqui perto, a rua “nobre” ficou parecendo uma galinha depenada depois da passagem do ciclone extratropical e há dias só se vê o arrastar de vassouras tentando colher seus restos ou galhos. As luzinhas de Natal intermitentes davam até tristeza.

Não há planos de contingência, milhões de moradores ficaram sem luz, alguns até agora, muitos ainda sem água; fazem fila para dar depoimentos comoventes aos noticiários, contando suas amarguras ao tentar contatar as empresas irresponsáveis. Que respondem com notas frias e argumentações ralas, contas caras. Privatizadas, eram esperança. Eram. Vide ainda o que ocorreu no Aeroporto de Congonhas, com milhares batendo cabeça, pelos saguões sem amparo e sem orientação de como ou quando chegariam aos seus destinos. As multas que levam ficam sem ser pagas entre disputas e controvérsias judiciais.

O prejuízo milionário das lojas obrigatoriamente fechadas em pleno período de Natal, as perdas de alimentos estocados, calculadas em milhões, no ar.

A Câmara Municipal, só ainda não tão vergonhosa quanto a Câmara Federal que tomou medidas assustadoras essa semana no embate com outros poderes, continua lá, grosseira, aumentando impostos para nós e os seus próprios salários, liberando incorporações e pedidos de poderosos. Não conhecendo a cidade que, como vereadores, deveriam representar e proteger. O exemplo recente, o projeto de lei para regularizar o uso de motos por aplicativos, tão estranho que as próprias empresas que o esperavam desistiram de operar. Não achariam motoqueiros verdadeiros anjinhos que pudessem atender tantas regras, cursos, obrigatoriedades, testes, pré-requisitos, não pode isso ou aquilo, circular aqui ou ali. Ou seja, continuará sendo irregular o transporte por motos, usado rotineiramente e por necessidade em toda a periferia.

Rodízio? Cada dia mais carros trafegando, liberados elétricos, híbridos, de quem pode comprá-los. O incentivo ao uso enquanto o transporte coletivo se esmera em ser tão ruim, não planejado, em deixar a população na mão, nos pontos, transportados como gado. A greve dos motoristas durou algumas horas, decidida de repente pela categoria numa tarde de chuvas e ventos, sem aviso prévio e por mais “justa” que fosse a reivindicação, cruel. Com a ordem do sindicato muitos despejaram passageiros pelo meio do caminho, fechando as portas e nem concluindo a viagem até o ponto final. Os aplicativos e seus preços flutuantes descontrolados cobrando absurdos que poucos ganham em um dia obrigando a longas caminhadas na volta para casa.

São Paulo, na verdade, a metrópole, não pode continuar cruel assim com seus habitantes, sujeitos à violência, cada dia mais estressados, com necessidades básicas não atendidas. A decadência dos serviços e infraestrutura, zeladoria desleixada, suja.  Se parar, se travar de vez, pode ser um perigo. Muita gente junta e revoltada não tem boas ideias.

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– MARLI GONÇALVES – Jornalista, cronista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano, Coleção Cotidiano, Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.  marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br

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