Metalúrgicos de São Bernardo apontam um porém nas medidas de Lula

In ABCD, Canto do Joca, Sindical On
Damasceno, Lula, Selerges e Aroaldo na entrega do estudo ao presidente. Foto: SMABC

Joaquim Alessi

Lula ter medidas de seu terceiro governo questionadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é emblemático, e merece, em primeiro lugar, reflexão.

Não é a primeira vez que atuais líderes sindicais da entidade batem de frente com o líder histórico da categoria, mas hoje a história é outra.

Após o detalhamento do governo federal da Medida Provisória de estímulo à indústria automotiva, o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno, avaliou, acima de tudo, que a medida é bem-vinda.

Mas, como diria o saudoso Plínio Marcos, sempre tem um porém. E como tem.

“É um anúncio importante do governo para o setor e contempla parte das sugestões encaminhadas pelos Metalúrgicos do ABC ao presidente Lula. Entre elas ter maior benefício para as empresas que comprarem mais do setor de autopeças nacional, aquelas que oferecerem um produto mais acessível em termos de valor e que também leve em consideração os veículos menos poluentes”, afirmou Damasceno, em resumo.

Pontos preocupantes

Mas, porém, todavia, contudo, o dirigente sindical também analisa que há pontos críticos no anúncio.

“É muito grave um programa como esse, que conta com incentivos do governo, não ter a proteção ao emprego no setor automotivo, tanto nas montadoras quanto nas autopeças. A preservação ao emprego é importante e é o que esperamos de um governo eleito com foco nas demandas dos trabalhadores e trabalhadoras”, diz, por exemplo.

Wellington ressaltou que o Sindicato fez esse alerta na reunião de 25 de maio com o presidente Lula.

Além dele, estavam ministros e empresários para discutir o pacote de estímulo à indústria nacional.

“Reforçamos a importância de inclusão da proteção ao emprego. Nenhum representante empresarial se contrapôs à proposta, mesmo assim essa contrapartida social não foi anunciada”, contou.

Outro ponto preocupante é o fato de não ter sido anunciada uma linha de crédito popular.

“Essa seria uma parte importante do programa e está na proposta que apresentamos ao governo para permitir que trabalhadores e trabalhadoras tenham acesso à compra de um veículo zero. Na maioria dos casos, a compra só é possível com prazos mais longos e juros mais baratos de financiamento”, disse Damasceno.

Propostas do Sindicato

Em 3 de maio, o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, e os diretores Wellington Messias Damasceno e Aroaldo Oliveira da Silva entregaram ao presidente Lula o “Estudo Setorial Automotivo: caminhões, ônibus e automóveis”.

O material contém detalhamento do setor, diretrizes e propostas para reposicionamento da cadeia automotiva brasileira com geração de empregos.

O diretor dos Metalúrgicos do ABC também lembrou que o Sindicato tem denunciado a taxa básica de juros, a Selic.

Em um patamar elevado, 13,75%, mantido pelo Banco Central, ela influencia em todos os juros que os trabalhadores pagam.

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O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fizeram o anúncio da Medida Provisória no dia 5, já assinada no mesmo dia pelo presidente Lula.

Na Medida Provisória foi apresentado estímulo à indústria automotiva.

Com redução do preço dos automóveis e incentivo à renovação da frota de caminhões e ônibus com mais de 20 anos de uso.

Para carros com preços de mercado até R$ 120 mil, os descontos vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil (1,6% a 11,6%).

Para caminhões e ônibus, os descontos vão de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil, desde que o comprador apresente o veículo antigo que será retirado de circulação.

O total de créditos tributários será de R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 500 milhões para carros, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus e vans.

O programa será encerrado ao atingir esses valores.

O desconto nos automóveis variará conforme três critérios.

Social (quanto mais barato, maior o desconto), ambiental (com maior eficiência energética e menor emissão de poluentes) e densidade industrial (maior percentual de peças e componentes produzidos no Brasil, com mais empregos no País).

Já para caminhões e ônibus a ideia ainda é que os modelos a diesel passem a utilizar o Euro6, com menor emissão de poluentes que o Euro5.

O programa é, portanto, temporário, com duração de quatro meses.

O governo anunciou ainda que haverá a antecipação da reoneração de R$ 2 bilhões em tributos sobre o óleo diesel em duas etapas.

Uma em setembro deste ano e outra em janeiro de 2024.

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