No Rio, centenário da Obra Portuguesa da Assistência mobiliza governantes portugueses e brasileiros

In Canto do Joca On
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Fotos: Divulgação / MF Press Global

Grande comitiva do governo de Portugal acompanhou a cerimónia pelos 100 anos da Obra Portuguesa de Assistência no Rio de Janeiro, fundada em 14 de outubro de 1921.

Em evento que decorreu, em primeiro lugar, nas instalações da Casa do Minho do Rio de Janeiro, na noite de 14 de outubro, estiverem presentes a secretária de Estados das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Sales, o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, o deputado eleito pelo Círculo de Fora da Europa, Paulo Porto, o cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, Luís Gaspar da Silva, e o cônsul-adjunto de Portugal no Rio, João de Deus.

Além de outras autoridades brasileiras, como o deputado federal Mário Lúcio Heringer, a deputada estadual no Rio Martha Rocha, oradora da noite, e a vereadora Teresa Bergher, que entregou à Obra Portuguesa uma Moção de Congratulações e Louvor, em virtude do seu trabalho de “destacada contribuição à nossa sociedade, com os seus relevantíssimos serviços prestados na área da saúde”.

Alegria fantástica

Segundo Agostinho da Rocha Ferreira dos Santos, presidente da Obra Portuguesa de Assistência do Rio de Janeiro, “é uma alegria fantástica termos uma instituição como a Obra Portuguesa há 100 anos atendendo ao próximo, ajudando aqueles portugueses que vieram para o Brasil a sua própria sorte e a Obra Portuguesa nunca parou de atender os imigrantes portugueses aqui no Rio de Janeiro. Claro que, ao completarmos um centenário de existência, não podemos esquecer aqueles que deram o primeiro passo, os que tiveram a iniciativa, como o Cônsul Joaquim Barros Ferreira da Silva e Jorge Monjardino, que tiverem a feliz ideia de manter a Obra. Mas, o que eles não podiam imaginar era que, cem anos depois, essa instituição que eles fundaram com tanto carinho estivesse aqui firme, forte e sólida, atendendo a todos os portugueses e lusodescendentes”.

“A Obra Portuguesa presta atendimento através do hospital Egas Moniz, hoje totalmente reformado, com novas instalações como emergência e centro cirúrgico moderno e aparelhado. Além disso, os sócios da Obra têm a possibilidade de serem atendidos pelo hospital Casa de Portugal, ambos sob a chancela da Rede Hospital Casa. Ou seja, os nossos sócios têm o privilégio de ter dois belos hospitais à sua disposição no Rio. E, claro, que a diretoria da Obra Portuguesa continua a fazer a parte social, pois existem sócios acamados em casa, que precisam de fraldas, de medicamentos e etc., e vamos até a casa desse público ver o que é preciso fazer para atender esses sócios e prestar a assistência necessária”, sublinhou, em resumo, Agostinho dos Santos.

Grande importância

Para a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, as ações das entidades beneficentes portuguesas no Brasil são de grande importância.

“É extraordinário como uma Obra como esta no Rio, e outras, que os portugueses construíram ao longo destas décadas, tenha conseguido adaptar-se e sobreviver às crises e esteja com 100 anos. São organizações que significam também uma interajuda da comunidade, que se organizou para prestar apoio a outros membros que necessitam mais e, a partir daí, evoluiu para prestar apoio não só à comunidade portuguesa, mas a todas as pessoas que precisam e esta abertura à sociedade em geral lhes deu uma nova força, um novo sentido, e é uma Obra dos portugueses para todos. E esta é uma mensagem muito importante”, afirmou, da mesma forma, Berta Nunes.

Centralidade

Na opinião do secretário de Estado Adjunto e da Saúde de Portugal, é preciso haver centralidade nas políticas voltadas para a área da Saúde.

“É muito importante a nossa presença aqui, ou seja, a área da Saúde de Portugal com o Negócios Estrangeiros, o que mostra a centralidade das políticas de saúde em todas as políticas. Obviamente, também, aquilo que é a Obra Portuguesa, nos cuidados continuados dos mais idosos, o que será sempre muito importante para a comunidade portuguesa. Onde estiver um português e onde estiver outro português os portugueses nunca estarão desamparados”, comentou António Sales, que revelou que a Obra Portuguesa de Assistência do Rio é uma das entidades contempladas na “Rede Portugal Saúde no Brasil”, fruto de um memorando assinado em Brasília, recentemente.

Satisfação

Por seu turno, o embaixador de Portugal no Brasil mostrou-se satisfeito com a presença de duas áreas do governo português em visita simultânea ao Brasil.

“Estou muito feliz por que, pela primeira vez, pelo menos que eu saiba, temos uma presença da área governativa dos Negócios Estrangeiros e da Saúde aqui no Brasil e é muito simbólico começarmos pelo Rio de Janeiro, com esta homenagem linda que estamos a fazer à Obra Portuguesa de Assistência na Casa do Minho. E isto é um bocadinho o cunho daquilo que é a presença e a dignidade da nossa comunidade aqui no Brasil, a questão assistencialista, o associativismo, o facto de conseguirmos dignificar Portugal no Brasil”, completou Faro Ramos.

Valorização

Paulo Porto acredita que o trabalho social deva ser sempre alvo de valorização por parte dos agentes públicos e da sociedade.

