Paulo Goulart Filho encena o monólogo Francesco no Sesc Santo André

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Paulo Goulart no espetáculo Francesco. Foto: Rodrigo Veneziano

Com texto do genial Dario Fo e direção de Neyde Veneziano, ator interpreta São Francisco de Assis
e outros 20 personagens na peça, entre eles um lobo.

A característica do espetáculo é dada pela música, cenário e figurino, que ajudam a contar as histórias de forma intrigante e performática.

Começou nesta sexta (21.01), tem espetáculo neste sábado (22) e vai até 12 de fevereiro.

O teatro do Sesc Santo André recebe temporada da peça Francesco, monólogo protagonizado pelo ator Paulo Goulart Filho, que interpreta mais de 20 personagens, e conta a história de Francisco de Assis, o frade mais popular entre leigos e católicos.

A montagem é baseada em um texto do autor italiano Dario Fo, vencedor do Nobel de Literatura em 1997, e conta com a direção de Neyde Veneziano

A temporada estreou neste 21 de janeiro e vai até 12 de fevereiro, com sessões às sextas-feiras, às 21h, e sábados, às 20h.

O espetáculo, agraciado pelo Prêmio Zé Renato, mostra o caráter pacificador e bem-humorado de Francisco de Assis, amigo dos animais e dos pobres e por defender e lutar pela igualdade e pela paz mundial.

A peça reúne vários episódios divertidos, irreverentes, satíricos e, ao mesmo tempo, extremamente humanos.

Francesco

A peça estreou em 2019, com temporadas no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo e Belo Horizonte e agora, num período de retomada das atividades culturais, retorna aos palcos nos meses de janeiro e fevereiro no Sesc Santo André.

“Ao propormos a volta de Francesco aos palcos brasileiros, em um momento tão triste e difícil, lembramos que Francesco viveu entre os séculos XII e XIII, quando a lepra invadiu a Europa no rastro das Cruzadas, enquanto a Peste Negra se aproximava e dizimaria o continente no século seguinte. Desafiando epidemias, cuidando de leprosos, dando lições sobre como cuidar da vida e da natureza, Francesco deixou sua mensagem de amor genuíno a todos os que tiveram acesso às suas palavras e sua história”, comenta a diretora Neyde Veneziano.

O italiano Dario Fo publicou Francesco com o nome original de Lu Santo Jullàre Françesco, no ano 2000, mostrando a verdadeira história de São Francisco de Assis, que teve sua vida marcada pela solidariedade com os marginalizados e discriminados.

A diretora Neyde Veneziano é autora do único livro sobre Dario Fo publicado no Brasil. Ela fez doutorado na Itália e chegou a conviver com o autor durante seus estudos sobre ele.

Quando Fo morreu, em 2016, Veneziano já havia traduzido o texto e estava com os direitos de montagem da peça.

O bailarino, ator e cantor Paulo Goulart Filho reúne as habilidades e características desejadas para o papel.

Em cena, além do próprio Francisco, interpreta todos os outros personagens que contracenam com ele.

Além dos sete personagens principais – Francesco, Cardeal, Narrador, o Lobo, o Papa (o antagonista), o Colona e o Padre – Paulo interpreta o pai, a mãe, as pessoas da igreja e os amigos, num total de 25 tipos diferentes. 

O monólogo conta a vida de São Francisco de Assis, baseado nas histórias que o povo contava e não na biografia criada pela igreja.

A diretora, Neyde Veneziano, comemora a volta aos palcos: “Hoje, somos nós os gratos sobreviventes de mais uma cruel e trágica crise sanitária.  Também por isso queremos voltar a contar esta história verdadeira. “Francesco, o espetáculo” celebra todas as formas de vida, celebra o planeta e, sobretudo, traz de volta o amor que salva a humanidade”.

Dario Fo

Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, em 1997, foi o dramaturgo mais reivindicador dos anos 1970 e nunca se encaixou no estereótipo do escritor que fica dias debruçado sobre uma escrivaninha, na máquina de escrever ou no computador para produzir uma trama.

Ator, mímico e palhaço, fazia esboço das tramas em pinturas e depois apresentava suas ideias no palco antes de as colocar no papel.

Fo improvisava perante a plateia, numa mistura de dialetos italianos, onomatopeias e palavras inventadas.

Assim nasciam suas comédias, traduzidas em mais de 30 idiomas.

Estreou e publicou Lu Santo Jullàre Françesco, no ano 2000, mostrando contos populares sobre Francisco, apoiado na descoberta de que este Santo era também um verdadeiro jogral, um ator profissional de rua, que, na Itália medieval, levava informações com uma linguagem popular para os habitantes, geralmente os não alfabetizados, ou seja, era um artista ambulante que cantava, dançava, utilizava mímica e outras técnicas (ruídos, gestos, onomatopeias) para informar a população, como um “jornal falante”.

Francisco era conhecido por suas técnicas de discurso que alcançavam uma multidão, superando 5 mil pessoas, além da linguagem corporal que dava mais ênfase às palavras.

