Programa Rede da ONG Vaga Lume impacta 5.000 jovens e fortalece diálogo intercultural entre comunidades da Amazônia e São Paulo

In Canto do Joca On
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Imersão no quilombo Damásio, com visita a casa de farinha, rio, mediação de leitura, conversa com um contador de cultura local sobre o boi de Guimarães e conversa com os moradores do Quilombo. Fotos: Divulgação

A Associação Vaga Lume anuncia, em primeiro lugar, marco importante alcançado pelo Programa Rede, que já impactou mais de 5.000 jovens desde o seu lançamento.

O programa promove, acima de tudo, o diálogo intercultural entre jovens e educadores de bibliotecas comunitárias apoiadas pela Vaga Lume na Amazônia e de escolas e organizações sociais de São Paulo.

Por meio de oficinas semanais e produção de trabalhos criativos, como cartas, vídeos, desenhos e apresentações, os participantes têm, por exemplo, a oportunidade de expressar suas vivências e conectar-se com jovens de realidades diferentes ao longo de um ano.

A coordenadora do projeto, Priscila Fonseca, explica, em resumo, que o Programa inclui uma viagem para educadores das instituições.

“Eles vão conhecer de perto a vida na outra comunidade com quem estão trocando e trazem, a partir do seu olhar, os relatos daquilo que viveram”, diz, em suma.

Troca de visitas

Em junho, educadores da Camino School e da Escola Santi, em São Paulo, foram até a comunidade indígena Atodi e a comunidade quilombola Murumuru, respectivamente – ambas no município de Santarém (PA).

Ao longo do ano, os demais pares de troca também tiveram ou terão encontros: Fundação Tide Setubal – Comunidade Boa Vista (Castanhal, PA); Pró Saber-SP – Comunidade Atins (Barreirinhas, MA); ASA – Primavera – Comunidade Manoelzinho (Barreirinhas, MA); Escola Vera Cruz – Comunidade Menino Deus (Portel, PA); ASA-Pássaros – Comunidade Tracajatuba 1 (Macapá, AP); Associação Acorde – Comunidade Damásio (Guimarães, MA).

Um exemplo desses pares de troca foi em 2022 entre a educadora Verônica Lima, da comunidade de Santa Rosa, no Acre, e Lucy Carvalho, coordenadora da biblioteca Pró Saber, em Paraisópolis/SP.

Lucy esteve em Santa Rosa e depois, da mesma forma, recebeu Verônica em São Paulo.

“Após a viagem de intercâmbio cultural para o Acre, sinto a comunidade de Santa Rosa mais pertinho do nosso grupo de Paraisópolis – hoje tenho mais repertório para falar dos adolescentes e suas histórias”, diz Lucy. “Durante todo o processo de trocas e conversas com nosso par, o adolescente adquire uma mudança de consciência, com um olhar mais crítico aos acontecimentos da Amazônia, se aproximando desse lugar que até então parecia desconectado da nossa realidade”, completa.

Para a acreana Verônica, esse momento em São Paulo foi importante para a troca de saberes sobre culturas e costumes: “através das oficinas fazemos com que os jovens se conscientizem e levem isso para as suas famílias também”.

Turma da Acorde fez uma maquete da comunidade para seu par de troca

Ao longo de sua trajetória, o Programa Rede tem alcançado resultados significativos.

Somente em 2022, foram 264 adolescentes participantes, sendo 134 de São Paulo e 130 da Amazônia.

O programa tem se mostrado uma iniciativa de grande impacto, valorizando a força e a riqueza da diversidade para convivência em um mundo plural.

Transformação, força e novos olhares

Os adolescentes são recepcionados no projeto com uma dinâmica de apresentação que marca a visão deles sobre a vida, o autoconhecimento e os complexos que trazem na bagagem. A coordenadora da biblioteca Pró Saber, Lucy Carvalho, que há três anos é participante do Programa Rede, explica que é visível o antes e depois de cada participante: “Eles entram de um jeito e saem transformados. Mais fortes, conscientes, com senso crítico do mundo. Se reconhecendo e se valorizando dentro do seu território e da sua própria história”, conta.

Nas primeiras atividades, alguns travam nas temáticas consideradas até então, delicadas. “Muitos não conseguem falar”, explica Lucy. A partir da integração e ao longo dos meses nas oficinas semanais com os educadores, os adolescentes começam a reconhecer seu lugar na sociedade e seu valor. “Acredito muito nesse trabalho e no impacto que ele causa em vários pontos no desenvolvimento deles”.

As atividades programadas discutem temáticas integrativas e participativas, possibilitando diferentes trocas de experiências. Segundo a educadora, os intercâmbios têm despertado o interesse por novas culturas e promovido a quebra de padrões. “Eles conheciam a Amazônia só pela TV: como se ela fosse só floresta, natureza e bichos. Existe uma desconstrução desse estereótipo, eles passam a conhecer pessoas que vivem nesse lugar”, ressalta. Durante a iniciativa que oportuniza imersões, eles conhecem histórias reais de outros adolescentes, que assim como a deles, têm aspectos em comum.

Lucy Carvalho, coordenadora da biblioteca Pró Saber recebendo o certificado de participação do programa pelas mãos de Priscila Fonseca em 2022

Lucy Carvalho, coordenadora da biblioteca Pró Saber recebendo o certificado de participação do programa pelas mãos de Priscila Fonseca em 2022

“Os adolescentes passam a valorizar e reconhecer a diversidade que existe no seu próprio território, passam a reconhecer os problemas que existem, em que lugar estão e como podem mudar essa história. Essa mudança de olhar é nítida no grupo. A gente fica muito orgulhosa dessa trajetória”, ressalta Lucy que avalia positivamente o respeito que o grupo adquire entre os pares.

O primeiro evento presencial do programa este ano, que reuniu participantes das escolas e instituições de São Paulo, aconteceu dia 15/04. Os jovens realizaram a atividade do Mapa Afetivo, conduzida pelas educadoras Sanara Santos e Mel Oyá, em parceria com 10 voluntários do Escritório Mattos Filho. O Mapa Afetivo permitiu que os adolescentes refletissem sobre desigualdade social, racismo, racismo ambiental e violência, compartilhando suas percepções e ampliando sua consciência de mundo. O ponto alto do encontro foi o Sarau, que contou com 20 apresentações ensaiadas, repletas de criatividade e vida. “Por mais que todos os participantes fossem de São Paulo, a realidade de muitos deles é tão distinta que a troca cultural não deixa de ser muito rica”, diz Priscila Fonseca, atual coordenadora do programa Rede.

Sobre a Vaga Lume

Criada há 21 anos, a Vaga Lume está presente em 22 municípios da Amazônia Legal, com 163 mil livros doados, 89 bibliotecas comunitárias e 5 mil mediadores de leitura formados.

O seu propósito é empoderar crianças de comunidades rurais da Amazônia por meio da leitura e da gestão de bibliotecas comunitárias, promovendo intercâmbios culturais com a leitura, a escrita e a oralidade para ajudar a formar pessoas mais engajadas na transformação de suas realidades.

Alguns números da Vaga Lume

+163 mil livros doados

+109 mil crianças, jovens e adultos impactados

+5 mil mediadores de leitura formados

+880 voluntários ativos na Amazônia

Conheça o mini documentário Vaga Lume no YouTube.

Fotos ilustrativas do trabalho da Vaga Lume: https://drive.google.com/drive/folders/1z9YMVtSYE1y-8b65TOChDotL5INadjsM?usp=sharing

 

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