Justiça abre caminho para o FGTS financiar fertilização in vitro e pode transformar o setor no Brasil

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Dr. Edward Carrilho, especialista em reprodução assistida na Fertilidade, unidade do FertGroup/Divulgação

Com tratamentos que custam até R$ 40 mil por ciclo e 12 milhões de brasileiros sofrem prejuízos para engravidar anualmente, decisão judicial pode democratizar o acesso à reprodução assistida no país

Em decisão iniciada, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) autorizou o saque do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para tratamento de fertilização in vitro.

A medida pode representar um marco para o acesso aos tratamentos de reprodução assistida no País.

Afinal, no Brasil cerca de 12 milhões de mulheres enfrentam dificuldades para engravidar anualmente.

O caso envolve uma trabalhadora de 38 anos que comprovou ter infertilidade primária e baixa reserva ovariana.

Para os magistrados, o uso do FGTS nesse contexto assegura direitos fundamentais, como dignidade humana, vida e saúde.

Para Elton Fernandes, advogado responsável pelo caso, essa decisão se alinha a um entendimento que vem sendo construído nos tribunais brasileiros nos últimos anos de que as hipóteses de saque do FGTS previstas na lei são exemplificativas e não exaustivas.

Apesar do precedente, contudo, os especialistas alertam que a liberação não será automática para todos os casos.

É necessário um relatório médico que confirme a necessidade do tratamento por razões de saúde.

Este entendimento não se aplicaria, por exemplo, a casais homoafetivos que buscam a fertilização in vitro como única opção para ter filhos biológicos, apenas por questões anatômicas.

A Caixa Econômica Federal, que administra o FGTS, contestou a decisão alegando que o caso não se enquadrava nas hipóteses previstas na lei.

Destacou ainda que sua aprovação poderia abrir precedentes para “inúmeros outros casos semelhantes”.

O pedido foi negado pelo tribunal e o banco informou que não comenta ações judiciais em andamento.

Mercado em expansão acelerada

A decisão chega em um momento de forte crescimento do setor de medicina reprodutiva no Brasil.

Segundo estudo da Redirection International, o mercado deve crescer cerca de 23% ao ano até 2026.

Ele já movimentou mais de R$ 3 bilhões em 2024 – um salto significativo em relação ao R$ 1,3 bilhão registrado em 2023.

“O Brasil realiza aproximadamente um ciclo de fertilização a cada 4,6 mil habitantes, enquanto nos EUA este número é de aproximadamente um ciclo a cada 1,2 mil habitantes, ou seja, cerca de quatro vezes mais”, afirma o Dr. Edward Carrilho, especialista em reprodução assistida na Fertilidade, unidade do FertGroup.

O alto custo dos tratamentos, que varia entre R$ 25 mil e R$ 40 mil por ciclo, é apontado como o principal obstáculo para a expansão do setor.

A possibilidade de utilizar recursos do FGTS pode, portanto, representar uma alternativa relevante de financiamento.

Ainda assim, o crescimento do mercado de reprodução assistida é impulsionado por transformações sociais profundas.

“Observamos uma mudança significativa no perfil das mulheres que buscam esses tratamentos. Em 2000, apenas 24% optavam por ter filhos após os 30 anos. Hoje, esse número chegou a 50%, reflexo de uma sociedade que prioriza o desenvolvimento profissional”, explica o especialista.

Além da postergação da maternidade, o aumento da demanda por parte de mulheres que optam pela maternidade solo e de casais homoafetivos também contribui para a expansão do setor.

Um precedente em construção

A decisão da justiça brasileira se insere em um movimento histórico de flexibilização das regras para saque do FGTS.

O fundo surgiu em 1966 com possibilidade de saque em apenas dois benefícios: desligamento do emprego ou financiamento habitacional.

A partir dos anos 2000, as condições foram sendo ampliadas.

Atualmente, a Caixa mantém uma lista de doenças graves que permitem o saque, incluindo AIDS, câncer, cardiopatias graves e outras condições.

A infertilidade não consta nessa relação, mas a decisão do TRF-3 pode estabelecer um precedente para casos semelhantes.

A decisão pode representar um avanço na democratização dos tratamentos, mas também levanta questões sobre os limites e critérios para a liberação do benefício.

O caso provavelmente chegará aos tribunais superiores, onde uma decisão definitiva poderá consolidar – ou reverter – este entendimento.

Consolidação e investimentos no setor

O mercado brasileiro de reprodução assistiu a um momento de consolidação, com entrada de investimentos expressivos e surgimento de grupos especializados.

O FertGroup, por exemplo, conta com o apoio da XP Private Equity para suas estratégias de expansão.

“Este é um segmento que cresce exponencialmente em todo o mundo. Especificamente no Brasil, as atuais tendências sociais e demográficas, com taxas de gravidez tardia aumentando e as novas composições familiares, levam a um forte aquecimento do setor de reprodução assistida”, sintetiza o médico.

O Brasil concentra 40% dos centros de reprodução assistida da América Latina, segundo dados da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA).

Contabilizou, além disso, um total de 97.312 embriões congelados em 2022, de acordo com a Anvisa.

Com aproximadamente 200 clínicas especializadas realizando 60 mil tratamentos por ano, o setor ainda tem potencial de crescimento significativo para se equiparar a mercados mais maduros como EUA e Espanha.

A decisão judicial sobre o FGTS pode ser um passo importante nessa direção.


Sobre o FERTGROUP

O FERTGROUP nasceu em 2023 como resultado de uma iniciativa de investimento e expansão promovida pelo Fundo de Private Equity da XP.

Maior e mais inovador grupo especializado em reprodução humana do Brasil, atualmente está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Distrito Federal e Bahia por meio das marcas Fertility, Vida Bem Vinda, Gerar Vida, Primordia, Vida, Geare, FertVida, Verhum e Gestare.

Tendo como pilares o estabelecimento da confiança médica, excelência técnica e atendimento humanizado em todos os serviços, o FERTGROUP investe seus esforços no desenvolvimento de alternativas que trazem para a democratização do acesso à saúde reprodutiva através da expansão contínua de sua presença geográfica e de novos modelos de financiamento, bem como na geração de informações para a sociedade em geral, comunidade médica e empresas.

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