Joaquim Alessi
Marcada pelo ineditismo, mas, acima de tudo, pelo elevadíssimo grau de organização, a 1ª Feira Inclusiva de São Bernardo entrou para a história.
Não apenas das PCDs (Pessoas com Deficiência), mas de toda a sociedade do município e do ABCD, que sai mais humanizada de uma ação desse porte.
Superestrutura é até pouco para definir a organização. Todos os cuidados e atenção podiam ser observados já na avenida Kennedy, alguns metros antes da chegada.
Sinzalização para quem chegasse para o acesso, acessibilidade total, um sem número de servidores atuando com prazer; enfim, um espetáculo digno de aplausos.
Fora isso, e, o mais importante, o Poliesportivo Adib Moysés Dib reuniu ampla variedade de serviços em um único espaço, além de 350 vagas de emprego.
Trata-se, de verdade, na prática, de ações efetivas de políticas de valorização dos direitos da pessoa com deficiência.
Por isso atraiu, em primeiro lugar, público de mais de 1.000 pessoas.
Dia Nacional
A Feira Inclusiva foi concebida em função do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.
Além disso, materializada em local adaptado para assegurar acessibilidade do público com os diferentes tipos de deficiência.
Incluindo intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) e materiais em braile.
Neste cenário, teve como carro-chefe a oferta de cerca de 350 vagas exclusivas de emprego para PCDs, distribuídas por 22 empresas.
Entre elas, Magazine Luiza, Hospital Santa Marcelina, Construtora Patriani, SPMar, Tegma Logística, Burger King, Armando Veículos e Rede D’Or.
“Uma feira inovadora no Estado com o conceito da inclusão, a primeira edição nestes moldes na cidade, e que já começa com sucesso, bom público, o que mostra, claramente, o desejo da população em receber um serviço agregado como esse do evento. Além do combo de atividades, a ação traz ainda parceria com a iniciativa privada, por meio das vagas de emprego e oportunidades, visando tornar São Bernardo cada vez mais acolhedora, humana e solidária”, afirmou, em resumo, visivelmente emocionado, o prefeito Orlando Morando, que designou a missão de consolidar nova edição em 2024.
Seleção prévia
Analista de gestão de pessoas do Hospital Santa Marcelina, Tatiana Pimenta destacou que atua na instituição com foco em profissionais com deficiência, e que já deu encaminhamento para seleção prévia de candidatos às vagas, como escriturário administrativo, farmacêutico e auxiliar de cozinha.
“Conseguimos identificar alguns candidatos em potencial que serão chamados para entrevista, no período entre 7 e 15 dias. Dizer da alegria em participar deste evento no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. É gratificante atender esse público. A inclusão faz parte do propósito do Santa Marcelina, que é acolher para incluir. Agradecemos essa oportunidade”, disse, em suma.
Síndrome de Noonan
Professora e mãe de jovem com Síndrome de Noonan, Denise Rodrigues enalteceu a iniciativa da Prefeitura, considerando a feira de “suma importância”.
Até como forma de “abraçar e ser abraçado, para sentir-se inserido na comunidade e compartilhar os outros tipos de deficiência”.
“Evento de grande significado, especialmente, para conscientizar as pessoas que não vivem a realidade exposta aqui. A oferta de empregos é fantástica. Tenho essa preocupação com o ser humano. As pessoas, às vezes, não sabem o local adequado para buscar oportunidades. Esse conglomerado de empresas ajuda muito”, assinalou, da mesma forma.
Devido à síndrome, a filha de Denise, Fernanda Rodrigues Barbosa, de 20 anos, apresenta características de nanismo – tem 1,39m – e foi obrigada a passar por transplante de coração.
Oriunda de Muriaé (MG), ela hoje mora no bairro Rudge Ramos com a mãe, região que facilita, portanto, o acesso para o tratamento pós-cirúrgico.
“Sem dúvida, iniciativa muito importante. Primeiramente, porque não é algo que as pessoas costumam se lembrar caso não sejam PCDs. Essa ação, além de fazer com que as pessoas se sintam incluídas, mostra às outras pessoas – àqueles que não tem acesso a esse conhecimento – o que PCDs apresentam como particularidades, diferenças, que não os tornam menos, não é motivo de exclusão e sim uma característica que deve ser atendida, para promover, de fato, a igualdade entre os cidadãos”, frisou, em resumo, Fernanda.
Serviços
Foram colocadas à disposição, além disso, áreas para emissão da Carteira Municipal de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Cartão Nacional Defis, além de agendamento para o Cartão Legal especial e do Cartão Top.
Houve, da mesma forma, postos de atendimento do CadÚnico e INSS, serviços de atendimento jurídico, assessoria para consórcio automotivo PCD, manutenção preventiva de cadeiras de rodas, bem como diversos serviços de saúde e atividades de esportes e recreação.
Pela última atualização da Base da Dados da Pessoa com Deficiência, do Estado, São Bernardo registrou, até 2021, em conclusão, 61,5 mil pessoas com algum tipo de deficiência (visual, motora, mental/intelectual e auditiva).