Evento na Pinacoteca mostrou panorama da população guarani na cidade, visando, acima de tudo, a estimular o respeito à cultura originária
Com objetivo de dar visibilidade aos povos indígenas e mostrar um panorama atual da população originária na cidade, a Prefeitura de São Bernardo promoveu na quinta-feira (11.08), em primeiro lugar, o seminário Agosto Indígena: O Povo Guarani em São Bernardo, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal, além das pastas de Assistência Social e Cultura e Juventude.
Criado para tratar sobre as raízes da história, o evento ocorreu, portanto, no auditório da Pinacoteca, com a presença de aproximadamente 200 pessoas.
A atividade integra a programação pelos 469 anos do município, visando, da mesma forma, a estimular o respeito à cultura indígena.
Aldeias Guarani
Em São Bernardo existem, atualmente, três aldeias Guarani: Guyrapaju, Kuaray Rexakã e Nhanderu Mirim, no Pós-Balsa, bairro Curucutu, onde vivem cerca de 130 indígenas.
Outra aldeia, a Krukutu, bastante visitada e estruturada, fica bem próximo à divisa com Parelheiros, em São Paulo.
O território conta com oito aldeias, com mais de 1.500 membros dos povos originários..
“Honra participar deste evento especial. Embora o tema esteja agora em voga, sempre foi de absoluta importância. Estamos falando de nossas ancestralidades. Para além da cultura de paz, de reverência e respeito à natureza, que eles comungam e podem compartilhar, há preocupação com os ativistas. Muitos estão dedicando não só a vida como até a morte em defesa da causa do meio ambiente. Se cada um sair daqui um pouco mais conscientes do quão é fácil fazer essa transformação já nos daremos por satisfeitos”, assinalou, em resumo, a secretária de Meio Ambiente de São Bernardo, Regina Célia Damasceno.
Dia Internacional
O seminário ocorreu entre as ações pela comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto.
A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para nortear os debates sobre o significado de garantir condições de existência dignas aos povos indígenas.
O censo de 2010, último registrado no País, aponta que há mais de 800 mil representantes dos povos originários vivendo no Brasil.
São, portanto, integrantes de 305 etnias diferentes e falando 274 línguas nativas, o que dá a dimensão da diversidade.
Demarcações
Entre os assuntos abordados estavam o cuidado e preservação do povo originário e demarcações.
Representantes da Funai e do Ministério Público Federal (MPF), bem como lideranças de aldeias da cidade estiveram presentes no seminário.
Integrante da Guyrapaju – a primeira instalada em São Bernardo –, Elson Mirim da Silva destacou a importância da luta pela sobrevivência do povo indígena e de reduzir o distanciamento da sociedade.
“É importante conhecer para respeitar. Essa iniciativa tem muito significado para termos mais respeito. Momento de fazer discussões. Podemos obter um futuro melhor”, disse, por exemplo.
A iniciativa nasceu do comitê oficialmente implantado pela Prefeitura para discutir questões indígenas.
Procurador da República, Steven Zwicker parabenizou o município pela medida.
“É uma iniciativa que estamos acompanhando desde 2017. O grande marco foi o decreto que institucionaliza o comitê de assuntos indígenas na cidade. O Ministério Público entra como convidado. O seminário ajuda a aproximar, oportunidade de se desfazer estereótipos, de desmistificar concepções errôneas e perceber que é uma população que vive no município, são cidadãos da cidade, em que pese seja uma cultura diferenciada”, afirmou, da mesma forma.
Território indígena
Ainda pouco conhecida por muitos dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo, a terra indígena Tenondé Porã compreende parte do território com os povos originários da cidade.
Tem, em conclusão, cerca 159,69 quilômetros quadrados, estendendo-se por São Bernardo, Capital e pelos munícipios da Baixada Santista, a exemplo de São Vicente e Mongaguá.