SAMU Diadema completa 20 anos

In ABCD On
- Updated
Foto: Mauro Pedroso/PMD

Modelo francês de atendimento móvel de urgência foi implantado há duas décadas e, desde então, é referência para a população de Diadema; serviço conta com 12 ambulâncias e uma base descentralizada no Eldorado

A história do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Diadema se mescla com a história de vida de muitos profissionais da saúde. Quando foi criado, em 7 de julho de 2004, o serviço contava com duas ambulâncias, os chamados eram anotados em papel e passados para a equipe. Hoje, o SAMU possui 12 viaturas, sendo 10 de Suporte Básico de Vida (SBV) e duas de Suporte Avançado (SAV), além de ambulâncias para reserva técnica, e a Central de Atendimento registra, em média, mais de 2.200 chamadas por mês.

Naquele tempo, também não existiam aplicativos para celular, wi-fi ou tecnologia touchscreeen, instrumentos fundamentais para a velocidade dos atendimentos e comunicação entre a equipe da base e aquela que está em operação na rua. Após a revitalização da sede, em 2022, o serviço passou a contar com uma estrutura moderna que inclui pabx com gravação e identificação adequada dos chamados, aplicativo em smartphone para comunicação com a equipe da ambulância, tablets integrados com o sistema de gestão e localização das ambulâncias por GPS.

A base consegue acompanhar em tempo real onde estão as ambulâncias e, assim, enviar aquela que está mais próxima da ocorrência, diminuindo o tempo de espera pela chegada do socorro. Neste ano, também foi implantada no Pronto Atendimento (PA) Eldorado uma base descentralizada do SAMU, já que a região é a segunda com mais chamados na cidade. Mais informações em https://portal.diadema.sp.gov.br/reforma-de-pa-eldorado-qualifica-atendimento-na-regiao-sul/.

À época da implantação do SAMU 192, cujo modelo se baseou no atendimento francês da década de 1960, o médico intensivista Paulo Hori e a agente administrativo Cássia Aparecida Santos trabalhavam no setor de urgência e emergência Hospital Municipal de Diadema e foram convidados para participar da equipe pioneira. Ela para organizar as questões de recursos humanos e ele para regular os casos que chegavam pela Central 192.

Embora seja um dos mais antigos profissionais do SAMU, Paulo adianta que este é o emprego com menos tempo de casa (20 anos), já que também trabalha há 28 anos no Hospital Estadual de Diadema – conhecido também por Hospital Serraria – há 26 anos na Prefeitura de Diadema.

Cássia atendia os chamados e passava para o médico regulador, que orientava a pessoa por telefone e avaliava a necessidade de envio ou não da ambulância e qual tipo de estrutura demandada. Ela também fez a escala das equipes durante uma década, além de ajudar em ações educativas como o SAMUzinho nas escolas, que realizava palestras em escolas para desmotivar crianças e jovens a passar trote no serviço, além de mostrar a importância do SAMU e dos procedimentos em caso de urgência. Em 2018, os trotes representavam 25% das ligações atendidas. Em maio deste ano, esse percentual foi entre 2 a 3%.

“O prédio é o mesmo desde o início, já foi reformado, mas é o mesmo local. Eu digitei todos os primeiros protocolos de atendimento (orientações e dados para direcionar o trabalho das equipes socorristas)”, lembra Cássia. Hoje, ela atua no recebimento de chamados. “Lá dentro (da central 192) é o coração do SAMU. Quando a pessoa liga, você precisa saber o que aconteceu e o que ela vai necessitar. O médico regulador vai orientando e tranqüilizando a família do outro lado da linha”, ressalta Cássia.

Referência

Embora possa parecer simples a estrutura utilizada no início do SAMU, aos poucos Diadema virou referência para outros serviços na região e no país.

Além disso, Paulo foi o segundo médico no país a usar trombolítico (medicamento para tratar infarto e melhorar o prognóstico do paciente) em atendimento móvel de urgência, no ano de 2007. “Tratamos o paciente antes de chegar ao hospital. Quando mais precoce é o tratamento, melhor é a resposta”, valoriza, Hori.

O serviço conta com um Núcleo de Educação Permanente que proporciona formação, treinamento e atualização permanente para as equipes de socorro. A participação das equipes em simulados regionais para atendimento a acidentes e múltiplas vítimas é uma ação constante, importante para o enfrentamento de situações maiores e que ocorrem com menor frequência, como o acidente da TAM no aeroporto de Congonhas, em 2007; o incêndio da indústria Di-all Química, em Diadema, em 2009; e o desabamento da igreja Assembléia de Deus também no município, em 2016. “Esse desabamento foi o atendimento mais longo que eu participei. Foram 15 horas para tentar tirar duas vítimas. E tiramos com vida! Passamos por coisas que marcam nossa vida”, afirma Hori.

Cássia também estava de plantão no dia do acidente da TAM e rememora as impressões daquela época. “As ambulâncias foram para dar apoio e os profissionais que voltavam lá tinham cheiro de queimado, de carne queimada. Foi impressionante”, conta.

Atendimento

Quando o SAMU Diadema completou um ano, a equipe era composta por 150 profissionais. Agora, são 182 socorristas exclusivos do serviço.

Desde 2019, quando o novo sistema de alimentação de dados foi implantado, foram realizados 138.804 atendimentos (envio de ambulância) pelo SAMU. Em 2023, os atendimentos chegaram a 24.568. Já nos primeiros cinco meses deste ano, foram 11.320 atendimentos, uma média de três a cada hora.

Ao receber o chamado, a ocorrência é direcionada ao médico regulador, que classifica a situação por risco (do mais ao menos urgente) e, caso necessário, direciona qual ambulância deve ser enviada. Após a chegada da equipe, também orienta a conduta dos profissionais com instruções do que deve ser feito ou a transferência para um serviço de saúde.

O SAMU ainda realiza as transferências de pacientes de um hospital para outra unidade hospitalar, de acordo com o suporte necessário.

“A história de 20 anos do SAMU se confunde muito com a minha história de vida”, considera Paulo. “Meus pais moraram em Diadema, eu estudei do pré-primário ao colegial e entrei para uma das melhores faculdades. Se Diadema me deu estudo porque não devolver para a população, já que eu sempre quis ser médico?”, finaliza agradecido.

Serviço:

Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)

Telefone: 192

You may also read!

Clube União Lyra Serrano, em Paranapiacaba, será restaurado

Prefeitura de Santo André assinou termo de cooperação técnica com Instituto de Cultura Democrática para recuperação de prédio histórico A

Read More...

São Paulo paga o preço da rede elétrica obsoleta

Verão e chuvas intensas reacendem o debate sobre a necessidade de redes subterrâneas para modernizar o sistema e evitar

Read More...

Florestan Fernandes amplia e democratiza oportunidades de qualificação profissional em quatro anos

Fim de prova de admissão, criação de núcleos descentralizados de formação e parcerias para ofertar cursos técnicos contribuíram para

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu