Joaquim Alessi
Humilde, Marcus Llerena participou da cerimônia de reabertura do Parque Chácara Silvestre na manhã deste domingo (26.02), em São Bernardo.
Ao lado do prefeito Orlando Morando e demais autoridades, ele apenas falou do fato de ser bisneto de Wallace Simonsen, primeiro prefeito da cidade e ex-proprietário da chácara.
Mas, para quem não sabe, Marcus Llerena é um dos mais importantes músicos da história do Brasil.
O trabalho de Marcos Llerena com o violão é, acima de tudo, dos mais importantes e consistentes entre os violonistas brasileiros de qualquer época.
Sua trajetória é relatada, em primeiro lugar, no Acervo Digital do Violão Brasileiro.
Um pouco da história
Lá está registrado, portanto, um pouco de sua história.
Diz, por exemplo, artigo assinado por Gilson Antunes, que “o trabalho de Marcos Llerena com o violão é dos mais importantes e consistentes entre os violonistas brasileiros de qualquer época.”
Filho de Juan Clinton Llerena (carioca de origem peruana e mãe americana) e da paulista Beatriz Simonsen de Oliveira, Marcus iniciou os estudos de violão com Norberto Macedo em 1971 no Rio de Janeiro, na Casa Carlos Weirs, na Rua da Carioca, onde ficou por dois anos.
Em seguida conseguiu, além disso, bolsa para estudar na Indiana University, nos Estados Unidos.
Teve, por lá, aulas com Javier Calderón, boliviano que estudara com o Mestre Andrés Segovia.
Após estudar na Espanha, prestou o teste e entrou direto no quinto ano do Real Conservatório de Madrid, onde fez aulas com D. Aureo Herrera e com a filha dele, Roccio.
Na Espanha, da mesma forma, travou contato também com os luthiers Ramirez, Paulino Bernabé e Contreras.
Em 1977 voltou ao Brasil, e conquistou o primeiro lugar no Concurso Violão de Ouro, promovido pela Rede Globo.
Viajou em seguida, além disso, para uma turnê de enorme sucesso no norte e nordeste do País.
Na França, de 1979 a 1980, fez mestrado sob orientação de Oscar Cáceres.
Mas, teve de abandonar o curso após um ano e meio de estudos, retornando ao Brasil em seguida para tentar uma bolsa de estudos.
Com Segovia
Em 1982, participou de um masterclass com Andrés Segovia no Metropolitan Museum de Nova York.
Tocou o primeiro movimento da Sonatina Meridional, Campo, de Manuel Ponce.
Em seguida conseguiu a bolsa de estudos e finalizou mestrado na França, onde voltou a morar de 1983 a 1989.
Naquele país ensinou violão e música de câmara nos conservatórios de St. Leu d´Esserente e St. Maximin.
No Brasil foi convidado a dar aulas em importantes festivais, como o de Inverno de Campos do Jordão, o de Música de Cascavel e Festival o Vale do Café.
Além de participar, da mesma forma, do Seminário Nacional de Violão Souza Lima.
Prêmios
Marcus Llerena foi, além disso, premiado nos concursos de Madri (1976-1977): Sablé sur Sarthe (1983) e o Prêmio Presence de la Musique, pela Fundação Yehudi Menuhim, em 1988.
Já se apresentou, da mesma forma, como solista e camerista por todo o Brasil, destacando-se os recitais na Sala Cecília Meirelles e Centro Cultural Banco do Brasil (ambos no Rio de Janeiro), Teatro Municipal de São Paulo, Teatro da Paz (Belém), Teatro São Pedro (Rio Grande do Sul) e Teatro Guaíra (Curitiba).
Turnês
Desde 1991 vem se apresentando, em suma, com sucesso no exterior, recebendo críticas favoráveis de revistas como a Classical Guitar, da Inglaterra, que o apontou como “um dos melhores violonistas brasileiros”.
Já se apresentou, além disso, na América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia, em países como Estados Unidos, China, Áustria, Alemanha, Bélgica, Holanda, França e Espanha.
Como solista de orquestra, apresentou-se, da mesma forma, sob a regência de grandes maestros como Isaac Karabtchevsky, Ernst Mahle, Simon Blech, Léon Halegua, Julio Medaglia e Daniel Bortholossi.
Discos
Já gravou vários CDs, todos, acima de tudo, com repertório diferenciado.
O primeiro foi Musique de Chambre Bresiliene pour la Guitarre, com obras de Mahle, Villa-Lobos, Guerra-Peixe e da própria autoria.
No Brasil o CD recebeu o título Noturno Brasileiro.
Em 1993 gravou segundo disco, Premiére, lançado pelo selo independente Velas no ano seguinte.
O repertório desse CD consiste, por exemplo, de obras de Radamés Gnattali, Marlos Nobre, Marcelo Camargo Fernandes e Márcio Côrtes.
Em 2000 lançou Burgos de Mauá: Música da Eupora Renascentista, com obras de dezenas de compositores, entre eles Francesco da Milano, John Dowland, Luiz Milan e Gaspar Sanz.
Em dezembro de 2005 lançou Levanta Poeira, formado por 18 faixas, cada um autor diferente, abrangendo grandes cânones do choro, como Chiquinha Gonzaga, Zequinha de Abreu, Pixinguinha, K.Ximbinho, Luiz Americano e Jacob do Bandolim, junto com grandes compositores de violão, a exemplo de Armando Neves, Nicanor Teixeira e Garoto.
Com Rezenete Eberhadt
Nesse mesmo ano, além disso, participou do disco Feliz Natal, da harpista Cristina Braga.
No ano seguinte gravou Germânia com a cantora Rezenete Eberhadt, com repertório alemão, além de obras solo de Sor, Coste e Giuliani.
Com a mesma artista produziu outro CD, Tempo de Natal.
Em 2008, realizou novamente com Rosenete Eberhardt, uma série de 76 concertos por 19 estados brasileiros pelo projeto Sonora Brasil, do SESC, com repertório voltado para a obra de Heitor Villa-Lobos.
Nesse mesmo ano lançou Toque Solo, com obras de Roberto Velasco, Mauro Rocha, Márcio Côrtes, Ernst Mahle, Edino Krieger e Nelson Ângelo.
Em 2008 e 2010 gravou, respectivamente, os CDs Noite e Sonhos, e Serenata Brasileira – com repertório baseado no folclore brasileiro –, ambos com a cantora Rezenete Eberhardt.
Como produtor, Marcus Llerena contribuiu, além disso, com vários CDs de outros músicos, sendo o último um inédito com obras do político e compositor Arnolfo de Azevedo (1868-1942), que foi deputado federal e senador pelo Rio de Janeiro.
É, em conclusão, mais um dos projetos relevantes desse violonista único em todo o mundo.
Link:http://www.duoeberhardtllerena.com.br/
Discografia:
– Noturno Brasileiro (1991)
– Premiére (Velas, 1993)
– Alianças (1995-1998) com Cristina Braga (harpa)
– Ao Vivo em Ostrauderfëhn (1999) com Cláudio Menandro (cavaquinho, violão, gamba)
– Burgos de Mauá (2000)
– Levanta Poeira (2005)
– Tempo de Natal (2005) com Rosenete Eberhadt (canto)
– Germânia (2006) com Rosenete Eberhadt (canto)
– Toque Solo (2008)
– Noite e Sonhos (2008)
– Serenata Brasileira (2010)
– Canções, Serestas e Modinhas de Heitor Villa-Lobos (2011) com Resenete Eberhadt (canto)
– Variações (2014)