Um estudo realizado por pesquisadores do Centro Universitário FMABC, em Santo André, mostrou que algumas alterações genéticas podem impactar a fertilidade de mulheres que fazem tratamento de reprodução assistida, especificamente pacientes com endometriose, doença ginecológica que afeta mais de 6 milhões de brasileiras, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O trabalho, conduzido pela estudante de Medicina Flávia Altheman Loureiro, sob orientação da professora Bianca Bianco, calculou os efeitos provocados por alterações nos genes FSHR e FSHB no perfil hormonal e nos resultados reprodutivos de um grupo de 213 mulheres com endometriose. Os resultados foram publicados no final de 2021 pela prestigiada revista científica “Frontiers in Endocrinology”.
“Cerca de 40% dos casais abandonam os tratamentos de fertilização in vitro após um único ciclo, e a variabilidade genética individual pode afetar os resultados. Estudar e conhecer o impacto de variantes genéticas na estimulação ovariana pode permitir que adaptemos a terapia com base no genoma de cada paciente, de forma a se obter resultados positivos do tratamento já após o primeiro ciclo”, conta a pesquisadora.
“As variantes FSHR e FSHB eram previamente associadas com variabilidade de níveis hormonais e com resultados reprodutivos, mas a relação com a endometriose não havia sido esclarecida”, complementa a estudante. “Por isso, é essencial conhecer o genoma da nossa população e estudar o impacto dessas e outras variantes, de forma a possibilitar o desenvolvimento de novos diagnósticos, tratamentos e medicamentos”, conclui.
O trabalho é resultado dos esforços do grupo de professores e pesquisadores da disciplina de Saúde Sexual, Reprodutiva e Genética do Centro Universitário FMABC, responsável por diversos estudos na linha de pesquisa das alterações genômicas e sua influência na fertilidade.
Bianca Bianco é uma das discentes da disciplina, junto aos professores Caio Parente Barbosa e Denise Christofolini. Orientadora do estudo, ela diz que o trabalho mostra os esforços e a importância da pesquisa para a ciência.
“Estes resultados são fruto do investimento constante na formação de alunos desde a graduação, e da dedicação da Pós-Graduação no aprimoramento e desenvolvimento de pesquisa científica de qualidade e de nível internacional”, explica.
Também colaboraram no estudo Carla Peluso, professora auxiliar da disciplina de Genética; Camila Martins Trevisan, egressa do Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da FMABC; Erik Montagna, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da FMABC; e Antonio Simone Laganá, da University of Insubria, em Varese, na Itália.