A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo contratou, em 2019, o PISA para Escolas, uma avaliação educacional digital, composta por mais de 140 itens – 47 de Leitura, 40 de Matemática e 54 de Ciências – com o objetivo de auxiliar a escola a identificar as habilidades adquiridas pelos alunos de 15 anos para o desenvolvimento do pensamento crítico. A adesão ao programa acontece em um momento de importantes mudanças na forma de aprender dos estudantes de São Paulo, com a promoção de políticas que visam dinamizar a formação dos estudantes e tornar a escola mais conectada com a realidade de cada um. O exame do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em português), é uma dessas ações, já que avalia componentes fundamentais para o vestibular e que estão na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e habilidades socioemocionais, como resolução de problemas, pensamento crítico e gerenciamento de tempo.
Escola estadual da Zona Leste de São Paulo é destaque no seminário PISA para Escolas em Paris
E.E. Barro Branco II apresentou maior ganho de proficiência em matemática no período pré e pós-pandemia
O professor Daniel Alves, da Escola Estadual Barro Branco II, localizada na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, participa nesta quinta-feira (19), do Seminário PISA para Escolas, que acontece em Paris, na França. O evento, organizado pela Fundação Cesgranrio e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tem o objetivo de produzir resultados individuais das escolas, para embasar políticas públicas locais.
Com 1.920 alunos, a escola foi a que apresentou maior ganho de proficiência em matemática no período pré e pós-pandemia, entre 2019 e 2021, em um universo de 300 escolas. É a única instituição de ensino pública brasileira no evento, que acontece entre os dias 17 e 21 de janeiro e abriga workshops de trocas de experiências com escolas de diversos países.
O desempenho da escola da zona leste de São Paulo chamou a atenção da instituição responsável pelo PISA, a Cesgranrio, que indicou a unidade para compartilhar a sua prática com as demais participantes. No contexto da pandemia da Covid-19, os professores da E.E. Barro Branco II haviam começado com algumas atividades nas redes sociais. Então o diretor da escola, coordenadores e professores decidiram utilizar o Google Classroom, sistema de gerenciamento de conteúdo para escolas que procuram simplificar a criação, a distribuição e a avaliação de trabalhos. Neste momento os estudantes receberam e-mails institucionais para acessar suas aulas e lições. O governo estadual ofereceu internet móvel gratuita para os professores e estudantes e aulas em TV pública pelo Centro de Mídias de São Paulo. O material era também impresso e os pais podiam pegá-lo nas escolas.
“Nós tínhamos um problema a solucionar. Ajudar estudantes a desenvolver habilidades em matemática. Eles estavam em casa, muitos deles enfrentando um tempo difícil sem comida, eletricidade em suas casas, desemprego e morte. Percebemos que esse contexto gerou problemas psicológicos”, lembra Elaine Hernandes, Diretoria de Ensino da Regional Leste 3.
As aulas de matemática foram desenvolvidas pelo professor Frederico Kablan, dono do Canal do Kablan, que conta com 82 mil pessoas inscritas no Youtube. Seu principal objetivo é empoderar os estudantes para fazer seu melhor a fim de entrar em cursos tecnológicos, universidades e serviços públicos. Kablan mora próximo à escola, ensina pelo exemplo e resolve as avaliações públicas com os estudantes. Então, neste canal, abre as avaliações e explica como resolver questão por questão.
Barros Branco é uma escola grande, composta por 57 classes – 20 no período da manhã, 20 no período da tarde e 17 à noite – e localizada em uma comunidade vulnerável localizada a 30 quilômetros do centro da cidade de São Paulo. “Utilizamos a internet como meio para resolver o abismo social e dar esse salto em qualidade de 2019 a 2021”, destaca Elaine.