“Para mim, este tipo de evento tem uma importância especial porque fui Provedor em São Paulo, então, percebo as dificuldades que existem neste tipo de associação de cariz social e, ainda mais, nos dias de hoje, com a pandemia, com dificuldades acrescidas, isso me emociona, pois vejo que o trabalho perdurou por pelo menos 100 anos. Parabenizo a Obra e o seu presidente pela iniciativa de valorizar esta história e continuar o trabalho maravilhoso”, mencionou Paulo Porto.

Zelo pela história

Durante o seu discurso, a oradora Martha Rocha disse que “represento aqui hoje o meu amado pai, Horácio Augusto da Rocha, português, valoroso homem que, como sabemos, tanto trabalhou e se dedicou por esta causa, a Obra Portuguesa de Assistência. Quero ainda aqui homenagear o presidente da Obra Portuguesa de Assistência, Agostinho dos Santos, e a sua equipa, pela dedicação aos trabalhos realizados à frente da entidade durante esses anos com o zelo pela história da entidade e manutenção dos seus princípios”.

Esta responsável destacou ainda que “a Obra Portuguesa de Assistência (…) ajuda aos portugueses que, ao longo desses anos, precisaram de amparo médico para as suas aflições”.

“A Obra tinha como objetivo auxiliar os imigrantes portugueses que escolheram o nosso país como pátria de adoção, em busca de melhores condições de sobrevivência, mas que encontraram muitas dificuldades para tal. A instituição prestava assistência médica e farmacêutica aos sócios, às suas mulheres e filhos, como também assistência de advocacia e auxílio na obtenção de empregos, entre outros serviços, atendendo aos mais necessitados de acordo com as suas possibilidades. (…) Ao longo da sua existência, a Obra Portuguesa de Assistência atendeu inúmeros cidadãos portugueses, brasileiros, dentre outras nacionalidades. E, nos últimos anos, passou por uma renovação e atualização em todos os setores das suas atividades, desde o moderno centro cirúrgico às amplas enfermarias, oferecendo serviços médico-hospitalares de alta qualidade. A fundação da instituição foi o exemplo da filantropia cultural portuguesa no Rio, junto com outras iniciativas da época, e também retratava a expressão da preocupação com a presença da cultura portuguesa no Brasil, que procurava preservar e valorizar a identidade cultural”, defendeu Martha Rocha.

História recheada de superações

“Em 1921 viviam-se momentos de grande amargura e preocupação: enfrentavam-se os efeitos decorrentes da febre amarela e da gripe espanhola, epidemias que ceifaram a vida de muitas pessoas no mundo e, em particular, nesta cidade do Rio de Janeiro. Os portugueses, que eram uma parcela importante da população, foram severamente atingidos, fazendo com que o Cônsul de Portugal à época, Ferreira da Silva, se unisse ao médico Jorge Monjardino numa campanha para a instalação de um ambulatório para atender os compatriotas que sucumbiam aos milhares diante da doença que os atingia. Com o auxílio de inúmeros empresários da comunidade portuguesa do Rio de Janeiro, fundaram a Obra de Assistência aos Portugueses Desamparados, no dia 14 de outubro de 1921, proporcionando um atendimento ambulatorial e laboratorial a esses patrícios. Muitas vidas se salvaram com essa atitude. Durante essa longa existência, muitas foram as ações meritórias desta entidade, mas destaco a fundação do Hospital Egas Moniz, em 1971, que proporcionou uma nova dinâmica à Obra Portuguesa de Assistência e, posteriormente, quando do processo de descolonização, com a chegada de milhares de refugiados procedentes, principalmente, de Angola e Moçambique, deu-lhes gratuitamente, e até que conseguirem se instalar adequadamente nesta cidade, assistência médica, ambulatorial e hospitalar, além de atendimento odontológico. Foram momentos em que a solidariedade portuguesa se fez sentir de forma marcante, com o concurso de inúmeras pessoas que sacrificaram o seu quotidiano para atuar em favor desses desvalidos. Deve-se destacar que a nossa entidade sempre constituiu um braço de apoio ambulatorial e hospitalar para os portugueses em situação precária de saúde que procuravam o Consulado de Portugal no Rio de Janeiro, que os encaminhava para serem atendidos nas nossas instalações. É, pois, com muito orgulho que festejamos este centenário”, destacou Eduardo Neves Moreira, presidente da Assembleia Geral da Obra Portuguesa de Assistência.

Cultura e associativismo

Ainda no âmbito das festividades pelo centenário da Obra Portuguesa de Assistência, a Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas homenageou esta entidade com o Diploma de Mérito das Comunidades Portuguesas, além de homenagear, com a medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, o Rancho Folclórico Maria da Fonte da Casa do Minho do Rio de Janeiro, história que foi retratada em livro, lançado no Brasil, em Portugal e na Argentina, meses antes da pandemia de Covid-19.

A noite do dia 14 ficou marcada ainda pelas apresentações da fadista portuguesa Maria Alcina, do cantor Mácio Gomes e da Banda Irmãos Pepino Sociedade Luso Brasileira, que executou os hinos do Brasil e de Portugal.

Em 10 de outubro foi celebrada, em conclusão, missa em comemoração pela data no Santuário da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no centro do Rio.

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