Joaquim Alessi
Imagina um trabalhador estar em cada, em um sábado, e receber telegrama – isso mesmo, telegrama – da empresa comunicando sua demissão.
Pois foi exatamente essa a sensação que tiveram metalúrgicos da General Motors do Brasil neste sábado (21.10).
O facão da multinacional atingiu em cheio trabalhadores das plantas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes.
Claro que, em primeiro lugar, todos os desligados foram surpreendidos com essa demissão injustificável e desumana por telegrama.
A montadora não teve a dignidade de informar, por exemplo, o número de trabalhadores afetados pela medida.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, convocou assembleia para este domingo, às 10h, na sede do sindicato.
”A empresa agiu desta forma, mandando telegrama no sábado, para dificultar nossa reação imediata”, protestou Cidão.
O líder sindical explicou, além disso, que o modus operandi da GM visou até atrapalhar o início de uma possível greve.
”A lei impõe prazos para uma tomada de decisão como a greve, por exemplo, e eles premeditaran tudo isso”, declarou Cidão.
Em nota, a montadora explicou apenas que os cortes são motivados por “queda nas vendas e nas exportações”.
Da mesma forma, afirma compreender “o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas que a adequação é necessária”.
Surpresa total
A medida, e não podia ser diferente, pegou trabalhadores e os sindicatos de surpresa.
Segundo o portal G1, o Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos e de São Caetano revelaram que não houve negociação sobre os cortes.
Em Mogi, a montadora chegou a oferecer um Plano de Demissão Voluntária há dois meses, mas a proposta não foi aprovada pela categoria.
Desde 3 de julho, por exemplo, cerca de 1,2 mil trabalhadores da fábrica de São José dos Campos estão em layoff – suspensão temporária dos contratos.
O prazo de duração do layoff pode chegar a 10 meses e depende de avaliação da empresa.
Em nota, o sindicato de São José dos Campos exigiu o cancelamento das demissões e a reintegração dos trabalhadores.
Ação arbitrária
E afirmou que tem acordo por estabilidade que foi “descumprido nessa ação arbitrária da empresa”.
A GM em São José dos Campos tem cerca de 4 mil trabalhadores e produz os veículos S10 e Trailblazer.
Em São Caetano, onde são fabricados os modelos Spin, Tracker e Montana, são, além disso, mais de 7 mil trabalhadores.
A unidade de Mogi das Cruzes conta, em conclusão, com cerca de 500 trabalhadores e produz peças de montagem para a S10.
Nota oficial da GM
Leia a nota da GM na íntegra:
“A queda nas vendas e nas exportações levaram a General Motors a adequar seu quadro de empregados nas fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes. Esta medida foi tomada após várias tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica como, lay off, férias coletivas, days off e proposta de um programa de desligamento voluntário. Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro”.
Reportagem atualizada às 17h35.