Cara, havia anos que não nos falávamos, não por desavença ou coisa do tipo.
Nem amigos no Facebook nos tornamos, também nem imagino o motivo.
Mas fomos e somos amigos de verdade. Há muitos e muitos anos.
Desde 1976 no curso de Jornalismo. Desde 1978 nas Redações.
Um dos mais competentes Jornalistas (com Caixa Alta mesmo, letra maiúscula) que conheci.
E, para falar da nossa velha amizade é que trago à tona uma saborosa história dos bons tempos de jornal de verdade.
Vivíamos o começo de 1979. Você, repórter de Esportes no velho e bom Diário Popular, o nosso Dipo. Eu, repórter-estagiário de Esportes do POP (Popular da Tarde).
Dois jornais do mesmo grupo, com redações separadas apenas pelo “túnel do tempo” da Major Quedinho, apelido que viera desde os tempos de Estadão e Jornal da Tarde.
Em um sábado cedo, fomos recepcionar os calouros de Jornalismo da Fiam.
Festança, e você, Sugimoto, sugeriu que disputássemos com os calouros quem bebia mais cachaça.
Vencemos, nós dois, e você foi ainda além, sendo o grande vitorioso.
Bebíamos demais mesmo (é bom destacar que não se trata de um belo exemplo, mas…).
À tarde tínhamos trabalho. Um jogo do seu Corinthians no Pacaembu, e para o velho Paulo Machado de Carvalho fomos nós.
A Tribuna de Imprensa tinha cadeiras com apoio para escrever, como nas salas de aula.
Pacaembu lotado, o jogo rolando solto, o Corinthians fazia gols, a torcida soltava rojões (naquela época podia), um barulho infernal, e você dormia sobre o apoio para escrever.
Não viu um minuto da “porfia”, como falavam os antigos.
Acabou a partida, conseguimos levá-lo de volta ao jornal, mas como seria possível escrever algo sobre um jogo que não assistira?
Corri para a Redação do POP e redigi minha reportagem o mais rápido que pude. Entreguei ao ótimo Sérgio Carvalho para editar.
Disfarcei, atravessei o “túnel do tempo”, surrupiei algumas laudas do Dipo (era diferentes, tinham logo), voltei e escrevi a “tua” reportagem.
Com termos diferentes, até algumas colocações opostas das que eu tinha colocado na minha matéria, para não dar bandeira.
Texto pronto, fui até a mesa de Milton Galdão, temido editor de Esportes do Dipo, e disse: “Seo Galdão, o Luiz escreveu a matéria dele, do jogo, mas não estava passando bem e pediu para eu entregar ao senhor”.
Ele agradeceu, perguntou como ele estava, e continuou a trabalhar.
Eu voltei para a minha mesa, do outro lado do “túnel”, feliz da vida com o sucesso da empreitada.
Só não posso estar feliz da vida hoje, cara, com a tua partida tão precoce.
Mas, um dia amigo, a gente vai se encontrar, como canta o outro Milton.
Um beijo, Sugi! Valeu!