Joaquim Alessi
Em O Credo rezamos que Jesus Cristo está “sentado à direita do Pai, Deus todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos”…
Claro que, como em todas as manifestações, bíblicas ou não, há sempre inúmeras interpretações, a depender do ângulo pelo qual se olha.
No mundo polarizado, então, as percepções são ainda mais exacerbadas.
“Ideologia, eu quero uma pra viver”, cantou Mestre Cazuza, com sabedoria. Mas, a ideologia também leva a um coração partido, siglas à parte.
Politizar de forma minúscula a importância de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, que nos deixa aos 88 anos, representa não entender nada de seu pontificado.
Propositalmente, o título a colocá-lo “à esquerda de Deus Pai” nada tem a ver com ideologia ou o minúsculo partidarismo político.
Só tem o objetivo de lamentar a pequenez daqueles que insistiram em atacá-lo por sua postura simples, humilde, defensora dos menos favorecidos.
Várias de suas manifestações demonstraram claramente que Francisco foi e continua ser um humanista. Simples assim.
E isso, nenhum ideólogo de plantão, cego pela “paixão”, consegue compreender.
Frases necessárias
De todas as suas frases mais comentadas, talvez esta seja bastante lembrada nesse momento: “Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”.
Francisco disse isso, em primeiro lugar, no voo que o levou do Rio para Roma, após viagem ao Brasil.
Um escândalo para os moralistas de plantão, conservadores sem razão.
Mas, outra mais atual, é emblemática, a respeito de Trump: “Quem pensa em construir muros e não em construir pontes não é cristão.”
Tem muito mais, e cabem em um verdadeiro livro de ensinamentos.
Independente da religião, da concepção político-ideológica, do partidarismo cego e irresponsável, e até mesmo para os materialistas, Francisco já faz falta.
Por sua independência, coragem e determinação.
Prevê-se dias sombrios para o futuro da Igreja Católica sem Bergoglio, mas até isso é imprevisível no momento.
Com certeza, porém, sabe-se que nenhum sucessor sentará à direita de Deus Pai. Afinal, o lugar já é de Jesus Cristo.
E Francisco conquista nesse instante a posição à esquerda. Não ideológica, repito, mas pela importância histórica de seu Papado.
Simples assim!