A pandemia mudou a rotina das crianças. Se por um lado, o cuidado com a saúde chegou, por outro as crianças perderam o costume de estudar como antes.
Quem diria que manter uma criança sentada e atenta o tempo suficiente para conseguir assistir uma vídeo aula era algo tão difícil?
No entanto, ao longo desse ano, essa foi uma das grandes dificuldades enfrentadas por muitos pais, que não conseguem segurar a atenção dos seus filhos durante o período de estudos em casa.
Em um ano tão atípico, certamente a educação foi um dos setores da vida que mais foram impactados pela pandemia.
Rotina mudou
Com o isolamento social, a rotina de muitas famílias, portanto, mudou.
Além do home office, que permite às pessoas trabalharem de casa, o “novo cotidiano” inclui dar assistência aos filhos durante as aulas on-line, recolher atividades espalhadas pelo chão, dar banho, alimentar, conversar com professores, pedagogos, tirar manchas de hidrocor da parede, corrigir exercícios.
O resultado disso é que tantas atividades já estão enlouquecendo muitos pais. E agora, qual é a melhor solução para isso?
Segundo o pós-doutor em educação eletrônica, Dr. Italu Colares, “é tanta coisa que mal sobra tempo para respirar! Com toda essa correria, tem sido difícil perceber se o período de aprendizagem está mesmo valendo a pena. Mas para que esse novo formato de aulas dê certo, é necessário fazer alguns ajustes”.
Neste sentido, Dr. Italu conta que “não existe nenhuma metodologia eficaz para a maioria das escolas brasileiras para lidar de maneira efetiva com a pandemia. Todo o programa de curso dessas escolas está na modalidade presencial e uma mudança drástica para o ensino remoto não resolve o problema. Isso não é ensino EAD. Isso é apenas uma máscara. Isso não resolverá os problemas, porém irá agravá-los”.
Um detalhe preocupante, alerta o especialista, é que “entenda-se que as plataformas disponíveis no mercado foram projetadas para adultos. Essas plataformas visam a andragogia (educação de adultos) e não a pedagogia (educação de crianças). Isso pôde-se incluir nas crianças portadoras de necessidades especiais. Existem interfaces para auxiliar a educação das crianças de uma maneira geral. Entretanto, o Brasil, por meio de sua posição discriminatória não investiu na educação a distância como deveria ter feito. A educação a distância daqui não evoluiu e foi anexada às escolas como um artigo de luxo aderida ao sistema universitário do século XVI”, detalha.
E o que fazer?
Diante disso, o educador acredita que “a melhor saída seria o cancelamento do ano letivo pelo período de duração da pandemia. Não estou dizendo que a escola tem que ficar de braços cruzados, porém, devem ser pensadas atitudes efetivas e não aquelas que envolvem apenas a preocupação de segurar os pais na hora de pagar as mensalidades”.
Além disso, Dr. Italu é taxativo: “Não diria que as crianças estão preguiçosas. Diria que elas não possuem estímulo para prosseguir o ano como está. O mais importante é uma retirada estratégica para trabalhar a metodologia e escolher as melhores interfaces para que assim possa ser ofertada uma educação EAD de qualidade que possa otimizar o aprendizado dessas crianças que ocorre por meio dos sentidos e a internet já possibilita a aprendizagem pela maior parte dos sentidos de uma criança”.
Mas enquanto isso, fica, em conclusão, o conselho de quem entende do assunto: “Enquanto a preocupação das escolas for criar uma justificativa para continuar recebendo as mensalidades isso não irá mudar”, completa Dr. Italu Colares.