Joaquim Alessi
Grande companheiro de profissão, com quem tive a grata oportunidade de compartilhar momentos marcantes do jornalismo, Celso Horta nos deixa neste 21 de abril, aos 74 anos de idade, vítima de infarto.
A péssima notícia chega, em primeiro lugar, por meio da Fundação Perseu Abramo.
Ensaiamos em duas oportunidades um trabalho conjunto, mas nunca concretizado.
Em 2002 ele me convidou, por exemplo, para um trabalho político que não se encaixava no meu modo de ver o mundo naquela época.
Pouco depois, foi a vez de falarmos, da mesma forma, sobre o seu projeto de um jornalismo diário diferente. Não avançamos.
Criei ABCD Real, à época revista impressa. E até hoje é esse portal em que escrevo.
Coincidentemente, meses depois ele criou, portanto, o ABCD Maior.
Claro que ninguém copiou ninguém. Real ou Maior, o que valia e ainda vale, portanto, era levar informação de qualidade.
A curiosidade da coincidência ficou pelo “D” no nome, quando só se falava em ABC. Ainda hoje alguns insistem no ABC, e outros acrescentam o DMRR… Letrinhas, apenas.
Só não engulo essa megalomania de Grande ABC, inexistente nos registros geográficos e políticos, e que só tem escopo em nome de jornal.
Respeito mútuo
Importante, nesse período, foi, por exemplo, o respeito mútuo, mesmo quando os entendimentos da realidade eram diferentes.
Bons tempos em que discordar politicamente revelava apenas olhares opostos, mas com o propósito, sempre, de chegar ao melhor para todos.
Divergir era, e deveria continuar sendo, acima de tudo, fruto da inteligência, jamais de preconceitos.
Mas, tudo isso pouco importa nesse momento triste da partida de Celso.
Eis a nota oficial:
“É com profunda tristeza que a Fundação Perseu Abramo recebe a notícia do falecimento do jornalista Celso Antunes Horta, vítima de um infarto, militante de esquerda na luta contra a ditadura militar e do Partido dos Trabalhadores.
‘Nascido em Guaratinguetá (SP) em 8 de maio de 1948, Celso Horta mudou-se para a capital paulista cursar Direito na PUC-SP, em 1968, quando também iniciou sua militância política na Ação Libertadora Nacional (ALN). Preso pela repressão de 1969 a 1977, após esse período cursou jornalismo na ECA-USP. Atuou profissionalmente na grande imprensa até meados de 1991, trabalhou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no Partido dos Trabalhadores, unindo o exercício do jornalismo à militância política.
‘Em 2016, participou do livro A Repressão Militar-Policial no Brasil – O livro chamado João.'”
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, de quem Celso foi assessor no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e na CUT, também, manifestou-se, em conclusão:
“Consternado com a notícia que acabo de receber. Morreu o querido amigo e companheiro de lutas e de jornada Celso Horta. Grande jornalista Celso, que trabalhou comigo na CUT e no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nos deixou nessa madrugada. Meus profundos sentimentos e meu carinho à toda família. Celso Horta, presente!
Celso Horta, sempre presente!