Joaquim Alessi
O vice-presidente institucional e administrativo da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Márcio Millan, afirmou no início da noite desta terça-feira (1º.11) que “mais de 70% dos supermercados já enfrentam desabastecimento” nas principais regiões do Brasil.
O problema dá-se em consequência dos bloqueios de rodovias em vários pontos do País.
“Nós mapeamos, principalmente, as regiões mais afetadas, como Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, norte do Paraná, São Paulo, Distrito Federal, entre outros, bem mais afetadas. Em média, nessas regiões, mais de 70% das lojas já estão com problema de abastecimento. E isso é explicável porque normalmente no final de semana temos os dois dias maiores de consumo, quando as famílias vão ao supermercado, e na segunda e terça o supermercado acaba fazendo a reposição dos produtos, e foi exatamente nesse momento que começaram as paralisações”, disse Milan.
Segundo o vice-presidente da Abras, o problema maior começa com frutas, verduras e legumes, porque o estoque desses produtos é de dois dias.
Além disso, na sequência aparecem, “açougue (carnes e aves), peixes, frios e laticínios, mercearia e panificação, padaria”.
Lojas menores
As lojas menores, observa, da mesma forma, “vêm apresentando mais problemas, porque têm capacidade menor de estocagem e basicamente abastecimento diário desses produtos”.
Milan destacou que são monitorados cerca de 200 pontos onde está havendo essas concentrações, mas disse à noite que em 50 pontos já havia acontecido a liberação das vias.
“Quando a gente olha o Sul, Sudeste, Centro-Oeste, grandes cidades, como São Paulo, Rio, BH, Blumenau e outras, algumas podem ficar desabastecidas nesses dois ou três dias”, disse, por exemplo.
Reflexo mais adiante
A preocupação maior é com o futuro, advertiu, além disso, Márcio Milan.
“O verdadeiro reflexo vai acontecer um pouco mais adiante, porque grande parte dos supermercados já estava pré-abastecida, e em nenhum momento se trabalhou com essa possibilidade de movimentação que pudesse atrapalhar o abastecimento”.
Depois, da mesma forma, lamentou: “Mesmo onde está normalizado vai piorar, porque tudo o que está acontecendo vai ter reflexo no futuro”.
Ceasas
Outro ponto destacado é o de que as lojas que se abastecem dos Ceasas são a maior preocupação.
“Os Ceasas não estão recebendo produtos, e as lojas não conseguiram abastecer nem ontem e nem hoje (segunda e terça).
Além disso, a pesquisa mostriu que o movimento dos consumidores intensificou no período da tarde desta terça como um todo.
O que é explicável pelo fato de o consumidor ficar temeroso com a possibilidade de o movimento prejudicar ainda mais o abastecimento.
Tudo isso, em conclusão, leva à preocupação com o que vai acontecer com esses produtos que eventualmente vão se estragar ao longo da cadeia.
“Se de um lado a gente tem uma certa insegurança alimentar, do outro lado também existe a possibilidade de produtos se perderem ao longo da cadeira e isso vai gerar desperdício”, afirmou, em conclusão.
Nesta quarta-feira, a Abras deve atualizar o balanço do setor.