Quem assistiu à novela O Primeiro Amor, com o ator Paulo José, quem curtiu Xazan, Xerife & Cia, ficou um pouco órfão hoje.
Nesta noite de terça-feira (11.08) chega, em primeiro lugar, a triste notícia: Paulo José morreu aos 84 anos, de pneumonia.
Paulo José Gómez de Sousa nasceu em Lavras do Sul, em 20 de março de 1937.
Foi, acima de tudo, ator, roteirista e diretor brasileiro. Iniciou a carreira em 1966 no filme O Padre e a Moça, no papel do Padre.
Posteriormente, foi protagonista de várias comédias no cinema como Todas as Mulheres do Mundo, Edu, Coração de Ouro e O Rei da Noite, obras que lhe consolidou como Melhor Ator pelo Festival de Brasília.
Na televisão, estreou em 1969 como Zé Mário na telenovela Véu de Noiva.
Mas, sua consagração veio dois anos mais tarde, ao interpretar o personagem Samuca na telenovela Assim na Terra Como no Céu.
Em 1972, destacou-se ao lado de Flavio Migliaccio na telenovela O Primeiro Amor, com quem depois formaria a dupla cômica Shazan e Xerife.
Começou a fazer teatro em 1955, em Porto Alegre, onde ajudou a criar o Teatro de Equipe, juntamente com Paulo César Pereio, Lilian Lemmertz, Ítala Nandi e Fernando Peixoto, entre outros.
Em 1954, atuou na sua primeira peça: O Muro, de Jean Paul Sartre/Lineu Dias.
Entre inúmeros trabalhos no teatro, destacam-se: Os Fuzis da Senhora Carrar, de Brecht; A Mandrágora, de Maquiavel ; O Filho do Cão, de Gianfrancesco Guarnieri e no qual foi também diretor; e Tartufo de Molière.
Dirigiu e atuou na montagem carioca de Arena conta Zumbi.
Esteve durante algum tempo afastado dos palcos, tendo regressado em outubro de 2009, para participar em Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar.
Em São Paulo, Paulo José formou, junto com Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal, Juca de Oliveira, Paulo Cotrim e Flávio Império, o grupo que adquiriu o Teatro de Arena, criado por José Renato em 1962.
Na telinha
Iniciou sua trajetória em 1969 na telenovela Véu de Noiva como Zé Mário.
Nos dois anos seguintes, deu vida aos personagens Samuca e André em Assim na Terra Como no Céu e O Homem Que Deve Morrer, respectivamente.
Em 1972, viveu Shazan em O Primeiro Amor e no seriado Shazan, Xerife e Cia.
Posteriormente, concluiu o decênio participando das obras Supermanoela como Marcelo e O Casarão como Jarbas Martins.
Em 1985, retornou as telinhas para viver Alvarino na minissérie O Tempo e o Vento e como pai da Zelda em Armação Ilimitada.
No ano seguinte, deu vida ao empresário Celso Rezende em Roda de Fogo.
Em 1988, participou das obras Olho por Olho e Vida Nova interpretando Marcelo Fernandes e o italiano Francesco, respectivamente.
Encerrou a década na pele do cineasta Gregório em Sampa e Gladstone em Tieta.
No início da década de 1990, participou do seriado Delegacia de Mulheres como doutor Dario Gentil e na telenovela Araponga como o astrônomo Érico Saldanha, além de viver Ivan em Vamp.
Entre 1992 e 1993, foi diretor do programa Você Decide nos episódios “Em Nome do Filho”, “A Outra”, “O Desaparecido”, “Mal Secreto”, “Palavras de Amor” e “Isca de Polícia”; esteve no elenco de O Mapa da Mina como Ivo Simeone e particpou de Olho no Olho.
Em 1994, foi Pedro na minissérie A Madona de Cedro, foi diretor do episódio “A Dívida” em Você Decide.
Em 1995, viveu o ascensorista em Engraçadinha: Seus Amores e Seus Pecados; Claudionor em Decadência e Jairo em Explode Coração.
Dois anos depois, fez uma participação especial em A Justiceira no episódio “Filha Única” e interpretou Orestes na telenovela Por Amor.
Em 1998, foi Shazan em Era Uma Vez… e o empresário Otacílio Martins Fraga na minissérie Labirinto.
Posteriormente, fechou esta década interpretando o inspetor de polícia Monteiro em Luna Caliente.
