Técnica acumula, acima de tudo, 10 milhões de procedimentos no mundo e pode reduzir tempo de recuperação pela metade
Mais de 10 milhões de cirurgias urológicas já foram realizadas no mundo, em primeiro lugar, com sistemas robóticos.
Os dados, divulgados pelo Uroconsult, mostram que aproximadamente 6,7 mil plataformas estão instaladas em hospitais de referência no mundo.
O Brasil, por exemplo, registrou 110 equipamentos em 2024, número que representa mais do que o dobro das 45 unidades existentes em 2018.
Mas, embora a cirurgia robótica seja tema de cerca de 38 mil artigos científicos em revistas médicas especializadas e já faça parte da rotina de hospitais e centros de saúde, muitos pacientes ainda têm dúvidas sobre as indicações e confundem o papel do cirurgião com o do equipamento.
Como funciona a cirurgia robótica?
O cirurgião opera sentado em um console, espécie de painel de controle que controla os braços robóticos, eliminando, em resumo, os tremores naturais das mãos humanas. Na prática, o profissional faz pequenos cortes por onde introduz uma câmera laparoscópica e os instrumentos cirúrgicos.
Os braços mecânicos reproduzem os gestos do cirurgião, mas com estabilidade e precisão ampliadas. Os sistemas oferecem uma visão tridimensional em alta definição e a câmera permite visualizar estruturas delicadas que seriam difíceis de identificar com métodos tradicionais. Para determinar se essa técnica é a mais apropriada, a classificação das cirurgias urológicas considera fatores como complexidade anatômica e condições do paciente.
Para compreender melhor o procedimento, entenda o que é fato e o que não procede no processo.
O robô opera sozinho
Mito. O robô funciona como ferramenta controlada em tempo real pelo urologista: cada decisão e movimento vem do profissional, que utiliza o console para movimentar os braços e visualizar o campo cirúrgico.
A máquina, então, não substitui o médico, como reforçam as autoridades de saúde. O cirurgião permanece responsável por todas as etapas do procedimento, com o sistema trazendo mais precisão aos movimentos.
Todo caso exige cirurgia robótica
Mito. A cirurgia robótica não se aplica, portanto, a todos os casos – algumas situações podem ser tratadas com técnicas tradicionais ou laparoscópicas. A escolha depende da complexidade do caso, das condições de saúde do paciente e da experiência do cirurgião.
Encontrar um urologista no Rio de Janeiro pode ser mais fácil do que em outras regiões devido à concentração de recursos. No Brasil, a região Sudeste apresenta taxa média de 52,7 procedimentos cirúrgicos oncológicos por 100 mil habitantes, enquanto a região Norte registra 18,5 procedimentos pela mesma base populacional, conforme informações de mercado.
A avaliação individualizada por um especialista é considerada o caminho mais adequado para determinar a melhor abordagem terapêutica, como destaca o Ministério da Saúde. Dessa forma, o método cirúrgico precisa se ajustar a cada situação específica, não o contrário.
Cirurgia robótica só serve para câncer de próstata
Mito. A prostatectomia radical é, além disso, apenas uma das aplicações. A tecnologia também pode ser aplicada a procedimentos como nefrectomias para remoção de tumores renais, cistectomias para retirada da bexiga e cirurgias reconstrutivas como a pieloplastia para corrigir obstruções no trato urinário.
Entre 2014 e 2023, o Sistema Único de Saúde realizou 1.464.328 cirurgias oncológicas no Brasil, segundo dados do DataSUS. O ano de 2023 registrou o maior volume, com 165.398 procedimentos. A taxa de mortalidade cirúrgica ficou em 1,69% no período. A região Sudeste concentra 42,8% dos procedimentos, enquanto o Norte responde por apenas 5,8%.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica estima, em suma, que apenas 25% dos pacientes oncológicos em todo o mundo tenham acesso a cirurgias seguras, oportunas e de alta qualidade.
Cirurgião precisa de certificação específica
Verdade. Para garantir bons resultados, os cirurgiões médicos precisam de treinamento especializado para usar a tecnologia. A complexidade dos equipamentos exige certificação.
Paralelamente à capacitação profissional, o país também avança na ampliação do acesso a tecnologias. O Ministério da Saúde lançou, em dezembro de 2024, o primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para câncer de mama, incorporando cinco novos procedimentos no SUS. Entre 2023 e 2024, o sistema público incorporou 67 novas tecnologias, sendo 16 voltadas exclusivamente para oncologia.
Cirurgia robótica é igual à laparoscopia convencional
Mito. Embora ambas sejam consideradas técnicas minimamente invasivas, que compartilham o mesmo princípio de causar o mínimo trauma possível aos tecidos saudáveis, a cirurgia robótica é considerada uma evolução tecnológica da laparoscopia.
A forma de visualizar é o principal diferencial: a laparoscopia trabalha com imagens bidimensionais, já o sistema robótico gera visão tridimensional em alta definição e amplia o campo cirúrgico em até 15 vezes. Os instrumentos articulam em 360 graus (movimento similar ao do punho humano) e filtram tremores involuntários das mãos, segundo informações de mercado.
A recuperação é até 50% mais rápida
Verdade. De acordo com as autoridades de saúde, pacientes retornam às atividades cotidianas em 10 a 14 dias, comparado a 21 a 28 dias na cirurgia aberta. As pequenas incisões diminuem traumas, sangramento e dor durante a recuperação. Por ser menos invasiva, a cirurgia permite que pacientes se levantem e se movimentem mais rapidamente, reduzindo o tempo de internação.
A necessidade de transfusão sanguínea cai, aproximadamente, 90%, segundo o Uroconsult. A incidência de complicações graves diminui 65%. A taxa de readmissão hospitalar é 40% menor que na cirurgia aberta. O uso de analgésicos no pós-operatório reduz de 50% a 70%.
Cirurgia robótica é mais arriscada
Mito. Os riscos associados à cirurgia robótica são, da mesma forma, comparáveis aos de outros tipos de cirurgia. Quando realizada por profissionais qualificados, os benefícios chegam a superar os riscos: menor perda de sangue, menor tempo de internação e recuperação mais rápida. Isso significa menos infecções, menos hérnias e menos complicações comuns de cirurgias mais invasivas.
A tecnologia está consolidada há mais de 20 anos
Verdade. A cirurgia robótica urológica é usada mundialmente, em suma, há mais de 20 anos.
Na urologia, já se tornou, além disso, padrão em procedimentos como a prostatectomia radical para tratamento do câncer de próstata, com eficácia comprovada por estudos científicos e milhares de cirurgias anuais.
Nos Estados Unidos, por exemplo, 95% das prostatectomias radicais são robóticas. Em 2003, apenas 13,6% das cirurgias de próstata usavam essa abordagem. A transformação aconteceu em duas décadas e consolidou o método como tratamento cirúrgico padrão do câncer de próstata em países desenvolvidos.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer estima, da mesma forma, 71 mil casos novos de câncer de próstata por ano no triênio 2023-2025. O tipo de tumor representa o segundo mais incidente no país, atrás apenas do câncer de mama feminina, com 73 mil casos anuais. A concentração de casos é maior nas regiões Sul e Sudeste, que somam, em conclusão, cerca de 70% da incidência nacional.
