Marcando o aniversário de 71 anos de Ribeirão Pires, a Prefeitura, em parceria com a Associação Flor da Vida, inaugurou, na manhã desta quarta-feira (19), a primeira clínica pública de cannabis medicinal do Brasil. Instalada em área concedida pelo poder público municipal à Associação, no Centro Ibrahim Alves de Lima – ao lado da Fábrica de Sal, a clínica permitirá a oferta gratuita de óleos feitos à base de cannabis para moradores da cidade com prescrição médica e atendimento inicial de até 50 novos pacientes por mês.
Segundo o prefeito Guto Volpi, a ideia é ‘canalizar a experiência do município para o Consórcio Intermunicipal Grande ABC para que cada cidade entenda e projete a realidade de Ribeirão Pires para batalhar por mais clínicas de cannabis medicinal na região. “O uso do medicamento gera benefícios para toda a família, não só para quem está sendo atendido, pode ser para uma criança autista ou um senhor de idade com Alzheimer. Não há facilidades no poder público. Todas as decisões são difíceis, mas há uma confiança no resultado, no propósito e é isso que a gente tem feito com nossos vereadores e secretários. Um passo que faz história no Estado de São Paulo e no Brasil”, comentou.
A Associação Flor da Vida tem sede em Franca, onde planta e produz óleos feitos à base de cannabis, indicado para tratamento de doenças e agravos de saúde. A Prefeitura tem buscado recursos para viabilizar a implantação do projeto, e já garantiu R$ 550 mil de emendas dos deputados estaduais Caio França e Eduardo Suplicy, que lideram as discussões da Frente Parlamentar para o setor na ALESP (Assembleia Legislativa do Estado).
“Ribeirão Pires vive um momento de coragem de quebrar preconceitos. Avançamos muito ao longo dos últimos anos, mas ainda é preciso fazer justiça e ofertar a medicação para quem está em situação de vulnerabilidade social, ampliando o acesso à qualidade de vida. Promovermos a empatia, sem a necessidade de passar pelo drama ou pagar caro por um medicamento fabricado no Brasil”, completou o deputado estadual Caio França.
Tendo visitado a sede da Associação Flor da Vida em Franca, o deputado estadual Eduardo Suplicy enfatizou o testemunho de famílias que, com o uso da cannabis medicinal, tiveram suas vidas melhoradas. “O medicamento faz a diferença na vida de crianças e idosos. Eu mesmo sou testemunha viva dos benefícios do óleo, há um ano passei a me curar de dores e tremedeiras”.
Indicada para tratamento de Transtorno do Espectro Autista (TEA), Alzheimer, Parkinson, epilepsia e fibromialgia, a cannabis medicinal é regulamentada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na clínica pública em Ribeirão Pires, serão priorizadas pessoas com maior vulnerabilidade social, um dos critérios para a dispensação dos medicamentos pela rede pública municipal.
“Atendemos mais de 20 mil pessoas em todo o país, desse total, 40% são atendimento social, ou seja, sem custos. Esse é o potencial econômico da cannabis sendo revertido para o paciente em forma de tratamento com óleo medicinal e saúde integral. Nosso compromisso é estender nosso atendimento para Ribeirão Pires que, num ato de coragem do prefeito e ser humano, Guto Volpi, passar por cima do preconceito para beneficiar a população com qualidade de vida. Vamos tornar o tratamento, que é tão capitalista, em humano com o serviço de acolhimento e acompanhamento dos pacientes para adaptação à medicação e luta contra o preconceito”, comentou Enor Machado de Morais, presidente da Associação Flor da Vida.
Pioneirismo – Ribeirão Pires foi a primeira cidade paulista a criar, em março de 2022, lei específica para implantação de Política Municipal de medicamentos formulados de derivado vegetal à base de canabidiol, em associação com outras substâncias canabinoides (Lei Municipal nº 6.737/22). O projeto foi proposto pelo prefeito Guto Volpi, então vereador, e por Edmar Oldani.
A legislação estipula, entre outros pontos, ações que possibilitem o diagnóstico e o tratamento de pacientes para os quais a cannabis medicinal possua eficácia comprovada, bem como a promoção de políticas públicas de debate e fornecimento de informações a respeito do uso da medicina canábica.
“As coisas não acontecem por acaso. Foi preciso aparecer mais pessoas que tinham a mesma iniciativa de espalhar os benefícios do cannabis medicinal e foi quando encontramos a Associação Flor da Vida. Porque de fato, quando se faz uma lei, quando se entende que isso é bom, é preciso ter alguém com conhecimento efetivo, sério, para colocar isso em prática. A partir daí, conhecer também um médico que pudesse assinar e estar à frente do projeto”, comentou o secretário de saúde de Ribeirão Pires, Clovis Volpi.