Texto: Bruno Castro
A Ford anunciou na segunda-feira (11.01) o fechamento de suas fábricas no Brasil.
A montadora foi a primeira indústria automobilística a se instalar no país, em 1919. Ao longo do tempo transformou-se numa das quatro maiores montadoras do Brasil. A gigante da automobilística já vinha fechando unidades, como aconteceu em 2019, quando encerrou as atividades em São Bernardo do Campo.
O encerramento das operações nas plantas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e da Troller (em Horizonte, CE) deixa aproximadamente 5000 trabalhadores desempregados. O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté vem negociando junto a empresa medidas que ajudem a enfrentar os impactos sociais do anúncio.
Em comunicado em sua página oficial, a montadora afirma que a Covid-19 ampliou os desafios do negócio, com persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas na América do Sul. A empresa ainda afirma que continuará prestando assistência total aos consumidores, com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia.
Para o administrador Bruno Castro, a saída da companhia mostra a falta de um projeto nacional de desenvolvimento, e o encerramento das atividades acelera desindustrialização no país.
“A covid-19 está causando forte impacto em praticamente todos os setores. Porém, a indústria automobilística vem enfrentando uma década dinâmica e potencialmente disruptiva há tempos, principalmente com a pressão tecnológicavindo da China. Além disso, novos competidores estão embarcando no negócio, e a cadeia de valor automotiva tradicional vem sofrendo fortes ameaças (BCG). As empresas que dinamizarem as operações, desenvolverem novas competências e formarem parcerias inteligentes, como a Fiat-Chrysler e a Peugeot, terão uma vantagem competitiva”, disse Bruno Castro.
A Ford não é a primeira a deixar o Brasil. Em dezembro, a Mercedes-Benz também fechou sua fábrica no país em Iracemápolis (SP), que produzia principalmente o modelo Classe C e o GLA.
O movimento de fechamento dessas montadoras gera aflição na cidade de São Caetano do Sul. A cidade abriga a planta da General Motors, empresa responsável pela maior parte de arrecadação de receita do município.
Quando o perguntado sobre a GM na cidade, Castro foi enfático ao dizer: “A saída da GM em São Caetano pode ser questão de tempo”.
“A cidade tem dependência excessiva do setor automobilístico e o setor de energia. Não nos parece seguro continuar apenas em duas matrizes econômicas que, de certa forma, indicam prazo relativamente curto de sobrevida. O município precisa ampliar a diretriz do crescimento econômico focando especialmente em setores de alto valor agregado e uso intensivo de mão-de-obra especializada. A cidade precisa rapidamente elaborar um plano estratégico de ação, caso contrário, sofrerá os impactos do desemprego e a queda de receita, prejudicando assim, os serviços públicos”, concluiu o administrador.