No início da década de 2000, interpretou Padre Simão na minissérie A Muralha; foi Alceu na telenovela Um Anjo Caiu do Céu, além de participar do elenco de Agora É Que São Elas como doutor Benigno e fazer uma aparição em Celebridade.
Em 2004, esteve em Senhora do Destino como Artur Fonseca, narrou passagens do primeiro capítulo de Como Uma Onda, além de atuar em Um Só Coração como doutor Varela e na microssérie O Pequeno Alquimista como Zaratustra.
Em 2006, viveu Augusto Elias na minissérie JK.
Dois anos mais tarde, participou da série Casos e Acasos no episódio “A Vaga, a Entrevista e o Cachorro Quente” como Álvaro; encarnou na pele de Vigário da Paróquia em Capitu e esteve na telenovela Ciranda de Pedra como Quincas; encerrando esta década como Profeta Gentileza em Caminho das Índias.
Em 2010, interpretou José Pedro no seriado Na Forma da Lei e no ano seguinte, deu vida a Plínio na telenovela Morde & Assopra.
Em 2012, participou da série As Brasileiras como Rômulo no episódio “Maria do Brasil”.
Dois anos mais tarde, viveu Benjamim Machado na obra Em Família.
Nas telonas
Estreou nas telonas em 1966 interpretando o Padre em O Padre e a Moça, sendo eleito Melhor Ator pelo Prêmio Saci.
No mesmo ano, teve destaque como Paulo em Todas as Mulheres do Mundo, sendo eleito Melhor Ator em três premiações: Festival de Brasília, Prêmio INC e Prêmio Air France.
No ano seguinte, interpretou Bernardo em Bebel, Garota Propaganda e Edu em Edu, Coração de Ouro, papel que lhe consagrou como Melhor Ator, novamente, no Festival de Brasília.
Em 1968, esteve em cinco longas: A Vida Provisória como Estêvão; As Amorosas como Marcelo; Como Vai, Vai Bem? interpretando os personagens Astolfo torcedor, Voyeurista, Padrasto, Delegado, Padre Bentinho e Travesti; O Homem Nu como Silvio Proença e em Os Marginais.
Concluiu a década no filme Macunaíma como Macunaíma branco e mãe, premiado como Melhor Ator no Festival de Manaus.
Em 1971, interpretou Heitor no filme A Culpa e Gaudêncio em Gaudêncio, o Centauro dos Pampas.
Nos dois anos seguintes, deu vida ao personagem Cassy Jones em Cassy Jones, o Magnífico Sedutor e esteve no elenco de Humor Amargo.
Em 1975, viveu Tertuliano em O Rei da Noite, personagem que lhe premiou como Melhor Ator no Festival de Brasília pela terceira vez na carreira.
Após ausência das telonas por seis anos, voltou como o padre Bastos em Eles Não Usam Black-tie e participou da obra O Homem do Pau-brasil.[60][61] Em 1983, foi Evandro em A Difícil Viagem, papel que lhe rendeu como Melhor Intérprete pelo Festival do Rio de Janeiro; e cinco anos mais tarde, fez uma participação especial como Augusto em O Mentiroso.
Concluiu o decênio participando dois longas: Dias Melhores Virão como Pompeu e Faca de Dois Gumes como Jorge Bragança; e no curta Ilha das Flores, responsável pela voz da narração.
Em 2003, participou dos longas Apolônio Brasil, o Campeão da Alegria e O Homem que Copiava.
No ano seguinte, interpretou o personagem principal de Benjamim, foi narrador em Como Fazer um Filme de Amor, encarnou no doutor Espanhol em O Vestido e esteve no documentário Person.
Entre 2005 a 2007, narrou os filmes 500 Almas e Insolação; e deu vida a Otaviano em Saneamento Básico, o Filme.
Concluiu a década estando no cinema por mais três vezes: Padre em A Festa da Menina Morta; judeu David em Juventude e um Papai Noel em Pequenas Histórias.
Em 2010, esteve no papel principal de Quincas Berro d’Água.
No ano seguinte, deu vida a Armando em Meu País; e como Valdemar (palhaço Puro Sangue) em O Palhaço.
Posteriormente, esteve no elenco de Rânia e Luz, Anima, Ação, concluindo esta década no documentário Todos os Paulos do Mundo, em homenagem ao ator.
Foi casado com Dina Sfat, com quem teve três filhas, as atrizes Bel Kutner, Ana Kutner e Clara; com a atriz Beth Caruso, com quem teve um filho, Paulo Caruso; e com Zezé Polessa.
Em 1992, foi diagnosticado com a doença de Parkinson.