Como a maioria dos monólogos escritos por Dario Fo, informações baseadas em pesquisas contradiziam as histórias originalmente contadas, mostrando a maneira excepcional que Francisco tinha de entender o cristianismo.

Estranho para a época, mas completamente atual.

Em 13 de março de 2013, o cardeal Bergoglio foi anunciado papa.

Dois anos depois, Dario apresentou seu novo Francesco, com um prólogo inovador, no qual aproximou os dois Franciscos (o Papa e o Santo), desenhando-os como seres especiais, opositores das injustiças sociais, protetores dos pobres, amantes da bondade e adversos ao acúmulo de riquezas.

A montagem se baseia neste último texto de Dario, e não naquele de 2000, quando foi publicado o livro.

Neyde Veneziano

Especialista em Teatro Musical Brasileiro, Neyde Veneziano dirigiu 40 espetáculos em São Paulo e outros em Campinas, Florianópolis, Lisboa (PT) e Milão (IT).

Recebeu vários prêmios por suas encenações, entre eles dois APCAs, dois Mambembes e uma indicação ao Shell-2013 como Melhor Diretora por MisteroBuffo, com o Grupo LaMinima (de Domingos Montagner e Fernando Sampaio).

Em 1988/1989, seu espetáculo Revistando o Teatro de Revista, conquistou mais de 15 prêmios, tendo permanecido dois anos em cartaz, apresentando-se em temporada no Rio de janeiro e São Paulo e em vários teatros do Brasil.

Neyde é Professora Doutora em Artes Cênicas pela USP, professora orientadora na UNICAMP e autora de cinco livros sobre Teatro de Revista, sendo considerada a pesquisadora brasileira precursora na área de teatro musical.

Entre 2000 e 2001, viveu na Itália, fazendo seu pós-doutorado sobre Dario Fo, na Universidade de Bolonha.

Esta importante pesquisa resultou no livro A Cena de Dario Fo: O Exercício da Imaginação (Ed. Nobel).

Este é o único trabalho sobre Dario Fo escrito em língua portuguesa.

Em 2019, lançou o documentário intitulado Mamãe, eu quero ser vedete, em que apresenta atrizes do antigo Teatro de Revista, ao lado de Silvio de Abreu e Claudia Raia, como representantes contemporâneos do gênero.

Trata-se de mais uma obra de Neyde Veneziano com o propósito de valorizar a brasilidade em palcos paulistanos.

Paulo Goulart Filho

Estreou na televisão em 1976 na novela Papai Coração, extinta TV TUPI, e no teatro em 1985 na peça Dona Rosita, a solteira, atuou em mais de sessenta espetáculos como ator e/ou bailarino, entre eles: Cabaret, Não fuja da Raia, A Margem da Vida, Enfim sós, Sábado, domingo e segunda, O cavalo na montanha, Quartett, Adoráveis sem vergonhas, A Tempestade, Quarto 77, Os 39 degraus, As luzes do Ocaso, Chaplin, o musical.

Trabalhou com diretores como Antônio Abujamra, Bárbara Bruno, Abelardo Figueiredo, Jorge Fernando, Jorge Takla, Zé Renato, Vitor Garcia Peralta, Marcelo Lazzarato, Alexandre Heineck, Roberto Lage.

Sobre o desafio de protagonizar o monólogo Francesco, Paulinho Goulart revela: “Preciso utilizar toda a minha experiência como ator, todos os meus recursos e repertório físico, vocal e emocional para transformar o texto em um espetáculo divertido, performático e emocionante para o público. Confesso que dá um friozinho na barriga só de pensar. Mas isso que é bom em nossa profissão. Nunca estamos no lugar comum, na zona de conforto, sempre estamos na corda bamba sobre um precipício. Ser ator é isso, mergulhar num buraco negro sem saber o que está em baixo”

Para roteiro

Temporada: de 21 de janeiro a 12 de fevereiro de 2022, sextas às 21h e sábados às 20h (8 sessões), no Teatro do Sesc Santo André.

Duração: 70 minutos.

Gênero: Comédia. 

Classificação: 14 anos.

Ficha Técnica

Texto: Dario Fo.

Tradução: Sérgio Casoy.

Direção e adaptação: Neyde Veneziano.

Elenco: Paulo Goulart Filho.

Assistente de direção: Tony Germano e Mariana Mantovani.

Iluminação: André Lemes.

Trilha sonora: Daniel Maia.

Cenário e figurinos: Fábio Namatame.

Fotografia e Vídeo: Rodrigo Veneziano.

Produção executiva: Michelle Gabriel 

Valores

R$ 40,00 (inteira) para o público geral e R$ 20,00 (meia-entrada) para público com Credencial Plena válida e categorias elegíveis ao desconto de 50%, de acordo com a legislação vigente.

Estacionamento – para os espetáculos R$6,00 – portadores de Credencial Plena válida   R$11,00 – público geral      

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